Os óleos essenciais acompanham-nos há milénios. As civilizações mais antigas foram as primeiras a usufruir das suas infinitas propriedades. Os gregos e os romanos utilizavam-nos na elaboração de banhos perfumados e na preparação de unguentos e óleos para massagens; os egípcios embalsamavam os corpos utilizando misturas de óleo de cedro, incenso e mirra. São vários os documentos históricos indianos e chineses a relatar o uso de compostos aromáticos devido às suas ações benéficas na saúde humana.
No começo do século XX, um químico francês de nome René Maurice Gattefossé descobriu os benefícios do óleo de lavanda ao aplicá-lo como último recurso numa queimadura infetada que tinha na mão. Impressionado pelas características antisséticas e cicatrizantes deste óleo, dedicou o resto da sua vida ao estudo das ações medicinais dos óleos essenciais, tendo sido ele a estabelecer as bases da aromaterapia moderna.
O termo aromaterapia provém do grego aroma que significa odor, e terapia, sinónimo de tratamento e cura. A aromaterapia é um método de tratamento alternativo baseado em fragrâncias que favorecem a saúde física, psicológica e emocional.
Não se trata de perfumes de síntese, mas de óleos 100 por cento naturais. Apesar de todas as plantas conterem óleos, apenas cerca de 3000 contêm os óleos essenciais, também chamados “óleos aromáticos” ou “óleos voláteis”.
São substâncias orgânicas, puras, voláteis e extremamente potentes que constituem a principal componente de uma planta e de onde se extraem as substâncias com ação terapêutica. Podem encontrar-se nas várias partes das plantas (folhas, flores, casca, ramos, frutos, rizomas) e são formados por várias substâncias químicas – como álcoois, aldeídos, ésteres, fenóis, hidrocarbonetos, etc.
Estes óleos encontram-se geralmente em células próprias, glândulas, pequenos canais das plantas, e são produzidos com vários objetivos: como feromonas para atrair certos insetos ou, ao contrário, para os repelir, como meio de proteção contra doenças específicas. A quantidade de óleo essencial contido nas plantas é, assim, muito variável.
A sua composição é determinada pela planta que os produz e pela região da planta em que está armazenado, podendo ser alterado devido a vários fatores como a fase do ciclo de vida da espécie, métodos de colheita da planta e extração dos óleos, condições ambientais (temperatura, vento, tempo de exposição à radiação solar e humidade relativa do ar), por exemplo.
Os óleos essenciais produzidos por cada espécie são únicos, ou seja, nenhuma planta produz óleos idênticos aos de outra, sendo a única semelhança o facto de não conterem gorduras, proteínas, açúcares, vitaminas ou minerais.
Existem centenas de óleos essenciais, cada um com sua função específica, seja física ou emocional. Estes podem ser usados quer isoladamente, quer misturados e os seus efeitos apreciados de formas diversas.
As várias aplicações dos óleos essenciais
Os aromas desempenham um papel importante nas nossas vidas. Todos temos aromas preferidos, e o sentir de um deles pode provocar-nos as mais diversas sensações (agradáveis ou não), ou trazer-nos recordações. Aliás, o olfato parece ser um dos nossos sentidos mais apurados
Os óleos essenciais são aplicados principalmente por via externa, sob a forma de massagens, banhos aromáticos ou por inalação. Os efeitos no organismo são possíveis graças a sua lipossolubilidade, que permite a entrada na corrente sanguínea por via transcutânea.
A massagem talvez seja a forma mais popular. Permite uma absorção do óleo essencial ao nível dos poros e estimula a corrente sanguínea. Neste método os óleos essenciais são diluídos num óleo vegetal, também conhecido por óleo transportador (óleo de amêndoas doces, de abacate, de semente de uva, de avelã, de rosa mosqueta, de jojoba, por ex.).
