Um dos principais desafios apresentados pelos vírus emergentes e reemergentes é que pouco ainda se sabe acerca desses patógenos. Muitas vezes, são vírus completamente novos e, portanto, não se sabe como eles se espalham, quais são os seus sintomas e como as pessoas podem ser tratadas.
As doenças infeciosas emergentes e reemergentes constituem uma ameaça crescente à hegemonia da biomedicina, levantando muitas questões sobre a adequação do seu discurso e práticas para enfrentar o desafio global que representam.
Preocupados com este problema global, no final de fevereiro do ano corrente, reuniram-se em Lisboa cerca de oito centenas de médicos e outros profissionais de saúde, nacionais e internacionais, que estão diariamente na primeira linha da luta contra as infeções, para debaterem os principais desafios deste tipo de doenças que afetam toda a humanidade.
De entre os assuntos debatidos destacam-se a análise do processo de construção desta nova categoria nosológica e discutidos os exemplos mais notáveis do impacto das doenças emergentes na saúde pública, na segurança alimentar e no desenvolvimento humano à escala global, com referência a práticas irresponsáveis de alguns setores da indústria farmacêutica e agrícola, fatores determinantes para o seu desenvolvimento e disseminação, bem como algumas falhas cruciais de concentração e gestão dos tempos nas políticas de saúde globais em relação ao VIH/SIDA, com consequências desastrosas para a África subsariana. Foram também abordados, entre outros, temas como a terapêutica antirretroviral, hepatites víricas, infeções resistentes e tuberculose, além de outras infeções emergentes.
O mundo tem vindo a enfrentar desafios persistentes no âmbito da saúde pública, devido à presença constante de doenças emergentes e reemergentes. A compreensão aprofundada de fatores como, as suas origens, caraterísticas epidemiológicas e demográficas, além dos impactos sociais desse tipo de doenças, considerando não apenas as implicações médicas, mas também os efeitos na sociedade e na economia, identificando as causas subjacentes e os modos de transmissão dessas doenças, se torna possível implementar estratégias de prevenção e controle mais direcionadas e eficientes.
O cenário das doenças reemergentes é fortemente caraterizado pela sua natureza zoonótica, onde a transmissão entre animais e humanos desempenha um papel preponderante. De entre os 1415 patógenos de humanos conhecidos, incluindo vírus, bactérias, fungos, protozoários e helmínticos, mais de 61,6% têm origem animal, caraterística que revela a ligação existente entre a saúde humana e a saúde animal, daí ressaltando a importância da vigilância em ambas as áreas.
De acordo com o último relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUA), a expressiva prevalência de doenças zoonóticas é ainda mais evidente quando se analisam os patógenos associados a doenças emergentes. Dos 175 patógenos vinculados a essas condições, 75% são zoonóticos, sinalizando um risco significativo de transmissão interespécies em eventos epidemiológicos recentes.
Em contexto animal, a análise dos patógenos que afetam ruminantes e carnívoros domésticos, a tendência é semelhante. Dos 616 patógenos conhecidos para ruminantes, 77,3% têm a capacidade de acometer múltiplas espécies e, da mesma forma, entre os 374 patógenos identificados em carnívoros domésticos, 90% apresentam a capacidade de infetar diversas espécies.
Estes dados mostram bem a complexidade das interações entre seres humanos, animais e patógenos, destacando a necessidade crítica de abordagens integradas na prevenção e controle de doenças reemergentes, considerando não apena a saúde humana, mas também a animal, para uma abordagem verdadeiramente abrangente e eficaz.
Por outro lado, no contexto das doenças emergentes, três cenários distintos delineiam a sua manifestação. Primeiramente temos as que são causadas por agentes conhecidos, que repentinamente surgem numa nova área geográfica, fenómeno geralmente relacionado com fatores climáticos, ambientais ou mesmo devido a mudanças nos padrões de migração de vetores, representando um desafio significativo para a saúde pública global.
Outra faceta das doenças emergentes é aquela em que um agente já conhecido ou relacionado se manifesta numa espécie até então não suscetível, um tipo de evento muitas vezes associado a adaptações genéticas no patógeno ou hospedeiro, podendo levar a surtos graves e de difícil controle. Um terceiro cenário de emergência ocorre quando um agente desconhecido é detetado pela primeira vez, desafiando as capacidades de diagnóstico e terapêutica existentes, eventos frequentemente associados a vírus previamente não descritos, exigindo respostas rápidas e coordenadas para entender e conter a sua propagação.
O ressurgimento de infeções anteriormente controladas, revela um desafio significativo para os sistemas de saúde, abrangendo aspetos humanos e animais, onde se incluem alguns aspetos cruciais como elevadas taxas de aumento de algumas infeções, que desafiam a capacidade de resposta dos sistemas de saúde.
Essa rápida propagação pode ser atribuída a fatores como resistência a medicamentos, falhas nas práticas de controle e alterações ambientais; ineficácia de medidas clássicas de saneamento e perda de eficiência devido a afrouxamento nos protocolos e práticas de controle que antes se mostraram eficazes; mudanças demográficas, resultantes do crescimento populacional acelerado e padrões migratórios constituem um cenário complexo que exerce uma influência direta na dinâmica das doenças emergentes e reemergentes, em particular nas cada vez mais densas concentrações urbanas; os impactos sociais e económicos das doenças emergentes e reemergentes são igualmente profundos e transcendem as meras considerações de saúde pública, estendendo-se para esferas mais abrangentes das sociedades.
Face à complexidade inerente às doenças emergentes e reemergentes, torna-se evidente que tais eventos não apenas persistirão, mas também se intensificarão no cenário global. A teoria da transição epidemiológica, que perpassa desde as pestilências e fome, até às atuais dinâmicas de doenças degenerativas e criadas pelo homem, destaca a evolução constante das ameaças à saúde com que teremos de nos defrontar.
A doença celíaca é um distúrbio digestivo e imunológico crónico que danifica o intestino delgado, desencadeada pela ingestão de alimentos contendo glúten.
A coenzima Q10 é uma benzoquinona presente em praticamente todas as células do organismo humano, que participa nos processos de produção de ATP (trifosfato de adenosina).
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.
Os carboidratos, também conhecidos como açúcares, glícidos ou hidratos de carbono, são macronutrientes, responsáveis por fornecer energia ao corpo humano.
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