O medo é um sentimento universal e ancestral com o qual convivemos ao longo da vida. Não é exclusivo do ser humano, mas comum a todas as espécies animais, sendo condição indispensável para proteger o indivíduo do perigo.
Contudo, embora seja natural, quando o medo começa a interferir na nossa vida, condicionando excessivamente as nossas acções, deixa de ser um simples medo, transformando-se em fobia.
Do grego phobos (deus do medo), pode definir-se fobia como um medo exacerbado, desproporcional e não justificado perante situações, objectos, animais ou lugares. É um dos transtornos de ansiedade mais frequentes que o ser humano apresenta.
O medo persistente é desencadeado sempre que a pessoa está perante o objecto ou a situação temida e, apesar de reconhecer que é irracional, não consegue controlá-lo.
Quem sofre de fobia, ao deparar-se (ou simplesmente imaginar) com as situações que desencadeiam as suas crises, sente um enorme medo que, em geral, vem acompanhado de, pelo menos, quatro dos seguintes sintomas: falta de ar, palpitações e batimento cardíaco acelerado, dor ou desconforto no peito, sensação de sufoco, tontura ou vertigem, ondas de calor ou de frio, sudorese, formigamento dos membros, sensação de desmaio, tremores ou sacudidelas e medo de morrer ou enlouquecer e perder o controlo.
Uma fobia pode surgir em qualquer momento da idade do indivíduo. São muito comuns na população em geral e mais frequentes nas mulheres que nos homens.
Não se sabe ao certo quantas pessoas sofrerão de fobia, mas estima-se que dez por cento da população seja afectada. Alguns estudos estabelecem uma margem mais alargada, apontando para três a dez em cada 100 pessoas que sofrem de uma qualquer fobia.
Sabe-se que as fobias e o pânico têm maior prevalência em determinadas famílias. Embora parte dos sintomas possam ser adquiridos por aprendizagem, pois as crianças observam e imitam os comportamentos dos pais, existem estudos genéticos que apontam para uma maior importância do factor hereditariedade. No entanto, embora as causas genéticas estejam cientificamente provadas, há doentes sem precedentes na história familiar.
As experiências marcantes ao longo da vida podem igualmente servir de mecanismo de aprendizagem da doença. Assim, parece haver uma interacção entre factores genéticos, bioquímicos e psicológicos no desenvolvimento do pânico e dos comportamentos fóbicos.
As fobias da infância ocorrem geralmente entre os cinco e nove anos de idade e tendem a ser de curto prazo. A sua maioria começa na idade adulta, especialmente após os vinte anos. Tendem a manter-se durante muitos anos e têm menos probabilidades de se curar por si próprias.
A forma mais comum é a fobia simples (específica) que, como o próprio nome indica, é desencadeada por uma situação ou objecto específico. Neste tipo, os indivíduos podem temer certos animais (cães, gatos, aranhas, baratas ou cobras), pessoas (palhaços, dentistas, médicos), ambientes (lugares escuros ou altos, tempestades) ou situações (viajar de avião ou comboio, por estarem em espaço limitado).
A relação homens/mulheres com fobias específicas é de aproximadamente dois para um. Apresenta um índice de prevalência de 7,2 a 11,3 por cento ao longo do ciclo de vida do indivíduo e os primeiros sintomas de fobia simples ocorrem geralmente na infância ou adolescência, podendo ocorrer mais cedo nas mulheres que nos homens.
Na fobia social (desordem de ansiedade social) os indivíduos têm medo de situações sociais onde possam ser humilhados, envergonhados ou julgados pelos outros. Este medo pode estar limitado ao desempenho, como dar uma conferência, concerto ou apresentação empresarial ou pode ser mais generalizado.
O fóbico social evita situações como conversar com pessoas estranhas ou autoridades, comer em restaurantes, utilizar casas de banho públicas, frequentar piscinas, assinar em público, conversar ao telefone ou ser observado.
As pessoas que se manifestaram tímidas ou solitárias na infância, ou com um histórico de experiências sociais infelizes ou negativas, têm maior propensão para desenvolver esta desordem.
Apresenta um índice de prevalência de três a 13 por cento ao longo da vida do indivíduo e ocupa o terceiro lugar das patologias mais comuns comparativamente a todos os transtornos mentais.
O terceiro tipo de fobia, talvez o mais conhecido, identifica-se com os espaços abertos, as multidões. Trata-se da agorafobia, que herdou o nome do termo grego "agora", ou seja, praça pública. Para estas pessoas o único lugar seguro é a sua própria casa. Em público, sentem-se permanentemente em perigo. É um medo generalizado de lugares (centros comerciais, cinema, por exemplo) de onde possa ser difícil escapar rapidamente ou onde o auxílio possa não estar disponível. Acabam por ter medo de sair de casa e só o fazem se acompanhadas. Normalmente as pessoas afectadas pela agorafobia também desenvolvem crises de pânico.
Cerca de 3,8 por cento das mulheres e 1,8 por cento dos homens apresentam uma agorafobia durante um período de cerca de seis meses. A perturbação desenvolve-se com mais frequência no início da segunda década de vida, sendo muito raro iniciar-se após os 40 anos.
Entre os sintomas de fobia destacam-se os sentimentos excessivos, irracionais ou persistentes de medo ou ansiedade que são desencadeados por um objecto, uma actividade ou uma situação em particular.
Por exemplo, qualquer pessoa normal pode ter medo de ser ameaçada por um cão raivoso, mas já não é razoável fugir de um animal calmo, pachorrento e com trela.
Os sintomas físicos relacionados com a ansiedade podem incluir tremores, palpitações, falta de ar, sudorese, vertigens, náuseas, entre outros.
