Tirzepatida pode reduzir mortalidade por insuficiência cardíaca
Um medicamento indicado para ajudar a perder peso e controlar a diabetes também tem benefícios para os pacientes com insuficiência cardíaca, revelou um ensaio clínico internacional.
A prevalência da obesidade triplicou nos últimos anos, em muitos países europeus, aumentando, consequentemente, os gastos com a saúde.
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A obesidade é uma das principais causas de insuficiência cardíaca, e a equipa de investigação pretendia descobrir se o medicamento tirzepatida, de nome comercial Zepbound, indicado para o controle de peso crónico, poderia ajudar os pacientes com insuficiência cardíaca.
No estudo duplo-cego, randomizado e controlado por placebo, a equipa de investigadores selecionou aleatoriamente, numa proporção de 1:1, 731 pacientes com insuficiência cardíaca, uma fração de ejeção de pelo menos 50% e IMC de pelo menos 30, para receber tirzepatida (até 15 mg subcutaneamente uma vez por semana) ou um placebo, durante pelo menos 52 semanas.
Publicada nos jornais New England Journal of Medicine, Nature Medicine, Circulation e Journal of the American College of Cardiology, a investigação mostrou que a tirzepatida era benéfica para o tratamento da insuficiência cardíaca.
Durante o período de acompanhamento, 56 participantes dos 367 que receberam o placebo morreram ou a sua insuficiência cardíaca piorou, em comparação com 36 participantes dos 364 que tomaram a tirzepatida. Aqueles que tomaram a tirzepatida também emagreceram, tendo perdido, em média, 11,6% do peso corporal.
Além de os pacientes terem aumentado a distância que conseguiam percorrer em seis minutos, observaram-se ainda grandes reduções num marcador biológico utilizado para medir a inflamação e prever o risco de eventos cardíacos graves. Os efeitos colaterais da medicação foram na sua maioria leves, tendo sido referidas apenas náuseas e diarreia.
Num estudo complementar, o Dr. Christopher Kramer, chefe de medicina cardiovascular da UVA Health, investigou como o medicamento afetou a estrutura e a função do coração dos participantes. As ressonâncias magnéticas mostraram reduções benéficas no peso do coração e na gordura ao seu redor. Conclui-se, assim, que os seus benefícios não são apenas a perda de peso, o medicamento também está a conseguir reverter as propriedades anormais do coração causadas pela obesidade.
Para o especialista, o medicamento pode tornar-se uma parte importante do arsenal para pacientes com insuficiência cardíaca relacionada à obesidade e função cardíaca preservada.
