LIBIDO

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SEXUALIDADE E FERTILIDADE

  Tupam Editores

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Libido, impulso sexual, desejo sexual… são as expressões mais utilizadas para designar algo difícil de definir, mas que a generalidade das pessoas entende, ou seja, um específico estado de espírito interior que nos leva a interessar por tudo o que esteja relacionado com a atividade sexual e que desencadeia o aparecimento, mais ou menos esporádico, de pensamentos, sonhos ou fantasias eróticas.

Trata-se de uma necessidade específica de entrar em contacto com pessoas que nos atraiam muito, para proporcionar e receber carícias, de uma propensão para nos autoestimularmos, já manifesta em criança, na procura ativa de situações eróticas ou estarmos recetivos às iniciativas de outros.

É uma força instintiva, inata, presente no ser humano e em todos os animais, embora com algumas diferenças, pois nos animais o instinto controla totalmente o comportamento sexual, e nas pessoas apenas o condiciona, não sendo determinante.

O impulso sexual, ou seja, a sexualidade no seu sentido mais amplo, depende particularmente da atividade do sistema nervoso central e também de fatores hormonais. E, embora ainda exista muito por esclarecer sobre o assunto, pode dizer-se que o cérebro constitui o principal "órgão sexual", já que é a sua atividade que controla todas as facetas do comportamento humano, pois crê-se que existam alguns circuitos e núcleos encefálicos diretamente relacionados com a génese do desejo sexual. Parece que é na parte mais primitiva do cérebro, o diencéfalo, onde se encontra o hipotálamo, ligado ao sistema límbico, que existem os ténues mecanismos sensores que desencadeiam a "faísca" que acende o desejo sexual.

Mas a capacidade do cérebro humano para interpretar estímulos eróticos é de tal forma ampla e variada que se torna completamente impossível enumerar todos os fatores que potenciam o desencadeamento da libido. Para além de existirem pessoas mais ou menos sensíveis a determinados estímulos, um mesmo indivíduo pode responder de forma diferenciada perante estímulos específicos, de acordo com o contexto em que surgem ou em função do seu estado de ânimo.

Os estímulos terógenos físicos podem ser, tanto em animais como no ser humano, muito variados: visuais, olfativos, auditivos, táteis... Entre os animais, os estímulos com maior eficácia são os olfativos, o que justifica o facto de as fêmeas de muitas espécies produzirem substâncias denominadas feromonas durante o período do cio, de modo a incentivarem os machos a tentarem a cópula, enquanto que no ser humano os estímulos mais eficazes são os táteis, o que justifica o facto de se terem elaborado "mapas" de zonas onde as carícias ou até as fricções casuais possam desencadear sensações erógenas.

Embora os estímulos visuais também possam ser importantes, o seu grau de imp ortância depende muito das influências culturais, pois nem todas as sociedades apresentam os mesmos modelos de beleza. Enquanto que, para alguns, a visão de um corpo nu representa um estímulo erótico muito apelativo, para outros são muito mais eficazes imagens apenas sugestivas. Em suma, o maior potencial erógeno encontra-se, sem qualquer dúvida, na nossa imaginação. Contudo, para além da imaginação, as nossas estruturas encefálicas são influenciadas por outros fatores.

Factores condicionantes da libido

A libido humana depende de fatores tão diversos como: fatores psicológicos, hormonais, afetivos, e também sociais. Em relação ao impulso sexual, a sua atividade é controlada, sobretudo, pelas variações dos níveis de androgénios.

E embora sejam consideradas hormonas sexuais masculinas, encontram-se presentes nos indivíduos de ambos os sexos: no homem são fabricadas pelos testículos em forma de testosterona e em menor escala também pelas glândulas suprarrenais; na mulher são segregadas pelas glândulas suprarrenais e, em quantidades reduzidas, pelos ovários.

As hormonas sexuais femininas, os estrogénios e a progesterona, são igualmente importantes, como o comprovam as flutuações do desejo sexual que afetam algumas mulheres ao longo do ciclo menstrual. Existem outras hormonas que também podem condicionar o desejo sexual, pois o aumento da prolactina durante a amamentação parece diminuir o desejo sexual, enquanto que os aumentos das gonadotrofinas hipofisárias o parecem incentivar.

