Nas sociedades pré-industriais, antes do aparecimento das técnicas de síntese química para obtenção de medicamentos e outros produtos de que o homem moderno largamente beneficia, recorria-se à mãe natureza para curar as maleitas e aliviar o sofrimento. Deste modo, a fitoterapia – tratamento à base de plantas – poderá ser considerada a forma mais primitiva de cura.
Mas os tempos mudaram, e a fitoterapia dos nossos dias é bem diferente da que era praticada na época dos nossos antepassados. Atualmente, a produção de fitoterápicos é feita com um enorme rigor científico. Os laboratórios farmacêuticos apostam cada vez mais nesta área, e têm vindo a desenvolver investigações em conjunto com povos indígenas que há séculos usam tratamentos à base de ervas, para uma melhor compreensão das propriedades curativas de algumas plantas.
Uma das plantas mais reputadas entre as que possuem propriedades terapêuticas, e cujos benefícios são os mais abrangentes, é a Aloé Barbadensis (Miller), vulgo Aloé vera, popularmente denominada por Babosa, em virtude da sua característica gelatinosa (baba).
Conhecida ainda por "lírio do deserto", "planta da imortalidade" ou "planta milagrosa" é utilizada pelo homem como planta medicinal há mais de 5500 anos, conforme registos em papiros egípcios datados de 3500 anos antes de Cristo.
Outros registos do seu uso com fins medicinais e cosméticos estão presentes nas civilizações árabe, grega, egípcia, romana, asiática e africana. Incluem-se aqui as citações bíblicas em Cantares 4:14 e João 19:39, além da história egípcia relatar que as suas rainhas Nefertite e Cleópatra usaram a babosa com grandes efeitos positivos como fitoterápico e cosmético.
Conta-se ainda que Alexandre, o Grande, teria tomado regiões da África e a ilha de Socotra, no oceano Índico, por aí existir uma grande quantidade de Aloé vera. Pelos seus efeitos biológicos a babosa foi largamente disseminada pelos continentes, tendo viajado para as Américas ainda com Cristóvão Colombo, onde se adaptou perfeitamente. Na segunda metade do século XX as pesquisas sobre esta planta foram intensificadas e muitos países como os Estados Unidos, França, Alemanha, Itália, Holanda, Japão e China, oficializaram o seu uso, tanto externo como interno. A espécie é, aliás, reconhecida nesses países como um alimento funcional ou complemento alimentar e utilizado para a manutenção ou recuperação da saúde.
A denominação "Aloé" deriva do grego alóe, do árabe alloeh e do hebraico halal, apresentando o mesmo significado nos três casos, que corresponde a "substância amarga e brilhante", enquanto "vera" significa verdadeira.
O género Aloé possui mais de 400 espécies mas, deste universo, apenas quatro espécies são seguras para uso em seres humanos, de onde se destacam a Aloé arborensis e a Aloé barbadensis Miller, sendo a última reconhecida como a espécie de maior concentração de nutrientes no gel da folha, e que possui propriedades medicinais valiosas.
Aloé é uma planta suculenta originária da África do Sul, da Província do Cabo, da África Tropical e de Madagáscar onde algumas espécies correm sérios riscos de extinção. Existe ainda na Península Arábica e Antilhas mas é hoje plantado um pouco por todo o mundo, onde é muito apreciado e utilizado devido aos seus múltiplos usos internos e externos.
Foi durante muito tempo considerada da família das Liliáceas, mas estudos recentes classificam-na como pertencente à famílias das Asphodeláceas. Podem atingir a altura de 60 cm, e possuem um talo curto com folhas grandes, carnosas, grossas, retas ou arredondadas medindo entre 30 a 60 cm de comprimento por 7-8 cm de largura, dispostas em forma de rosetas basais, e espigão com flores amarelas ou laranja. De cor verde, ocasionalmente manchadas e com 2 ou 3 espinhos aglomerados ao redor das bordas, possuem uma seiva amarelada de odor intenso e sabor picante, e rica em substâncias.
Da sua composição fazem parte água, 20 minerais, 12 vitaminas, 18 aminoácidos, 200 componentes vegetais ativos (fitonutrientes), onde se incluem enzimas, terpenos – um fitonutriente que reduz o açúcar no sangue –, gliconutrientes e glicoproteínas; polissacarídeos, incluindo Acemannan, Mannose-6-fosfato, polimannans; e glicosídeos fenólicos, como as dihidrocumarinas.
