Com a evolução do conceito de saúde, que actualmente significa "um estado de completo bem-estar", as pessoas estão cada vez mais a valorizá-la, tendo vindo a adoptar estilos de vida progressivamente mais saudáveis. Consequentemente, a sociedade passou a ter uma nova dinâmica, nomeadamente na área do turismo de saúde, uma das áreas turísticas em franco crescimento, em particular no espaço europeu.
Uma das vertentes do turismo de saúde é o termalismo, uma prática ancestral, que sempre esteve ligada ao tratamento de várias afecções, o denominado termalismo clássico, mas que agora disponibiliza várias técnicas termais para prevenir problemas de saúde, reduzir o stress e os problemas que dele advêm e manutenção, favorecendo o bem-estar físico e psicológico do utente.
Deste modo, as termas estão a tornar-se lugares de relaxamento e rejuvenescimento por excelência.
Consideram-se águas termais ou mineromedicinais aquelas que nascem no interior da Terra e que emergem espontaneamente ou mediante captação e cujas características físico-químicas – potente ionização, mineralização, radioactividade, gases e variações de pH – podem ter efeitos terapêuticos.
Apesar de não terem sido desenvolvidos muitos estudos que postulem os efeitos benéficos do termalismo – terapia através da água – não existe qualquer dúvida de que é fonte de bem-estar, tendo sido considerado pela Organização Mundial de Saúde como um tratamento coadjuvante, válido, para múltiplas afecções.
Entre as propriedades terapêuticas das águas destacam-se as suas capacidades analgésicas e calmantes, de depuração sanguínea, eliminando as toxinas, de reactivação do metabolismo, de redução do sistema termorregulador, de relaxamento muscular, tonificantes e reconstrutoras.
A chave deste sucesso baseia-se no jogo entre a tensão/relaxamento e actividade/repouso. Os minerais da água são absorvidos em pequenas quantidades através da pele (na maioria das vezes), sendo em seguida depositados no tecido celular subcutâneo, área onde inciciam a activação do metabolismo orgânico através do eixo hipotálamo-hipofisário-suprarrenal.
Dependendo das características de mineralização e das técnicas hidrológicas de cada estância termal, na maioria dos locais podemos usufruir das principais técnicas hidroterapêuticas externas (balneoterapia e fisioterapia) e internas (ventiloterapia, balneoterapia e ingestão).
As técnicas hidroterapêuticas externas mais utilizadas são os banhos de imersão – o termalista imerge numa banheira de água parada para usufruir dos benefícios da temperatura da água e dos seus componentes minerais –, de hidromassagem – o termalista é massajado através de jactos de água que jorram das paredes da banheira, controlados por via electrónica –, o duche Vichy com massagem – o utente está deitado em decúbito ventral e sob duches de água termal é-lhe aplicada uma massagem –, o subaquático – realizado em banheira de água termal, é direccionado um jacto de água submerso para a zona a tratar –, o escocês – tem como objectivo a revitalização, tonificação muscular, estimulando a circulação e actuando contra a celulite –, o lombar – tem como objectivo o alívio das dores musculares –, o aix – permite uma relaxamento profundo através da associação dos benefícios das águas termais com os da massagem –, o circular – o termalista recebe água de vários chuveiros em todo o corpo com a excepção da cabeça e dos pés.
As técnicas de fisioterapia são a massagemsueca geral – é aplicada ao corpo todo e tem como objectivo provocar efeitos reflexos, mecânicos e estimulantes – e a massagem manual parcial – é aplicada a uma determinada zona do corpo.
As técnicas hidroterapêuticas internas caracterizam-se pela ingestão de água e gargarejos – o termalista usufruiu, mediante prescrição médica, das propriedades físico-químicas da água termal –, inalação – insere-se na ventiloterapia, na qual o termalista inala água termal transformada em vapor – enteróclise – aplicação de água termal através de um clister – irrigação – aplicação de água em forma de duche nas zonas a serem tratadas, entre outras, zona vaginal, rectal (semicúpio) ou nasal (ventiloterapia).
As termas portuguesas estão cada vez mais dinâmicas. Adaptando-se aos novos tempos, oferecem em simultâneo serviços de termalismo clássico e de bem-estar (estético, físico, psicológico), permitindo às pessoas fugir do stress e dos problemas diários, refugiando-se em lugares idílicos, descontraídos, geralmente rodeados de uma grande riqueza paisagística e arquitectónica.
Iniciaremos a nossa viagem termal, sentido Norte-Sul, parando em apenas algumas das muitas termas de Portugal, um percurso trilhado desde há muito pelos nossos antepassados.
As termas Caldas do Gerês, imersas no luxuriante parque Nacional da Peneda-Gerês, têm as águas mais fluoretadas de Portugal e da Europa, sendo igualmente hipertermais, bicarbonatadas, sódicas, hipossalinas, líticas e siliciosas.
Estas são indicadas para o tratamento de afecções do aparelho digestivo (fígado, bílis), circulatório (hipertensão arterial) e doenças metabólico-endócrinas (diabetes e obesidade) para a gota e cálculos renais. As principais técnicas termais aqui disponibilizadas, são a ingestão de água, duches de jacto, escocês, circular, Vichy, banho de imersão, subaquático, bolha de ar, sauna, banho turco (vapor) e inalações. Dispõe ainda de serviços fisioterapêuticos.
