APARELHO LOCOMOTOR
MEDICINA E MEDICAMENTOS
Tupam Editores
O aparelho locomotor é constituído pelos sistemas ósseo, articular e muscular. Estes três conjuntos de órgãos unem-se à volta do objectivo comum de proporcionar movimento. O aparelho locomotor não é independente nem autónomo por interagir com vários sistemas, como, por exemplo, o sistema nervoso, de que depende, para controlo do movimento motor.
Todo o aparelho é formado por estruturas cuja função é sustentar e produzir o movimento do corpo, dando origem ao sistema musculoesquelético. O elemento passivo do sistema é formado pelos ossos, cartilagens e ligamentos articulares, enquanto os músculos, ao ligarem-se aos ossos e ao contraírem-se, são responsáveis pelo movimento e deslocação corporal, para além de manterem unidas as peças ósseas em posições específicas.
O conjunto de cartilagens e ossos é denominado esqueleto humano. Este é formado por mais de 200 ossos no adulto, variando com o seu tamanho e forma, sendo alguns longos, como o úmero ou o fémur, outros planos e lisos, como o das costelas, ou ainda curtos e com dimensões semelhantes, como os do carpo e do tarso, havendo também ossos irregulares, como os das vértebras.
As funções do sistema esquelético abrangem o suporte e protecção de órgãos internos vitais, como o coração, pulmões ou cérebro, para além do armazenamento de minerais e produção de células sanguíneas, através da medula óssea. Deste sistema faz também parte a coluna vertebral, composta por 33 vértebras alternadas com discos vertebrais, que permite dar flexibilidade ao tronco. A estrutura mais complexa do esqueleto é o crânio, na qual se inclui o neurocrânio, que protege o encéfalo.
Apesar da sua solidez, os ossos são também relativamente flexíveis, encontrando-se em constante renovação. A infância e adolescência correspondem a períodos de crescimento e mineralização. Em idades mais avançadas, os ossos tornam-se mais frágeis e as fracturas ósseas são mais frequentes devido ao processo de desmineralização e destruição de tecido ósseo. Por isso se aconselha o exercício físico nestas duas etapas da vida, dado contribuir para um desenvolvimento equilibrado dos ossos no adolescente e para uma maior robustez óssea no idoso, prevenindo fracturas. Para impedir maior desgaste, a superfície do osso, na zona de articulação com outro, deve ser lisa para o reduzir e daí ser revestida com cartilagens. Trata-se de um tecido liso, resistente e protector, que funciona como amortecedor de choques, reduzindo também o atrito.
Do sistema locomotor fazem também parte as articulações, tecidos que permitem a ligação entre dois ou mais ossos e podem variar segundo o seu grau de movimento ou a sua estrutura. Nesta última, as articulações podem ser fibrosas (ossos unidos por tecido conjuntivo fibroso), cartilaginosas (unidos por cartilagem) ou sinoviais (possui um espaço entre os ossos). A produção de sinóvia nas articulações diminui progressivamente com a idade, emergindo o envelhecimento articular que pode ser influenciado por factores genéticos ou devido ao desgaste natural.
Em relação ao eixo do movimento, as articulações podem classificar-se em fortes e imóveis, conhecidas por sinartroses e mais flexíveis. Por isso possibilitam os movimentos, nomeadamente a anfiartrose e a diartrose. As articulações situadas entre os ossos planos do crânio correspondem ao primeiro tipo, enquanto do segundo tipo fazem parte as articulações pubianas e as intervertebrais com movimento limitado. Finalmente, no terceiro tipo pode incluir-se uma outra classificação que divide as articulações em três, de acordo com o eixo em que é realizado o movimento: monoaxial, quando a mobilidade é realizada à volta de um eixo, apenas permitindo movimentos de flexão e de extensão, como no caso da articulação do cotovelo; biaxiais, quando realizam, para além dos movimentos do subtipo anterior, outros como a adução e a abdução tão características dos movimentos do punho; por último, as articulações que permitem uma maior amplitude de movimento, como no caso dos ombros com rotação interna e externa ou ainda dos movimentos dos membros inferiores, que permitem a locomoção para trás, frente e lados, correspondendo a articulações do tipo triaxial ou poliaxial.
O puzzle não ficaria completo sem abordar o sistema muscular que determina a movimentação dos membros, vísceras e órgãos internos, através da peculiar propriedade de contracção e distensão das células. Quando um músculo se contrai o oposto relaxa, originando movimento ou ampliando a sua intensidade. O corpo humano possui mais de 600 músculos unidos na sua maior parte aos ossos através dos tendões, embora muitos outros não estejam ligados à estrutura óssea e possuam funções específicas, como a língua, o coração ou os músculos do aparelho digestivo.