Os seus benefícios, contudo, só podem ser aproveitados em plenitude quando a planta atinge a maturidade, o que leva entre quatro a cinco anos. Nessa altura o gel contido dentro das suas folhas pode ser preservado e engarrafado para produzir o "sumo" natural da planta.
E se antigamente se acreditava em milagres, hoje crê-se na ciência que nos demostrou que o Aloé vera não é uma planta milagrosa, mas antes uma enorme dádiva da natureza com propriedades riquíssimas para o ser humano.
As muitas propriedades do Aloé Vera
O gel de Aloé vera possui mais de 75 substâncias que se dividem em vários grupos:
Vitaminas – contém um grupo considerável delas, como por exemplo: as vitaminas C e E, com ação antioxidante; beta caroteno – a precursora da vitamina A; e é uma das poucas plantas fonte de vitamina B12.
aminoácidos: o corpo humano necessita de 22 aminoácidos, os construtores das proteínas, e a Aloé vera possui 20 deles. Mais importante ainda, é o facto de a planta fornecer sete dos oito aminoácidos essenciais que não podem ser produzidos pelo corpo, e por isso precisam de ser adquiridos diariamente.
Açúcares: está incluída no gel a longa cadeia de polissacarídeos que agem no sistema imunológico, auxiliando de forma a incrementar o seu efeito, sendo o Acemannan um dos principais.
Enzimas: as lipases e as proteases, que quebram as moléculas dos alimentos e auxiliam na digestão, e também a carboxipeptidíase, que está envolvida no processo anti-inflamatório.
Esterol da planta: os três principais agem como um forte agente anti-flamatório.
Lignina: essa substância dá ao gel da Aloé a sua capacidade de penetrar e alcançar a camada mais profunda da pele.
Saponina: é uma substância com ação antimicrobiana agindo contra as bactérias, vírus e fungos como cândida e micoses.
Antraquinonas: os mais importantes são a aloína e a emodina, que juntos se transformam num forte analgésico e são responsáveis por processar as atividades antibactericidas e antivirais.
Ácido salicílico: este componente da aspirina é um anti-inflamatório e quando usado topicamente ajuda a diminuir a morte dos tecidos.
É a presença destas substâncias que faz da babosa uma planta de muitas propriedades, que convém destacar.
Ela é analgésica devido aos seus componentes ativos e ao seu poder anti-inflamatório e penetrante, que bloqueia a dor. Apresenta uma ação semelhante a esteroides como a cortisona, mas sem os efeitos nocivos que esta provoca.
Por possuir um alto conteúdo de potássio e cálcio o Aloé vera provoca a formação de uma rede de fibras que retém os eritrócitos do sangue, ajudando a coagulação e a cicatrização necessária.
A sua propriedade queratolítica permite que a pele danificada ou as feridas se desprendam, havendo uma renovação de tecidos com células novas. Permite ainda que exista um maior fluxo sanguíneo através das veias e artérias, livrando-as de pequenos coágulos.
É um produto excelente para a eliminação bacteriana, tal como para a sua prevenção. É regeneradora celular, pois possui uma hormona que acelera o crescimento de novas células, e ainda elimina as células velhas.
O Aloé vera também é energizante. Ajuda no bom funcionamento do metabolismo celular, ou seja, na produção de energia que o corpo necessita. Além disso, devido ao seu conteúdo em vitamina C, produz uma ação que melhora e estimula a circulação e o bom funcionamento do aparelho cardiovascular.
Devido ao potássio que contém, é desintoxicante. Melhora e estimula o fígado e os rins – os principais órgãos de desintoxicação. Por conter ácido urónico, elimina as toxinas ao nível celular.
É um poderoso hidratante da pele – ao penetrar profundamente na pele restitui os líquidos perdidos e restaura os tecidos danificados de dentro para fora.
É muito rico em nutrientes benéficos à saúde do ser humano. Este precisa de cerca de 45 substâncias para manter a saúde em bom estado, e o Aloé vera possui mais de 75 substâncias na sua composição.
