Puberdade (do latim pubertas, pelos ou barba), pode definir-se como uma das fases intermédias do desenvolvimento humano que precede a adolescência, mas nela se confunde, em que ocorrem importantes mudanças biológicas e fisiológicas. É o período de transição entre a infância e a idade adulta em que o corpo se desenvolve física e mentalmente e o indivíduo adquire maturidade sexual e se torna apto para a procriação.
Considerando que as alterações fisiológicas que se verificam em todos os rapazes e raparigas não ocorrem ao mesmo tempo, dado que cada indivíduo tem o seu próprio ritmo genético, que deve ser preservado, podemos estabelecer que a adolescência se situa aproximadamente entre os 12 e os 18 anos de idade e a puberdade ou pré-adolescência, manifesta os primeiros sinais entre os 8 a 12 anos nas meninas e um pouco mais tarde nos meninos, entre os 9 e 14 anos. Há no entanto alguns cientistas a defender que a adolescência se estende atualmente dos 10 até aos 24 anos, devido ao facto dos jovens optarem pela sua independência cada vez mais tarde.
Todavia, fatores genéticos e ambientais, entre muitos outros, influenciam enormemente a idade de início da puberdade, que tendencialmente tem vindo a ocorrer cada vez mais cedo como resultado das melhorias registadas a nível da nutrição e da saúde.
Na infância, o corpo de meninas e meninos é muito semelhante, sem cintura definida e ancas pronunciadas, ombros estreitos, peito liso, pequenos mamilos e tom de voz semelhante. Com o decorrer do tempo, à medida que crescem e se desenvolvem, os órgãos genitais vão amadurecendo até ficarem prontos para poderem ser pais e mães quando atingirem a idade adulta.
Quando uma das hormonas que a hipófise começa a libertar na corrente sanguínea, ativa as glândulas sexuais, (os ovários nas raparigas e os testículos nos rapazes), levando ao seu funcionamento, inicia-se o complexo processo que carateriza a fase da puberdade. É a idade das grandes mudanças na forma e tamanho, mas sobretudo na capacidade de reprodução, passo decisivo no caminho para a idade adulta.
É sobretudo um momento de transformações físicas, biológicas e de oscilações emocionais, provocadas pelas alterações hormonais em processamento no organismo. Nesta fase, o corpo está particularmente empenhado na produção de hormonas sexuais designadas de testosterona nos meninos e de estrogénio nas meninas, entre outras, preparando-o para a urgência da reprodução.
Para isso, o crescimento acelera, os órgãos sexuais começam a ganhar definição e tem início o “milagre” da fertilidade. É um processo complexo e particularmente difícil, quer para os adolescentes que têm de conviver com as transformações que muitas vezes não entendem completamente, quer para todos os que o rodeiam já que terão de se adaptar às alterações de humor e às frequentes crises existenciais por eles experimentadas.
Todavia, toda essa capacidade de transformação física e psicológica de que a natureza dotou o ser humano é essencial para a manutenção da espécie e tem como objetivo proporcionar as condições para dar continuidade ao processo de reprodução.
Puberdade nos meninos
O crescimento dos testículos e o adelgaçamento do escroto (pele envolvente dos testículos) são os primeiros sinais da puberdade, registando-se normalmente entre os 9 a 10 anos, seguindo-se posteriormente uma ligeira pigmentação do escroto, o crescimento do pénis e o aparecimento dos primeiro pelos púbicos.
Outros sinais caraterísticos da puberdade nos meninos, são o engrossamento da voz; aparecimento de pelos no peito, pernas, axilas e púbis; primeiros sinais de barba; desenvolvimento muscular e ombros mais largos; aparecimento de acne na face; desenvolvimento dos órgãos de reprodução (testículos e pénis); produção de espermatozoides e primeira ejaculação, que poderá surgir espontaneamente enquanto dorme ou durante uma experiência de masturbação.
Na puberdade, as ejaculações noturnas durante o sono são muitas vezes frequentes, podendo também ocorrer espontaneamente durante o dia, podendo neste caso tornarem-se embaraçosas se acontecerem em espaços públicos ou numa sala de aula.
Nesta fase da puberdade, embora não constitua regra, alguns meninos podem revelar desenvolvimento algo exagerado das glândulas mamárias, fenómeno que os profissionais designam por ginecomastia puberal, condição que em mais de 94 por cento dos casos tende a desaparecer durante a adolescência, mas que se persistir, ou o seu crescimento for excessivo, causando transtornos físicos ou psicológicos ao adolescente, deverá ser consultado um médico especialista.