Para além da capacidade dos músculos produzirem movimento, pode ainda destacar-se o seu contributo como estimulantes dos vasos sanguíneos, assim como para a estabilidade articular e manutenção da postura através das terminações nervosas existentes no tecido muscular. Por outro lado, os músculos fornecem informação sobre o estado fisiológico do corpo e são considerados biotransformadores ao participarem na conversão de energia química em mecânica.
O músculo é o órgão de maior adaptabilidade, pois consegue modificar o seu conteúdo e a sua forma em fracções de segundo. Quando não é utilizado pode rapidamente atrofiar, diminuindo o seu tamanho e força, mas o processo é reversível e, com exercício adequado, pode voltar à sua dimensão original.
Embora os vários elementos do sistema musculoesquelético possam mostrar bom desempenho, a sua frequente utilização provoca desgaste, lesões ou inflamações que podem originar dor crónica e incapacidade física.
As lesões podem variar desde as mais superficiais, como as entorses ou contusões, até às simples distensões musculares que ocorrem sobretudo na região lombar e nas coxas. O seu grau traumático pode ser mais elevado quando atinge as articulações ou os ossos, como nas luxações ou fracturas. Nesta última patologia, a gravidade depende da fractura ser fechada (quando não há rompimento da pele), ou aberta quando fica exposta ao meio externo, com risco de contaminação. Embora dolorosas e até geradoras de futuras complicações, na sua maior parte, estas lesões curam-se por completo, ao contrário do que ocorre nas inflamações articulares e dos tendões, provocando as conhecidas artrites e tendinites.
Na primeira situação, o processo inflamatório pode ser generalizado – uma característica típica da artrite reumatóide – tornando-se crónico e persistente. É considerada uma doença auto-imune, que se caracteriza pela inflamação da cápsula sinovial das articulações, podendo ocasionar, para além de dores intensas, rigidez e deformidades progressivas, responsáveis pela incapacidade funcional.
A artrite reumatóide não deve ser confundida com o reumatismo. Esta última perturbação corresponde a um conjunto de doenças que, em dado momento, provocam dor ou incapacidade, não apenas nas articulações, mas também nos músculos, tendões e ossos. A inflamação pode atingir tecidos conjuntivos de outros órgãos, como os rins, pulmões e pele. A sua causa não é ainda bem conhecida, embora se especule sobre a sua relação com a imunidade ou o sistema de defesa que passa a agredir o próprio organismo. Com a denominação de doença reumática incluem-se ainda outras perturbações, como a artrose, a gota, a tendinite provocada por esforços repetitivos, a bursite associada a desportos como o ténis ou a natação, a dor ciática, que atinge o nervo mais longo do corpo e cuja dor persistente se inicia na região lombar, passando pelas nádegas e atingindo a parte inferior de uma ou de ambas as pernas.
O impedimento permanente dos movimentos, assim como a degeneração prematura das articulações, pode originar as chamadas artroses, com uma incidência maior nas mulheres, sobretudo a partir dos 45 ou 50 anos. Pelo contrário, a artrite gotosa, que além de febre também provoca limitação de movimentos, atinge mais o grupo masculino. Em causa está uma reacção inflamatória aos cristais de urato, que se depositam nas articulações devido a distúrbios do metabolismo do ácido úrico, sendo as regiões mais afectadas os tornozelos, joelhos, cotovelos e dedos do pé.
Outra doença do foro reumático é a espondilite anquilosante. Consiste na inflamação das juntas da coluna e grandes articulações como as dos quadris e ombros. De origem desconhecida, a doença por enquanto não tem cura, embora se aconselhe uma terapia de exercícios, assim como o recurso a analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares para alívio das dores. Lombalgias e hérnias discais também podem ser incluídas no grupo de doenças reumáticas, para as quais influem factores genéticos e antropológicos, obesidade, fumo, actividades repetitivas, traumas, sedentarismo ou maus hábitos posturais.
Um caso particular que também pode ser incluído nas doenças reumáticas, embora não afecte as articulações, é a fibromialgia. Trata-se de uma síndrome clínica, caracterizada por um conjunto de sintomas, sem que seja identificada uma origem única para todos eles. A sua principal característica é uma dor generalizada, que ataca principalmente os músculos, combinada com a falta de sono repousante, estados depressivos e fadiga crónica.