As águas das termas de Caldelas, utilizadas desde o tempo dos romanos, são hipossalinas, fluoretadas, com reacção alcalina e macia, apresentando um pH de 8,05 e uma mineralização de 134,5 mg/l. São indicadas para tratar doenças do aparelho digestivo (cólon irritável, obstipação, disfunções da vesícula biliar; dispepsias e flatulências), reumáticas (reumatismo degenerativo e peri-articular), do aparelho respiratório (rinite atópica e asma brônquica) e algumas dermatoses crónicas (insuficiência venosa dos membros inferiores e hemorróidas, vaginites crónicas e colibaciloses.)
As principais técnicas termais aqui utilizadas são ingestão de água, banho de imersão simples ou com duche subaquático, enteróclises, gota a gota, duche jacto, circular, Vichy, piscina termal, várias massagens, inalações e irrigações nasais, pulverização, nebulização, banho turco e exfoliação.
As termas de Alcafache, de natureza sulfurosa, são indicadas para doenças músculo-esqueléticas (reumatismos crónicos, osteoporoses, espondilartroses, coxartroses, gonartroses, ciatalgias), recuperação de dificuldades motoras por acidentes ou no pós-operatório ortopédico, afecções do foro pneumológico e otorrinolaringológico (rinites, sinusites, faringites, bronquites crónicas e asmáticas) e curas de desintoxicação (anti-stress e antifadiga).
As técnicas termais disponíveis são: banho de imersão com hidromassagem e bolha de ar, duche de agulheta, Vichy, Vapor parcial na coluna, mãos e pés, aerosol, pulverização, irrigações nasais, entre outras.
As termas de S. Pedro do Sul tem uma água termal "fracamente mineralizada, "doce", com reacção muito alcalina, bicarbonatada, sódica, carbonatada, fluoretada, sulfidratada e fortemente silicatada. A mineralização total é de 355 mg/l, a sulfuração total é de 22, a alcalinidade total é de 23 e a dureza é de 0,8. Na emergência, a sua temperatura é de 68,7º C, pH 8,82 a 18º C.
Estas águas são indicadas para afecções das vias respiratórias, afecções reumáticas e músculo-esqueléticas, doenças metabólico-endócrinas e medicina física e reabilitação.
Dispõem de técnicas de imersão geral, aerobanho, hidromassagem, vapor parcial duche geral, de jacto, de irrigação nasal, inalação, emanatório, nebulização, fisioterapia e piscinas termais, entre outras.
As águas das termas do Luso são utilizadas para curas de diurese e para o apoio no tratamento de litíase e insuficiência renal, hipertensão arterial, doenças respiratórias, doenças metabólicas, reumatismo e afecções do aparelho locomotor e patologias dérmicas.
As principais técnicas terapêuticas são a hidromassagem, duches Vichy e de agulheta, bertholet à coluna, mãos e pés, aerossóis, emanatório e piscinas de água termal para recuperação física e locomotora.
O Hospital Termal Rainha D. Leonor é o nosso motivo de orgulho, uma vez que é o primeiro hospital termal do mundo, tendo sido mandado construir pela Rainha D. Leonor em 1485.
As águas destas termas são sulfúreas, cálcicas e cloretadas. Brotam a uma temperatura média de 34,5 graus e são capazes de produzir substâncias semelhantes aos corticóides, sendo especialmente indicadas no tratamento de perturbações no aparelho locomotor, das vias aéreas superiores e patologias dermatológicas.
As termas de Monfortinho oferecem serviços para tratar doenças de pele (psoríase, eczemas, acne, celulite e úlceras), doenças hepato-vesiculares (gastrites, úlceras pépticas, colites espásticas, diverticuloses, síndromes hemorroidárias), doenças reumáticas (artrose, espondilose, tendinite, fibromialgia), doenças das vias respiratórias (rinite e sinusite) e litíase renal.
As principais técnicas utilizadas são o duche escocês, circular, subaquático, aix, as hidromassagens, a piscina termal, banhos bolha de ar, solário e a hidropressoterapia.
As termas do Vimeiro são indicadas para doenças de pele (dermatites e eczemas atróficos, acne e eczema, dermatoses crónicas e quelóides em cicatrizes), do aparelho digestivo (esófago-gastroduodenais, colites e patologias hepato-biliares) do aparelho circulatório (varizes, hemorróidas, hipertensão arterial e enxaquecas), aparelho respiratório (rinofaringites e sinusites, laringites, asma e bronquite crónicas).
Os principais tratamentos são a ingestão de águas, banho de imersão, hidromassagem, duche subaquático, Vichy, escocês, lombar, circular, irrigação ginecológica e nasal, aerossol, massagem sueca geral e massagem manual parcial.
Sanum per Aquam, vulgo SPA, tem vindo a tonar-se um destino de férias para os portugueses, quer como alternativa, quer como complemento. A frequência de uma estância termal, independentemente da eventual prescrição médica, é benéfica para o corpo e para a alma.
O indíviduo goza de um período de repouso/actividade, de uma alimentação saudável, de ar mais puro, das técnicas de balneoterapia, condições ideais para voltar ao mundo real com forças retemperadas e com a mente e corpo rejuvenescidos.
Face ao esperado agravamento das condições climáticas, torna-se necessário estar precavido e saber cuidar da pele, primeira linha de defesa do nosso corpo contra as intempéries.
Mais de metade da população mundial a viver em grandes cidades, torna-se urgente reinventar espaços onde as pessoas possam estar em contacto com a mãe-natureza.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.