Nunca se deve aplicar o óleo essencial puro sobre a pele – usar, no máximo, 10 gotas de óleo essencial por cada 100 ml de óleo de base. A massagem é aconselhada no alívio da tensão muscular e na eliminação de toxinas.
Quem não experimentou já os efeitos relaxantes de um banho de imersão ao qual se juntaram algumas gotas de óleos essenciais? Neste caso a absorção é feita tanto através da pele como por inalação.
Apenas algumas gotas dos óleos no banho ajudam a aliviar as tensões do dia-a-dia. São particularmente eficazes em casos de lesões e dores musculares, irritações da pele, problemas circulatórios e insónias.
O olfato parece ser um dos nossos sentidos mais apurados e está na base de muitas ações recebidas pelo organismo.
A inalação dos óleos essenciais puros ou em vapores é eficaz no tratamento da tensão nervosa, dores de cabeça e para suavizar e acalmar a garganta e vias respiratórias. Adicionar, num recipiente, 2 a 3 gotas de óleo essencial a água fervente, e respirar os vapores libertados durante 5 a 10 minutos.
Difusão – além de conferirem um aroma agradável aos espaços habitacionais e de trabalho, os óleos essenciais também possuem propriedades antisséticas, antivirais e antibacterianas, e são utilizados como purificadores e desodorizantes do ar – neste caso, empregar 7 gotas por cada 500 ml de água.
Os óleos essenciais ainda podem ser usados para gargarejos e bochechos. Para tal basta adicionar 3 a 4 gotas de óleo essencial a um copo de água fervida e gargarejar – ajuda no tratamento de inflamações da garganta e orofaringe, úlceras na cavidade bucal e dores de dentes.
A aplicação direta apenas acontece em situações muito particulares, como por exemplo, picadas de insetos, feridas ou acne. Em casos muito especiais, e sempre com indicação e acompanhamento médico, os óleos essenciais também podem ser ingeridos.
Cada vez mais as pessoas utilizam os óleos essenciais para promover o bem-estar, a saúde e uma melhor qualidade de vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que 80 por cento da população mundial utilize plantas aromáticas e medicinais (PAM) em cuidados básicos de saúde.
Por essa razão é imperativo respeitar algumas precauções elementares no uso dos óleos essenciais como:
Evitar o contacto com os olhos; verificar a existência de reações alérgicas; evitar a exposição solar (sobretudo com óleos derivados de citrinos), depois de aplicar um óleo essencial; usar sempre de forma temporária e em pequenas quantidades, respeitando as indicações de utilização de cada óleo específico (via interna, via externa, inalação, puro ou diluído); não usar durante a gravidez nem durante o aleitamento; manter fora do alcance das crianças; não aplicar em crianças com menos de 5 anos e naquelas entre os 6 e os 12 anos usar metade da dose do adulto.
Além dos benefícios físicos e emocionais, os óleos essenciais também possuem aplicações medicinais excecionais. Para poder desfrutar de todas elas é fundamental fazer-se uma seleção de excelente qualidade e procedência, que contenha todas as propriedades terapêuticas.
Fique a conhecer alguns dos óleos essenciais mais usados e as suas potencialidades.
Os óleos essenciais mais usados
Lavanda
Para além de possuir um aroma maravilhoso, a lavanda é o óleo essencial mais versátil, o mais utilizado na aromaterapia, e um dos poucos que pode ser diretamente aplicado na pele, sem qualquer tipo de diluição. É o número um no combate ao stress, ansiedade e tensões nervosas, e excelente para a pele, na queda capilar e no tratamento da insónia. Mas as suas qualidades não ficam por aqui.
Também é antidepressivo, antissético, anti-inflamatório, antiviral, fungicida, sedativo, e eficaz na sinusite, na gripe, tensão alta, no reumatismo e dores em geral, e ainda em problemas digestivos, como flatulência, cólicas, náuseas e vómitos.
Tea Tree
De nome científico Melaleuca alternifólia, este óleo essencial é um dos maiores sucessos da aromaterapia, atualmente muito usado numa vasta gama de produtos cosméticos e dentários.