Evitar o objecto, actividade ou situação que desencadeia a fobia
Normalmente as pessoas com fobia reconhecem a irracionalidade do seu medo; logo sentem-se frequentemente envergonhadas ou embaraçadas com a sua patologia. De modo a prevenir os sintomas de ansiedade ou embaraço optam por evitar os factores desencadeantes da fobia. Assim, se, por exemplo, têm medo de viajar de avião, utilizam outro meio de transporte ou, se têm medo de ir ao cinema, assistem ao filme na televisão.
Não restam dúvidas de que as fobias podem ser muito limitativas da atividade na vida de uma pessoa. Sem tratamento específico, a fobia pode aumentar o risco de outros tipos de doença do foro psiquiátrico na vida adulta, especialmente desordens de ansiedade, depressão e mesmo o uso de drogas.
Enfrentar o medo
Não existe forma de impedir o aparecimento de uma fobia mas, felizmente, o tratamento é possível. O primeiro passo é marcar uma consulta com um especialista na área para expor os seus medos e ansiedades. Normalmente o tratamento das fobias é uma combinação de farmacoterapia e de psicoterapia.
Em caso de uma fobia específica, a terapia comportamental pode ajudar, principalmente a chamada terapia da dessensibilização ou terapia de exposição. Nesta técnica, e sob circunstâncias controladas, aumenta-se gradualmente a exposição da pessoa aos objetos que lhe provocam o medo. O indivíduo é ensinado a dominar o seu medo por relaxamento, controlo da respiração ou outras estratégias que permitam diminuir os níveis de ansiedade.
No tratamento de curto prazo das fobias, o médico pode prescrever fármacos ansiolíticos como o lorazepam e similares. Se o doente só ocasionalmente é confrontado com a fobia, por exemplo medo de voar, o tratamento pode ser limitado ao uso de medicamentos.
Se a fobia social estiver concentrada num desempenho em particular (por exemplo, discursar numa conferência ou exibir-se num concerto), habitualmente o médico pode prescrever um beta-bloqueador como o propranolol. Nestes casos o medicamento deve ser tomado antes do evento stressante. Ameniza os efeitos físicos da ansiedade (batimento cardíaco ou tremor dos dedos) e normalmente não afecta a eficácia mental necessária para discursar ou a destreza física necessária para fazer soar um instrumento.
Nas formas de fobia social mais generalizadas ou a longo prazo, o médico opta habitualmente pela prescrição de antidepressivos, normalmente um ISRS (Inibidor Selectivo da Recaptação da Serotonina) como a sertralina, paroxetina ou fluoxetina. Se o ISRS não se mostrar eficaz, prescreve um antidepressivo alternativo ou um fármaco ansiolítico.
A terapia cognitiva comportamental também funciona eficazmente em muitas pessoas com esta patologia fóbica.
O tratamento para a agorafobia é semelhante ao tratamento para a desordem do pânico. A medicação habitual inclui ansiolíticos benzodiazepínicos – como o clonazepam, diazepam e lorazepam – e os antidepressivos ISRS ou antidepressivos mais antigos – como a clomipramina e a imipramina. A psicoterapia cognitiva comportamental é também muito útil nestes casos.
A perspectiva de cura é muito elevada para as pessoas com fobia específica ou fobia social. Aproximadamente 75 por cento dos indivíduos com fobias específicas superam os seus medos com terapia comportamental e 80 por cento dos pacientes que padecem de fobia social conseguem alívio através da medicação, terapia cognitiva comportamental ou a combinação de ambas.
Quando a agorafobia ocorre com a desordem de pânico, o prognóstico também é favorável à cura. Com o tratamento apropriado, 30 a 40 por cento dos pacientes ficam livres de sintomatologia por um período prolongado. Cerca de 50 por cento continuam a experimentar sintomas ligeiros que não afectam significativamente a sua atividade quotidiana. Apenas dez a vinte por cento dos doentes não conseguem melhoras dos seus medos e consequentemente na sua qualidade de vida.
Evitar o medo não é solução, já que este não se extingue, apenas é adiado. Enfrentá-lo é meio caminho andado para o vencer.
Curiosidades sobre os medos
Quase todo o ser humano reconhece e convive com uma ou outra forma de fobia. No entanto, não tem a percepção do elevado número de medos que se desenvolve face aos objetos ou situações mais estranhas.
Alguns exemplos dessas fobias, mais conhecidas: aracnofobia – medo das aranhas; bacteriofobia – medo das bactérias; bibliofobia – medo dos livros; brontofobia – medos dos relâmpagos e dos trovões; ciberfobia – medo dos computadores; claustrofobia – medos dos espaços fechados; dentofobia – medo dos dentistas; fotofobia – medo da luz; gerontofobia – medo de pessoas idosas ou de envelhecer; gamofobia – medo do casamento; hemofobia – medo do sangue; hipnofobia – medo de dormir ou de adormecer; misofobia – medo dos germes, da contaminação ou da sujidade; obesofobia – medo de engordar; pirofobia – medo do fogo; talassofobia – medo do mar; teofobia – medo de desagradar a Deus; zoofobia – medo dos animais.
Se já foi confrontado com algum destes ou outro tipo de medos, não sofra sozinho, peça
ajuda
Disforia é uma sensação oposta à euforia, correspondendo a uma certa tristeza ou depressão pós-sexo, que acomete algumas mulheres e homens após o clímax de um orgasmo.
As preferências dos homens, quando falamos das caraterísticas que mais desejam nas mulheres que pretendem para suas companheiras e confidentes, são amplamente diversificadas e subjetivas.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.