Sabe que temas deve abordar numa consulta de ginecologia?
Para grande parte das mulheres, ir ao ginecologista é um tormento. Um estudo feito pela Liga Portuguesa contra o Cancro concluiu que em Portugal uma em cada quatro mulheres falha a consulta anual desta especialidade, pondo a sua saúde em risco.
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A promoção da saúde tem como base a aceitação de que os comportamentos em que nos envolvemos e as circunstâncias em que vivemos têm influência na nossa saúde. LER MAIS
É na visita ao médico ginecologista que se realiza o exame pélvico (papanicolau) que permite detetar infeções ou lesões e fazer o rastreio do cancro do colo do útero. O exame da mama integra também esta consulta, assim como uma conversa sobre vários aspetos da saúde e sexualidade: contraceção, planos de gravidez, menstruação ou menopausa, entre outros, adequados a cada mulher.
Ainda que haja conversas específicas, especialmente na presença de alguma condição que necessite de tratamento, existem alguns temas que devem ser abordados numa consulta de ginecologia, sem embaraço – até porque um ginecologista já ouviu de tudo. Por isso, por mais estranho ou irrelevante que lhe pareça não deixe de esclarecer as suas dúvidas.
Em caso de uma primeira consulta, a história familiar deve ser registada e ser atualizada regularmente, sempre que existam mudanças. A história familiar é uma ferramenta útil em Medicina, sendo importante para avaliar o risco de patologias, como o cancro da mama ou do cólon, diabetes tipo 2, problemas vasculares ou mesmo depressão. Os antecedentes familiares são igualmente relevantes no planeamento de uma gravidez.
Uma pergunta-chave em consulta é a data da menstruação. Esta data permite aferir o funcionamento normal do aparelho reprodutor. As falhas podem ser sinónimo de gravidez, mas também de stress, perda ou excesso de peso, desporto intensivo, síndrome de ovário poliquístico ou indício de menopausa.
As alterações na intensidade (duração, fluxo) ou regularidade são normais na maioria dos casos, contudo, acima dos 40 anos podem estar relacionadas com o cancro do endométrio, pólipos ou hiperplasia. Uma deteção precoce é fundamental para um tratamento eficaz, pelo que o médico ginecologista deve ser consultado.
As hormonas sofrem pequenas flutuações em cada dia, alterações mais intensas podem repercutir-se no estado de humor e de saúde. Se se sentir mais irritável ou ansiosa a culpa pode ser das hormonas. Mas há outros sinais que indicam um desequilíbrio: queda de cabelo, fadiga, insónia, aumento de peso, enxaquecas regulares no período ou na menopausa, perda de libido. Partilhe as suas preocupações.
Outro tema que deve ser abordado são as perturbações dolorosas associadas ao ato sexual – um dos distúrbios mais frequentemente associados à disfunção sexual feminina, que atinge 40 a 70 por cento das mulheres portuguesas. A dor genital ou pélvica na penetração impede o prazer sexual e deve ser levada a sério. A avaliação médica do problema permite definir um tratamento adequado.
Segundo dados da Associação Portuguesa de Urologia cerca de 33% das mulheres acima de 40 anos têm sintomas de incontinência urinária. O envelhecimento, a gravidez e o parto, o excesso de peso, entre outros fatores, podem estar na origem da fragilidade dos músculos da zona pélvica. Alertar o médico aos primeiros sintomas é vital para avaliar o problema e travar a sua evolução.
Os hábitos de vida, ainda que não lhe pareça, também têm impacto na saúde e o aparelho genital não é exceção. Fumar, por exemplo, é um dado importante a referir, já que influencia a escolha do método contracetivo. Em consulta, informe ainda o médico ginecologista sobre medicamentos e suplementos que esteja a tomar.
Não tenha receio de falar e, acima de tudo, não minta ou esconda comportamentos pois podem levar a diagnósticos errados.