Os fatores psicológicos que condicionam a sexualidade são igualmente complexos. Aqui é preciso ter em conta tanto os fatores proporcionados por questões pessoais, como os relacionados com questões educacionais e socioculturais, incluindo os de natureza moral, que variam segundo o meio em que se vive e também as diferentes épocas. De destacar igualmente o papel desempenhado pela educação ao longo da infância, pela atitude permissiva ou opressora no âmbito da sexualidade dos pais e de toda a sociedade em conjunto.

Por exemplo, a forma repressiva como a mulher é educada pode trazer consequências negativas para a sua sexualidade. Enquanto que o homem é educado para procurar o sexo, a mulher é educada para o evitar e assim não aprende a desejá-lo e nem a apreciá-lo. Como é algo proibido, reprime o seu desejo, não se apercebendo de que dele pode tirar prazer, o que acaba por desmotivá-la. Além desta questão, a mulher não é incentivada a conhecer e a descobrir o seu corpo, provando mais uma vez que não é educada para os prazeres do sexo, já que ele é apresentado como algo a que ela não tem direito.

A sexualidade feminina sempre foi envolta em dogmas religiosos, repressivos e morais. A mulher não tinha socialmente o direito de viver plenamente a sua sexualidade, de manifestar os seus desejos. Estava-lhe designado o papel de sexualidade reprodutiva, sem liberdade de obter satisfação e prazer.

Outro fator condicionante do desejo sexual é o facto de a mulher, muitas vezes, confundir o seu lado maternal com o sexual, estabelecendo-se um conflito entre esses dois papéis, agindo como se fossem incompatíveis. Não é incomum, após o nascimento dos filhos, devido às fortes variações hormonais que a mulher experimenta, resultar uma diminuição da libido seguida de depressão.

Na verdade, a depressão e a ansiedade estão entre os transtornos psiquiátricos onde as alterações do desejo e do desempenho sexual estão mais frequentemente presentes. A agravar a situação, entre os medicamentos e o desejo sexual existe uma interação delicada: é que muitos dos medicamentos prescritos para doenças como a depressão podem provocar uma diminuição da libido, em ambos os géneros.

A perda de interesse pela atividade sexual pode ficar a dever-se ao facto de o medicamento em causa gerar letargia ou por interferir com os mensageiros químicos do cérebro. Os que provocam elevação dos níveis de serotonina e de norepinefrina parecem ser os que conduzem a mais efeitos secundários ligados à libido, como por exemplo os Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina (ISRS), e os Inibidores Seletivos da Recaptação da Noradrenalina (ISRN), sem esquecer os Antidepressivos Tricílicos (amitriptilina, imipramina e clomipramina), que devido ao seu efeito inibitório sobre os níveis de prolactina também podem levar a alterações da libido.

Esta interação entre os antidepressivos e a libido já é bem conhecida, mas estes não são os únicos medicamentos a interferir: também os ansiolíticos, tranquilizantes e sedativos podem ter o mesmo efeito pois atuam sobre o sistema nervoso central, enfraquecendo a ligação entre o centro sensorial e o centro motor, fazendo com que os músculos relaxem.

Aliás, são diversos os medicamentos com capacidade para interferir na libido, não sendo uma exclusividade da medicação psiquiátrica. Vários medicamentos utilizados em Cardiologia, Urologia, em Gastrenterologia, e até em Ginecologia, podem interferir com a libido, como por exemplo os beta-bloqueadores, os agonistas alfa2-adrenérgicos, diuréticos tiazídicos, inibidores da enzima de conversão da angiotensina e, curiosamente, a pílula contracetiva.

Além disso, certas condições médicas como o hipogonadismo, a hiperprolactinemia, o hipo ou hipertiroidismo, tumores hipofisários, entre outras doenças e disfunções orgânicas, também podem interferir no apetite sexual, assim como a idade, baixa autoestima, stress, sedentarismo, obesidade, alcoolismo, tabagismo, ou o consumo regular de substâncias estimulantes, como cocaína ou o seu derivado mais agressivo, o crack.