Puberdade nas meninas
Nas meninas, considera-se que a fase da puberdade se completa quando termina o processo de desenvolvimento dos órgãos sexuais caraterísticos dos géneros masculinos e femininos e se atinge a capacidade reprodutiva.
O primeiro sinal da puberdade nas meninas coincide geralmente com a formação do botão mamário entre os 8 a 12 anos, sendo o intervalo até à menarca (primeira menstruação), de aproximadamente 2 a 3 anos, situando-se atualmente em 12,7 anos a idade média de aparecimento da menarca e com esta uma série de transformações corporais que já se vinham manifestando na conhecida fase pré-puberal.
Com o aparecimento dos primeiros sinais, outras caraterísticas distintivas da puberdade nas meninas são o desenvolvimento dos seios e dos órgãos genitais; aparecimento de pelos pubianos na genitália e axilas; definição das formas corporais ocasionadas pelo acúmulo de gordura em partes específicas (quadris e coxas); aparecimento de erupções na pele (acne ) e início da menarca.
O período da primeira menstruação, também conhecido por menarca, é o processo cíclico mensal de fluxo de sangue que é eliminado pela vagina entre a puberdade e a adolescência, fenómeno que ocorre normalmente a cada quatro semanas sendo a sua duração muito variável de mulher para mulher, mas na maioria dos casos de 3 a 4 dias.
De salientar que em geral as primeiras menstruações são habitualmente muito irregulares, podendo por vezes ocorrer duas vezes por mês. Tal irregularidade nada tem de anormal, porém convirá procurar aconselhamento junto de um ginecologista que deverá orientar as primeiras ocorrências menstruais.
Em rigor, não existe uma idade certa para a ocorrência da puberdade ou adolescência, quer nos meninos quer nas meninas ou nos meninos e meninas entre si. Cada ser humano é único, repleto de singularidades, tendo cada um o seu próprio ritmo de crescimento e desenvolvimento, podendo no entanto estabelecer-se uma média como referência padrão. Os parâmetros indicativos de idade para os primeiros indícios da puberdade, diferentes para os meninos e para as meninas, não significam que todos vão entrar na puberdade nas fases indicadas. É no entanto considerado normal o início da puberdade até os treze anos nas meninas e catorze nos meninos.
Quando ocorre fora destes intervalos é considerada anormal, sendo designada por:
Puberdade precoce, quando ocorre antes dos 8 anos em meninas e 9 anos em meninos. Todavia, segundo um recente estudo realizado na Dinamarca, este período tem vindo a ocorrer cada vez mais cedo nas meninas, apontando para que, em média, atingem esta fase antes dos 10 anos de idade, quando no século XIX a idade era de 15 anos para as meninas e cerca dos 17 para os meninos.
Puberdade atrasada, quando não surge nenhuma das caraterísticas de desenvolvimento físico ou sexual enunciadas, até aos 13 anos nas meninas e 14 anos nos meninos. Em algumas meninas, o aparecimento dos primeiros sinais como o despontar dos mamilos, que deve dar-se entre os 10 a 14 anos, pode ser tardio e ultrapassar os 14 anos. Nestas circunstâncias, é aconselhável procurar um especialista, que irá fornecer as devidas orientações de procedimento e facilitará o encaminhamento para um tratamento adequado, caso determine ser necessário.
A puberdade não origina apenas mudanças físicas, mas sobretudo profundas alterações psicológicas com as quais é necessário saber lidar e às quais os pais e familiares mais próximos também terão de estar atentos a fim de proporcionarem às meninas e meninos a ajuda essencial para o seu desenvolvimento saudável.
As alterações hormonais despertam a sensibilidade sexual sendo por isso neste período que muitos adolescentes iniciam relações sexuais por vezes de forma esporádica. Nesta fase, é comum observarem-se casos de rebeldia, depressão, instabilidade emocional, que alternam com estados de euforia, entusiasmo, energia física e inquietação sem limites, tudo isto fatores de construção da sua identidade e formação do seu caráter definitivo.
É o momento em que se inicia a separação dos filhos em relação aos pais e a procura de novos laços afetivos fora do lar onde cresceram, podendo nesta altura surgir alguns conflitos cuja resolução será tanto mais satisfatória quanto a solidez dos laços familiares até aí estabelecidos entre pais-e-filhos.