Há ainda outros transtornos que podem afectar directamente os ossos e o próprio esqueleto humano, como a escoliose (desvio da coluna vertebral para a esquerda ou direita), a hiperlordose, associada a curvaturas lombares e cervicais anormais da coluna, ou ainda a cifose, mais conhecida por corcundez, que provoca um aumento da concavidade anterior da coluna. Em geral, estes distúrbios relacionam-se com más posturas ou a prática de determinadas actividades.
Os desequilíbrios hormonais podem também afectar os ossos e articulações, como ocorre na osteoporose, cuja característica principal é a diminuição da massa óssea decorrente da desmineralização dos ossos. À medida que os ossos perdem densidade, tornam-se também mais frágeis e propensos a fracturas. Contudo, a doença pode ser diagnosticada antes de se verificar fractura, recorrendo a exames que meçam a densidade óssea, sendo o mais adequado a absorciometria de raios X de energia dupla, um processo rápido, indolor e sem riscos para a saúde. Na osteoporose, mais importante que o tratamento é a sua prevenção, de forma a manter ou aumentar a densidade óssea. Neste sentido é conveniente ingerir doses adequadas de cálcio, suplementos de vitamina D, assim como realizar uma correcta prática de exercícios físicos, privilegiando os que implicam o suporte do peso corporal, designadamente andar ou subir escadas.
Para tratamento desta patologia, há quem recorra à THS (terapia hormonal de substituição), embora a sua utilização se mantenha controversa. Recentemente surgiram no mercado alternativas com medicamentos baseados no raloxifeno que, embora menos eficazes contra a osteoporose que o estrogénio, implicam menos risco para a saúde.
Os bifosfonatos, nos quais se incluem o alendronato sódico ou as calcitoninas, são também aconselhados, sobretudo no caso de doentes com osteoporose pós-menopáusica. As fracturas resultantes da osteoporose também devem ser tratadas, sendo a mais grave a que ocorre na anca, implicando a sua substituição total ou parcial. Podem também surgir fracturas nos pulsos, em que a aplicação de gesso é suficiente, ou ainda afectar as vértebras, situação que obriga à utilização de coletes ortopédicos, para além do recurso a analgésicos e à fisioterapia, para alívio das dores.
À semelhança da osteoporose, o raquitismo decorre da carência de vitamina D, o que impossibilita a absorção do cálcio e do fósforo, provocando, em situações mais graves, deformações nas pernas (formato em arco) e ossos quebradiços. A doença, mais frequente em países em desenvolvimento, pode ser revertida através de suplementos na dieta e adequada exposição solar, embora demore alguns meses ou anos até as deformidades desaparecerem.
Outros transtornos do aparelho locomotor relacionados com causas genéticas são a espina bífida, caracterizada por uma deficiência no desenvolvimento da medula espinal e da coluna vertebral, ocasionando paralisia e anomalias sensitivas nas extremidades inferiores; amiotrofia espinal, que também provoca paralisia, sendo muito grave quando se revela nos primeiros meses de vida; paralisia cerebral, causada por uma lesão do cérebro antes, durante ou após o nascimento e que interfere com o desenvolvimento do sistema nervoso, afectando não apenas a motricidade, como também o tónus muscular, o movimento e a postura; doença de Paget do osso, perturbação crónica do esqueleto consistindo no crescimento anormal de certas regiões do osso, sendo que essa hiperactividade das células ósseas também pode ser causada por uma infecção viral, que despoleta a doença desde que haja predisposição genética; distrofia muscular, doença que afecta o tecido muscular e que provoca desde a perda gradual da mobilidade até incapacidade severa e morte, como na distrofia muscular de Duchenne cuja esperança de vida não vai além dos 20 anos.
Com sequelas também muito graves a nível dos ossos, é a osteogénese imperfeita ou doença de Lobstein que se caracteriza pela deficiência de colagénio ou incapacidade de sintetizar essa proteína, provocando ossos anormalmente quebradiços. Muitas das crianças que nascem já com fracturas múltiplas e crânio mole, ou não conseguem sobreviver ou são afectadas por lesões cerebrais posteriores.
De referir ainda a acondroplasia, normalmente conhecida por nanismo, cuja incidência é de 1 para cada 15 mil recém-nascidos. A acondroplasia pode criar dificuldades de diagnóstico pois desde o início algumas crianças nascem com o comprimento normal, embora na fase adulta não venham a ultrapassar 1,40 m de altura.