O estudo da sexualidade humana é recente no campo científico, e, mesmo existindo já muita investigação, o assunto encontra-se aberto a inúmeras indagações. Alguns aspetos da sexualidade foram explorados desde a antiguidade greco romana, hindu e chinesa, mas foi somente a partir do final do século XIX que os cientistas se empenharam em estudos e pesquisas sobre o Desenvolvimento Sexual Infantil e as alterações das funções sexuais normais.

Os transtornos do desejo sexual

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade é considerada como um aspeto central da vida humana, a qual é vivenciada e expressa em pensamentos, fantasias, desejos, crenças, atitudes, valores, comportamentos, práticas, papéis e relações.

É cada vez maior o número de pessoas que procuram analistas, terapeutas, psicólogos e outros, na tentativa de aliviar culpas, medos, romper tabus, enfim, para tentar compreender e viver melhor a sua sexualidade, muitas vezes conturbada.

Os problemas abordados são vários. Os que experimentam falta ou perda total do apetite sexual, sem que sejam identificadas causas médicas, sofrem de Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo (TDSH). Trata-se de uma disfunção sexual caracterizada pela deficiência ou ausência persistente ou recorrente de desejo ou fantasia para a atividade sexual, conduzindo a acentuado sofrimento e dificuldades interpessoais. Esta disfunção pode igualmente ocorrer em ambos os géneros.

Por razões físicas, psíquicas ou outras, determinadas pessoas sempre mantiveram esse padrão, outras perdem o desejo repentinamente. Com frequência os sintomas permanecem durante meses ou anos, tendo consequências graves para os relacionamentos íntimos, para as relações de casais e para a autoestima de quem enfrenta a situação. Entre os homens que passam por isso, aproximadamente metade relata sofrer também de disfunção erétil.

As causas estão, certamente, entre as enumeradas anteriormente. Quando o problema é de ordem orgânica, o tratamento é realizado com reposição hormonal; já nos casos psicológicos exige psicoterapia focada na sexualidade.

Repulsa ao sexo, medo ou pânico, aversão, fobia sexual, suor, palpitações, sudorese, tremor, enjoos, falta de ar, traduzem o conjunto de sintomas que fazem parte de outro quadro de disfunção do desejo sexual. Nessa situação, a mulher ou o homem não se mostram apenas indiferentes ao sexo, mas face a ele, ou diante da possibilidade de vivê-lo. Esse desconforto é conhecido por Aversão Sexual.

A característica essencial deste transtorno é a esquiva contínua do contacto sexual genital com o parceiro sexual. A aversão ao contacto genital pode centrar-se num determinado aspeto da experiência sexual (por exemplo, secreções genitais, penetração), mas alguns experimentam repulsa generalizada a quaisquer estímulos sexuais, inclusive o beijo e toque.

As causas são inúmeras, mas entre as mais frequentes, estão episódios de violência sexual, experiências traumáticas; conflitos conjugais, quando, por exemplo, existe uma traição, educação repressora ou se a família passou informações erradas a respeito de sexo. Algumas vezes, porém, é difícil identificar de forma clara uma dessas causas. O tratamento de aversão sexual inclui a administração de medicamentos e psicoterapia, ou a combinação de ambos.

Num extremo, o desejo sexual praticamente nulo, correspondendo ao Transtorno de Aversão Sexual, no outro, o Desejo Sexual Hiperactivo (DSH), quando o desejo é excessivo. Erotomania e ninfomania são termos que designam o desejo sexual exagerado por parte de um homem ou mulher, respetivamente.

DSH manifesta-se principalmente por desregulação ou falta de controle da motivação sexual. A pessoa espontaneamente apresenta um nível elevado de desejo e de fantasias sexuais, aumento de frequência sexual com compulsividade ao ato, controle inadequado dos impulsos e grande sofrimento.

Preocupa-se a tal ponto com os seus pensamentos e sentimentos sexuais que acaba por prejudicar a sua atividade diária e os relacionamentos afetivos. Quando tenta evitar e controlar o impulso para o sexo, a pessoa pode ficar tensa, ansiosa ou deprimida. A pressão para a expressão sexual regressa e a pessoa sente-se escrava de seus próprios desejos.