Trata-se de um bom tónico cardíaco, estimula a circulação e reduz as varizes. É potenciador do sistema imunitário e ajuda a combater as infeções. Muito bom na acne, herpes, psoríase, frieiras, furúnculos, queimaduras, cortes, picadas, mau cheiro dos pés, calos, pé de atleta, verrugas e infeções ginecológicas.
Alecrim
A fragrância viva e forte do alecrim é muito estimulante para a mente. O Rosmarinus officinalis melhora a memória, a concentração, fadiga mental, alivia as dores de cabeça, e exaustão nervosa. A sua principal utilização, contudo, é muscular e circulatória: dores nas costas, má circulação e varizes, artrite, reumatismo e na retenção de líquidos, sendo utilizado na drenagem linfática.
O óleo essencial de alecrim é ainda adequado para tratar perturbações tão diversas como a diarreia, flatulência, dispepsia, colite, icterícia e disfunções hepáticas. É simultaneamente utilizado no tratamento da bronquite, catarro, asma, sinusite, acne, eczema e dermatites.
Limão
O óleo essencial de limão é muito benéfico para o sistema circulatório e para diminuir a tensão arterial. Além de estimular o sistema imunitário e digestivo, é uma boa solução para a prisão de ventre, dispepsia e celulite.
Na aromaterapia, o limão acalma e alivia dores de cabeça e enxaquecas, melhorando inclusive as dores de quem sofre de artrite e reumatismo. Poderoso no combate às gripes e constipações, contribui para a diminuição da febre e outros sintomas associados, como as infeções da garganta e a bronquite. É ainda indicado para tratamentos capilares e dermatológicos.
Eucalipto
Além de fortalecer o sistema imunológico, o óleo essencial de eucalipto é excelente na prevenção e no tratamento de doenças das vias respiratórias, como constipação, congestão nasal, rinite, sinusite, dor de garganta, asma e bronquite. É ideal para tratamentos dermatológicos, seja para pele oleosa ou no caso de queimaduras, feridas, bolhas, picadas de insetos ou infeções cutâneas em geral, e eficaz contra músculos e articulações doridas. No lar é um poderoso desinfetante de ambientes, purificando o ar (contra fungos e bactérias) e atuando como repelente de insetos.
Ylang-Ylang
Com origens na Indonésia, o óleo essencial ylang-ylang é, acima de tudo, um antidepressivo e tranquilizante, mas também atua como afrodisíaco. É um estimulante dos sentidos, ativa a libido e combate a apatia sexual, sendo frequentemente utilizado no tratamento da impotência e frigidez.
Na aromaterapia é utilizado para combater a ansiedade, tensão, choque, medo e pânico. Os seus poderes curativos estão demonstrados em casos de infeções intestinais, tensão alta, respiração acelerada, e em pessoas com batimentos cardíacos muito elevados. O ylang-ylang é igualmente eficaz na estimulação do crescimento do cabelo.
Laranja
De aroma extremamente agradável, envolvente e suave, o óleo essencial de Citrus Sinensis é apropriado para o uso infantil, principalmente nas questões referentes à alimentação, medo, irritação e nervosismo.
A nível físico, este óleo estimula o metabolismo celular e as funções digestivas, agindo como um tónico estomacal. É ainda indicado no tratamento de disfunções dos rins e da bexiga. Tem ação hipotérmica, combatendo a febre, e fortalece cabelos quebradiços. A nível mental, alivia estados de depressão, tristeza, ansiedade e tensão nervosa.
Considerados a “alma” das plantas, os óleos essenciais são poderosos aliados para alcançar melhor qualidade de vida e bem-estar físico e emocional. As suas aplicações são tão vastas como a quantidade de óleos essenciais ao nosso dispor.
Procure um profissional qualificado para identificar a melhor opção para o seu caso e desfrute do melhor que a mãe natureza produz. Fique bem!
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