É ainda um veículo perfeito para transportar profundamente para o interior da pele outras substâncias ou elementos aos quais está combinada, razão pela qual existem milhares de produtos cosméticos e medicinais misturados com Aloé.
Os benefícios da babosa são incontáveis e as diferentes formas de utilização para isso contribuem.
Formas de utilização e usos
Externamente é utilizado fresco e diretamente sobre a pele no alívio de queimaduras solares, e outras, incluindo queimaduras por radiação devido à sua ação refrescante, anti-inflamatória e regeneradora do tecido celular restituindo rapidamente os líquidos nas três camadas dérmicas, aliviando a dor e nutrindo a pele devido à sua riqueza em aminoácidos e vitaminas.
Utiliza-se ainda em picadas de insetos, nódoas negras, irritações, e feridas várias como cicatrizante, antibacteriano e antiviral. De um modo geral alivia quase todos os problemas de pele que requeiram um remédio calmante e adstringente, como por exemplo em casos de varizes.
É um excelente regenerador celular acelerando o crescimento de novas células eliminando as velhas, por isso tem sido utilizado com sucesso na cura de vários tipos de cancro de pele e outros.
É vasodilatador, expandindo os capilares e aumentando o fluxo sanguíneo. É útil no tratamento do reumatismo e artrite. Úlceras pépticas e estomacais, hipertensão, pé-de-atleta (antifúngico), anemia e acne. É ainda utilizado para aliviar aftas e doenças das gengivas, verrugas e estrias.
A melhor forma de utilizar o Aloé vera é cortar uma folha na longitudinal, abrindo-a, e aplicar o gel transparente sobre a pele ou couro cabeludo, tendo o cuidado de não utilizar a parte amarela da base da folha que é muito amarga e pode causar irritação da pele em pessoas mais sensíveis. O resto da folha que não se utilize pode ser guardado no frigorífico ou congelador e utilizado como emplastres frescos. Conservam-se assim vários meses quando cortados na perpendicular à folha.
A sua presença é cada vez mais uma constante na composição de produtos de beleza – desde maquilhagem, loções corporais, sabonetes, protetores solares, a champôs e amaciadores, máscaras faciais, bálsamos tonificantes, entre outros.
Para uso interno, é necessário ter muito cuidado e seguir aconselhamento médico, pois existem muitas formas adulteradas no mercado, sobretudo nos produtos utilizados na extração e estabilização do gel.
Este gel amargo é um potente laxativo, causando contrações do cólon, e originando movimentos intestinais 8 a 12 horas após a sua ingestão. Em doses baixas estas propriedades amargas estimulam a digestão e em doses altas são purgantes.
Mais recentemente descobriu-se que o Aloé tem novas aplicações no tratamento de tumores, Úlceras ou cancro e existem oftalmologistas que o utilizam para aliviar problemas oculares, e odontólogos para reduzir a inflamação das gengivas. Ao que parece está-se a redescobrir o que anteriormente já se sabia.
Quanto a contraindicações, a referir apenas a hipersensibilidade aos seus componentes, e o seu uso interno durante a gravidez devido às suas características purgativas. Há que evitar o seu uso igualmente no caso de hemorroidas ou doenças renais.
A imagem do Aloé nunca esteve tão em destaque como atualmente, e por essa razão mais vulnerável a publicidade enganosa que pode, inclusive, ser prejudicial para a saúde. O grande sucesso do Aloé e a sua consequente utilização nos mais variados produtos, deve-se a uma cuidada estabilização da planta, realizada sob rigorosas medidas de esterilização sanitária. A ausência deste tipo de cuidados poderá causar várias doenças, provocadas por bactérias nocivas que se encontram na própria planta.
Por essa razão, a indústria do Aloé estabeleceu padrões éticos e higiénicos muito elevados para quaisquer negócios que envolvam a planta e seus derivados.
Muitos investigadores acreditam que os estudos desenvolvidos um pouco por todo o mundo, contribuirão para provar cientificamente muitas das propriedades curativas do Aloé vera. Se as suas convicções estiverem corretas, apesar de Aloé significar coisa amarga, o seu valor medicinal poderá ser uma das coisas mais doces, jamais provadas pela humanidade.
A terapia Reiki tem suas origens no japão do século XIX, mas a sua prática moderna só foi formalizada por um monge budista de nome Mikao Usui no início do século XX.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.