DECLARE GUERRA À ACNE

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BELEZA E BEM-ESTAR

  Tupam Editores

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Quem nunca sofreu de acne “que atire a primeira pedra”! Seja na adolescência, ou mesmo na fase adulta, a acne já irritou a maioria das mulheres (e homens também) nem que seja uma vez na vida. E se na idade adulta é complicado lidar com o problema, na adolescência tudo adquire outra dimensão.

A adolescência é um período específico e essencial no desenvolvimento humano, quando as identidades física e psíquica sofrem modificações, muitas vezes definitivas e influenciadoras do comportamento na fase adulta.

Para os adolescentes as transformações corporais são as mais angustiantes, pois ocorrem de forma rápida, fora de controle, independentemente da vontade e de forma visível para todos, não podendo ser ocultadas, ao contrário dos sentimentos, medos e inseguranças. A aparência, começando pela pele, preocupa grandemente os adolescentes e suas famílias, contudo a intensidade das lesões originadas pelas temíveis borbulhas nem sempre é proporcional à ansiedade por elas gerada.

De elevada frequência, a acne vulgar é uma dermatose crónica comum em adolescentes, que acomete ambos os sexos. Embora mais precoce em adolescentes do sexo feminino, os meninos apresentam as formas mais intensas e graves de acne.

Trata-se de uma doença do folículo polissebáceo, que possui como fatores fundamentais hiperprodução sebácea, hiperqueratinização folicular, aumento da colonização por propionibacterium acnes e inflamação dérmica periglandular.

Esta produção exagerada de sebo misturada a outras substâncias forma um tipo de “tampão” que provoca a obstrução do “poro”, impedindo a saída natural das células mortas e bactérias que normalmente aí se encontram.

A acne ocorre especialmente em áreas como a face, o tórax, os ombros e o dorso, e em todas as raças, embora seja menos intensa em asiáticos e africanos, manifestando-se mais gravemente no sexo masculino.

Não existe um perfil epidemiológico universal da acne: admite-se que a sua prevalência varie entre 35 e 90 por cento nos adolescentes, com incidência de 79 a 95 por cento entre os adolescentes do Ocidente; mas pode chegar a 100 por cento em ambos os sexos.

Em geral afeta 95 por cento dos meninos e 83 por cento das meninas com 16 anos. De aparecimento precoce (11 anos nas meninas, e 12 anos nos meninos) a acne tem maior prevalência entre os homens devido à influência androgénica.

Clinicamente, é caracterizada por comedões, pápulas, pústulas, quistos, abcessos, sendo geralmente acompanhada de seborreia, e classificada em quatro níveis:
Grau I – a forma mais frequente e mais leve, não inflamatória ou comedogénica, caracterizada pela presença de comedões fechados e abertos;
Grau II – acne inflamatória ou pápulo-pustulosa, em que se associam aos comedões pápulas e pústulas de conteúdo purulento;
Grau III – a acne nódulo-quística é uma das formas mais severas de acne, quando se somam nódulos mais exuberantes;
Grau IV – acne conglobata, na qual há formação de abcessos e fístulas.

As complicações mais relevantes da enfermidade são cicatrizes físicas e sequelas psicossociais, que podem persistir após o desaparecimento das lesões ativas.

Mas nem tudo é mau. Normalmente há uma regressão espontânea da acne após os 20 anos, embora possa persistir na idade adulta. A solução para o problema, independentemente da idade, passa por conhecer as causas que lhe deram origem.

Causas que desencadeiam o problema

A origem da acne costuma estar relacionada com uma disfunção das glândulas sebáceas. O funcionamento destas glândulas depende, sobretudo, da estimulação proporcionada pelos androgénios, hormonas sexuais consideradas masculinas, por serem produzidas pelos testículos, embora estejam presentes em ambos os sexos, pois são igualmente produzidas pelas glândulas supra-renais.

Embora a atividade das glândulas sebáceas seja reduzida durante a infância, a produção de evidentes alterações a nível hormonal na puberdade, provoca o seu estímulo, entre outros efeitos.

Independentemente de ser devido ao aumento dos níveis de androgénios ou a uma especial sensibilidade das próprias glândulas, existem muitos adolescentes que, ao longo da puberdade, formam uma quantidade de sebo fora do normal e apresentam um aumento da erupção cutânea das células superficiais dos canais excretores dos folículos pilossebáceos, os principais fatores que proporcionam o mecanismo de produção das lesões características da acne.

Crê-se também que exista uma certa predisposição genética para se sofrer de acne, pelo menos nas formas mais graves, já que os principais casos da patologia são mais frequentes entre os membros de algumas famílias do que em toda a população.

Para além das causas mencionadas, existem outros fatores que podem originar erupções acneiformes. Por exemplo, os folículos pilossebáceos podem ser obstruídos pelo contacto habitual com determinados produtos industriais, como óleos minerais, hidrocarbonetos clorados ou alcatrão.

Podem igualmente surgir lesões semelhantes às da acne provocadas por uma estimulação das glândulas sebáceas originadas por vários medicamentos, independentemente de serem aplicados localmente ou administrados por via geral, como os corticoides, anticonvulsivantes, determinados antibióticos e medicamentos de ação androgénica.

Longe de ser exclusiva dos adolescentes, a acne afeta também os adultos, principalmente mulheres entre os 25 e 40 anos, estimando-se que atinja cerca de 41 por cento destas.

A acne tardia é geralmente menos severa que a do adolescente: as borbulhas e os comedões são menos numerosos, menos inflamados, e maioritariamente localizados no contorno da boca e no queixo no caso das mulheres, e nas costas e no peito nos homens. O efeito inestético é menor que nos adolescentes, por isso a acne do adulto é melhor vivida e por vezes negligenciada: apenas 22 por cento das mulheres adultas com acne cuidam da doença.