No lado oposto surge a acromegalia, uma doença hormonal causada pelo excesso de secreção da hormona de crescimento, podendo também derivar de tumor na glândula pituitária. Para esta doença, em que os indivíduos podem atingir estaturas próximas dos 2,75 metros, há tratamento para reduzir a produção daquela hormona através de medicamentos, ou extirpando o tumor.
Estas anomalias genéticas podem ser despistadas e prevenidas. A condição é que os progenitores procurem aconselhamento genético com o objectivo de avaliar futuras gestações em que este tipo de doenças não se manifeste.
No entanto, há lesões a nível da medula espinal que tanto podem ser genéticas como causadas por doenças ou traumatismos, em fases posteriores ao nascimento. Desencadeiam situações de tetraplegia ou paraplegia, conforme afectem os quatro membros ou apenas os membros inferiores.
Por último, cabe ainda destacar o papel que desempenham os tumores do aparelho locomotor. Segundo a Organização Mundial da Saúde, existem pelo menos 90 tipos de neoplasias de partes moles e mais de 50 ósseas, embora cerca de metade corresponda a situações benignas.
A terapia no caso dos tumores ósseos malignos poderá envolver cirurgia, combinada ou não com tratamentos de radioterapia ou quimioterapia. As opções devem ser avaliadas pelo médico e pelo paciente de acordo com a idade, a evolução e agressividade do tumor e a região afectada. A eficácia do diagnóstico e do tratamento utilizado desde o início influencia a possibilidade de cura.
No pior dos casos, os tumores podem ser metastáticos ao propagarem-se ao osso a partir de um ponto de origem, que pode ser o pulmão, a mama, a próstata, rim ou qualquer outro órgão. Nesta situação está-se na presença de um tumor secundário. O sinal de alarme habitual é dor intensa ou ocorrência de fractura no ponto em que o tumor debilitou o osso e que possibilita a detecção e localização do tumor original através de biópsia. Os tumores podem também ser primários ou com origem no próprio osso, enfraquecendo-o e partindo-o, mesmo com diminuta sobrecarga ou pressão.
O sarcoma de Ewing, o condrossarcoma, o fibrossarcoma ou o sarcoma osteogénico – sendo este último o cancro de osso mais frequente e agressivo –, são tumores que correspondem ao grupo primário. Este tipo de tumor afecta sobretudo as crianças enquanto o metastático é mais frequente na fase adulta. De referir ainda os tumores não cancerosos, nos quais se podem incluir os osteocondromas, os condromas benignos, os condroblastomas, os fibromas condromixóides e os tumores de células gigantes.
Se bem que muitas das doenças que afectam o sistema musculoesquelético sejam de origem genética ou surjam associadas a processos degenerativos, há outras que podem ser prevenidas, sendo de efeito reversível. As lesões mais ligeiras, que afectam os músculos, ligamentos ou tendões, podem ser tratadas apenas com o recurso a compressas mornas ou frias, imobilização com talas e ligaduras, muito repouso e, em algumas ocasiões, o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, sempre que sejam atingidas várias articulações.
Contudo, há outras doenças que envolvem o aparelho locomotor, para as quais mais vale seguir o ditado popular de "prevenir antes que lamentar", pois as consequências podem ser muito graves e comprometer o desempenho físico e a qualidade de vida.
Manter uma boa saúde e ossos fortes deve ser essencial, através do consumo de alimentos ricos em cálcio, como os lacticínios e as verduras. Exposição solar e exercício físico adequados, em particular nas mulheres com predisposição para fragilidade óssea, deve ser outra das prioridades para quem pretenda evitar as sequelas no futuro.
Cuidados com a postura e o levantamento de pesos, assim como evitar desportos arriscados ou, pelo menos, praticá-los só com muito treino e prudência é conveniente, por forma a evitar traumatismos e lesões graves e irreversíveis. Por outro lado, deve criar-se, tanto no local de trabalho como em casa, no carro ou no exterior, um ambiente seguro de modo a reduzir a incidência de acidentes, quedas ou queimaduras.
No local de trabalho a utilização de acessórios e equipamentos de protecção nas profissões de risco ou de desgaste deve ser norma obrigatória, apesar de ainda se verificar alguma negligência nesta área. Porém, tem havido avanços em relação aos Distúrbios Musculoesqueléticos Ocupacionais (DMO), seja através de abordagens mais holísticas e multidisciplinares nas terapêuticas, como também na sua prevenção, corrigindo os factores ergonómicos e biomecânicos que estão na sua origem. Por outro lado, a reabilitação deve ser instituída numa fase precoce, impedindo o entorpecimento e atrofia musculoesquelética. Medidas de fisioterapia que abranjam a termoterapia, a electroterapia, a cinesioterapia ou a hidroterapia podem trazer benefícios na recuperação.
