Um novo estudo publicado no jornal mSystems mostrou que o fumo do cigarro pode levar a uma desordem na composição da microbiota orofaríngea, o que aumenta a gravidade da infeção pelo vírus influenza A. Mas a relevância dessa desordem ainda não está clara.

Nos ratinhos que fizeram parte da investigação verificou-se que a microbiota intestinal e orofaríngea se alterou pela exposição crónica ao cigarro. Os investigadores tentaram desembaraçar o efeito do tabagismo e da microbiota desordenada expondo os animais ao fumo do cigarro e, depois, juntaram animais expostos ao fumo a ratinhos expostos ao ar (controle), com ratinhos livres de germes. Isto permitiu a transferência da microbiota de ratinhos doadores para os animais livres de germes.

Os animais originalmente livres de germes foram colonizados com bactérias de um ratinho exposto ao fumo ou ao ar. Posteriormente, os especialistas infetaram os ratinhos receptores com o vírus influenza A e monitorizaram o desenvolvimento da doença.

Verificou-se, então, que os ratinhos originalmente livres de germes que receberam bactérias de animais expostos ao fumo tiveram uma doença mais grave, que foi avaliada pelo aumento da perda de peso. Apurou-se ainda que a infeção pelo vírus estava associada a mudanças substanciais na composição da microbiota orofaríngea, especialmente no quarto e oitavo dia após a infeção.

De acordo com Markus Hilty, autor correspondente do estudo, não é apenas o tabagismo que tem impacto na doença respiratória, os dados indicam que a microbiota do fumador também pode ter impacto na doença respiratória e/ou infeção. Neste caso tem impacto na infeção viral. A desordem da microbiota induzida pelo cigarro é provavelmente um fator importante a considerar durante a infeção viral.