Embora no caso dos adolescentes esteja essencialmente associada às modificações hormonais da puberdade, a acne tardia é multifatorial, podendo dever-se:
–    a uma pele oleosa por natureza;
–    às oscilações hormonais associadas aos ciclos menstruais, que desencadeiam frequentemente o aparecimento de borbulhas. As alterações hormonais que ocorrem durante a gravidez também podem ser acompanhadas de acne;
–    à utilização sucessiva de cosméticos inapropriados, nomeadamente maquilhagem muito oleosa e oclusiva, como algumas bases;
–    alguns medicamentos, uma contraceção inadequada, predisposição genética, stress, poluição e, mais raramente, uma perturbação no funcionamento dos ovários ou das glândulas suprarrenais.

Ainda que não tenha cura, a acne pode ser controlada, conseguindo obter-se a melhoria das lesões, através da eliminação do fator causador. Aqui a orientação médica é fundamental. Somente o médico poderá diagnosticar e definir o tratamento mais adequado para cada caso.

Formas de tratamento: o caseiro e o farmacêutico

A acne não é um problema banal e deve ser tratada com rigor pois a sua evolução gera cicatrizes que podem comprometer a aparência para toda a vida.

Variando de acordo com o paciente e o tipo de acne, o tratamento costuma ser longo, dependendo o seu sucesso da persistência e colaboração dos atingidos.

Inicialmente, e em desespero, o adolescente tenta resolver o problema recorrendo a algumas “mezinhas” caseiras. Existem vários tratamentos caseiros contra a acne – os clássicos são o iogurte e o pepino. Já toda a gente ouviu dizer que aplicar iogurte ou rodelas de pepino sobre a face ajudam a acabar com as borbulhas. E é verdade!

Outra possibilidade, que também está sempre à mão, é a cebola. Corta-se uma cebola ao meio e depois com um cotonete recupera-se um pouco do seu líquido, que se aplica nas borbulhas até que estas cicatrizem por completo.

A fruta também pode ser benéfica. Coze-se uma maçã ou uma pêra sem pele e quando estiver quase cozida, retira-se a polpa e o caroço e tritura-se ou esmaga-se com um garfo até conseguir uma pasta, que se coloca no rosto durante 20 minutos.

Apesar de eficazes, estes tratamentos caseiros são mais demorados do que os adolescentes gostariam. Recorrer a um especialista e ao tratamento químico, mais curto e eficaz, é a opção mais acertada. A escolha do método mais adequado baseia-se no quadro clínico do indivíduo. Basicamente existem dois tipos de tratamentos: o tópico, ou seja, medicamentos que são aplicados diretamente sobre a pele, e o oral.

No caso da acne, o tratamento tópico é o mais adequado, sendo os medicamentos orais utilizados apenas em casos específicos ou graves.

Entre os tratamentos tópicos destacam-se substâncias como a tretinoína, que atua contra a hiperqueratinização; o peróxido de benzoílo, um exfoliante que combate a inflamação e a infeção bacteriana; e o ácido azeláico, que possui, em simultâneo, ação queratolítica, antibacteriana e anti-inflamatória. Ainda de aplicação tópica, a clindamicina e a eritromicina são antibióticos que combatem a infeção bacteriana e a inflamação.

Relativamente aos tratamentos orais, a minociclina e a tetraciclina são antibióticos utilizados com sucesso nas formas graves de acne, contudo, existe a possibilidade de ocorrer resistência bacteriana, tornando o medicamento ineficaz.

Uma das principais causas da acne é a produção excessiva de sebo devido ao excesso de androgénios, logo, outra opção de tratamento seria o emprego de substâncias capazes de antagonizar os seus efeitos.

Atualmente, os tratamentos hormonais apenas estão disponíveis para o género feminino. Para que não ocorram irregularidades no ciclo menstrual, o antiandrogénio deve ser tomado juntamente com estrogénio, a hormona feminina.

Na faixa dos 20 anos, grande parte dos jovens tem como missão livrar-se da acne e controlar a oleosidade da pele mas, acima de tudo, querem prevenir e evitar o aparecimento das “horríveis” borbulhas.

Alguns cuidados simples são de grande ajuda. O principal consiste na limpeza correta do rosto – sabonetes com triclosan e ácido salicílico são uma boa escolha.

Os cosméticos devem ser livres de fragrâncias, devendo optar-se por produtos “oil free” (livres de óleo), para não obstruirem os poros, nem causarem inflamações, e nada de compartilhar maquilhagem. Evitar a exposição ao sol e usar sempre protetor solar, pois além de evitar queimaduras ajuda a combater a acne.

É igualmente importante manter uma dieta equilibrada, pois vitaminas e minerais ajudam o corpo a equilibrar os níveis de agentes causadores da doença bacteriana. Se está a pensar no chocolate, a boa notícia é que não existem provas científicas de que este manjar, ou outros alimentos similares, provoquem acne, contudo, se ao ingerir determinado alimento se aperceber da presença de acne, passe a evitá-lo.

Ainda que considerado um processo normal de desenvolvimento, a acne é simplesmente o inimigo número um dos adolescentes. Estes temem não ser aceites se não forem bonitos e de peles saudáveis, considerando-se anormais, o que causa sequelas a nível físico e psicossocial.

Por estas razões é importante apoiar os jovens, orientando-os e incentivando-os a aceitar e a conviver com o problema, para que este se torne cada vez menos importante.

Afinal, as últimas descobertas revelam que ter acne na juventude até pode compensar, pois as peles com borbulhas tendem a manter uma aparência jovem por mais tempo. É caso para dizer “quem ri por último, ri melhor”!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
24 de Setembro de 2024

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