São raros os casos de DMO que obrigam a tratamento cirúrgico, embora muitos doentes tenham de recorrer a antidepressivos ou analgésicos para aliviar a dor crónica, muito frequente neste tipo de distúrbios, ou ainda em pacientes com quadros agudos relacionados com a postura, como os torcicolos ou as lombalgias. Os anti-inflamatórios não hormonais, assim como os corticosteróides sistémicos, podem também revelar-se úteis no tratamento de tendinites e bursites ou nas doenças localizadas nas bolsas sinoviais e baínhas tendíneas.
A farmacoterapêutica está também presente no tratamento de doenças musculoesqueléticas não relacionadas com o local de trabalho. O paracetamol é a primeira escolha na patologia articular degenerativa e na lesão de tecidos moles.
Os salicilatos foram utilizados durante muitos anos no combate da dor e inflamação na artrite e febre reumática, embora, mais recentemente, tenham sido substituídos pelos anti-inflamatórios não esteróides (AINES’s), com menor agressividade gástrica, mas de custos mais elevados. Para a artrite reumatóide existem outros fármacos capazes de retardar ou impedir a sua progressão. São exemplos, o metotrexato e os sais de ouro, ou ainda os imunossupressores e antipalúdicos. Para as crises agudas de gota o mais indicado é a colquicina, a probenecida e, como inibidor da biossíntese do ácido úrico, o alopurinol.
Os relaxantes musculares, como o baclofeno, o diazepam e o midazolam, podem ser benéficos neste tipo de afecções, embora a terapêutica só tenha sucesso se for combinada com medidas não farmacológicas, como a perda de peso, uma dieta correcta e exercício físico, não descartando, em alguns casos, o recurso a procedimentos psicoterápicos, ortopédicos e cirúrgicos com o intuito de reabilitar funções e corrigir deformações.
No tratamento da osteoartrose, mais conhecida por artrite ou artrose, os avanços têm sido significativos, substituindo os habituais anti-inflamatórios pela glucosamina. Esta substância não age apenas na zona de inflamação, combatendo a dor, como também restaura parte da cartilagem perdida.
As calcitoninas têm um campo de aplicação muito vasto. Vai desde as hipercalcémias, hiperparatiroidismo, doença de Paget até à osteoporose. Nesta última situação, o raloxifeno tem sido eficaz como substituto do estrogénio.
Por outro lado, as últimas descobertas a nível da cirurgia ortopédica têm permitido a implantação de próteses cada vez mais avançadas, eficazes e funcionais, aumentando a qualidade de vida de doentes que sofrem de artrose ou outro traumatismo ósseo. Actualmente, a nanotecnologia oferece oportunidades de inovação muito promissoras, tanto na medicina como na ortopedia, possibilitando, eventualmente, a reconstrução de tecidos danificados, ossos, cartilagens e tendões. A grande vantagem é que os novos biomateriais, de preparação sintética e biocompatíveis, podem ser injectados, não se prevendo rejeição pelo sistema imunitário.
No futuro, o desafio será a aplicação desta tecnologia no tratamento de doenças crónicas do sistema musculoesquelético, não apenas na reconstrução da cartilagem de articulações, como também na melhoria dos implantes. No entanto, o maior impacto, a curto prazo, da nanotecnologia poderá ocorrer no diagnóstico precoce e no tratamento específico de tumores ósseos, por meio de quimioterapia dirigida, com a utilização de nanopartículas ou nanoesferas.
No início do milénio, a OMS declarou o período 2000-2010 como a Década dos Ossos e das Articulações, prevendo um maior investimento, tanto na pesquisa como nos recursos nesta área. Mas ainda há muito por fazer, sobretudo, a nível da prevenção e consciencialização das pessoas.
É que apesar dos grandes avanços da ciência, muitas das doenças e distúrbios passam pela prevenção e melhor protecção desta valiosa "armadura de betão" que constitui o aparelho locomotor. É a interacção complexa dos seus componentes que permite ao homem exercer a sua actividade funcional, desde a cabeça aos pés, contrariando a gravidade e evitando as quedas a cada passo que dá.
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Autor:
Tupam Editores
Última revisão:
09 de Abril de 2024
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