Podem observar-se níveis diferentes de adição ao sexo, desde masturbação compulsiva e prostituição, a alguns comportamentos perversos como exibicionismo, voyeurismo ou mesmo pedofilia e violação. Hoje, a internet permite uma nova modalidade de hipersexualidade: a compulsão sexual virtual (sexo virtual), que atinge mais de 2 000 000 de pessoas que despendem entre 15 a 25 horas em frente ao computador navegando em sites de sexo.

As causas desta síndrome podem ser várias, podendo ser vistas como um problema de adição e dependência, semelhantes ao vício de cocaína, álcool ou heroína. Pode ser encarado como um problema de comportamento inadaptado, onde o ato repetitivo de busca de prazer sexual foi aprendido ao longo da vida como tranquilizante, diminuindo sentimentos de ansiedade, medo e solidão, e pode ainda ser encarado como doença, com alterações anormais no equilíbrio de substâncias neurais (neurotransmissores).

O tratamento envolve o psiquiatra ou o terapêuta sexual, recorrendo-se habitualmente a tratamentos combinados, como o uso de medicação concomitantemente à psicoterapia cognitivo comportamental ou focal. De referir que os grupos de apoio têm demonstrado grande utilidade como terapia adjuvante.

No que respeita à farmacoterapia, podem ser utilizados Inibidores da Recaptação da Serotonina nos casos em que a compulsão para o sexo é predominante. Nos casos mais graves, em que a compulsão coloque terceiros em risco, podem ser prescritos medicamentos hormonais (progesterona) para inibir o desejo sexual.

Parece mais fácil inibir o desejo sexual do que despertá-lo, se bem que para o despertar a variedade de hipóteses é maior... e mais agradável.

O despertar da libido adormecida

Nunca se falou tanto de sexo e prazer como na atualidade. Porém, as várias investigações sobre o assunto apuraram que cerca de 30 a 40 por cento dos adultos se queixa de redução da libido.

Para além dos tratamentos mencionados como a psicoterapia, para aliviar o stress, a ansiedade e abrandar um pouco o ritmo alucinante do dia-a-dia, relaxe – experimente massagem, meditação, yoga, exercícios de respiração ou um banho quente. A aromaterapia inclui óleos conhecidos por inspirarem o romance, tais como os óleos de rosa, sálvia, sândalo e jasmim.

Uma outra solução considerada eficaz para despertar a libido é a acupuntura. O tratamento com as agulhas promove o aumento da produção de hormonas do prazer, como a endorfina, que relaxa, acalma e proporciona felicidade; a serotonina, que tem ação profunda no efeito do humor e da ansiedade; e a noradrenalina, que induz a excitação física e mental ativando o centro do prazer, além de aumentar o estrogéneo e a testosterona, hormonas que geram a sensação de bem-estar.

Quebre a rotina! A rotina é um dos principais vilões que afeta a vida de muitos casais e desgasta qualquer tipo de relacionamento.

Ouse, varie, pois isso faz toda a diferença. Escolha uma iluminação que possa ser diminuída ou algumas velas, coloque uma música ambiente e prepare um jantar romântico onde estejam presentes alguns dos alimentos afrodisíacos mais conhecidos como as ostras, o morango e o chocolate.

Apimente a relação. Faça bom uso da imaginação e de tudo o que possa servir para estimular o desejo. No feminino, surpreenda o seu companheiro com aquele sapato de salto alto, que esquecera no armário, uma lingerie mais sensual, um perfume de arrasar, resumindo sinta-se sexy. No masculino, use um diálogo inspirador de confiança, seja delicado, paciente, atencioso e ofereça uma rosa em ambiente romântico...

O fetiche é um estímulo, um plus. Criar ambiente de sedução!!

E permita-se fazer bom sexo, que se torne uma boa experiência a repetir e não se transforme em algo monótono, previsível e cronometrado, em que já sabe onde vai por a mão, onde vai ser o beijo e qual vai ser o próximo passo. Não se deixe cair na rotina!

Ver mais:
A EJACULAÇÃO PRECOCE
ACUPUNTURA
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS
FRIGIDEZ, DISFUNÇÃO SEXUAL NO FEMININO
IMPOTÊNCIA
ORGASMO FEMININO
SEXO


Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
28 de Novembro de 2024

Referências Externas:

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