O complexo mundo das abelhas exerceu desde sempre um grande fascínio sobre o homem.
Pinturas rupestres, datadas do período Pleistocénico, comprovam este interesse, ao retratarem o homem a recolher e a consumir mel. A utilização dos produtos da colmeia no tratamento de doenças e infeções diversas parece ser, aliás, bastante antiga.
Alguns testemunhos credíveis mencionam o uso do pólen como estimulante sexual por sacerdotes assírios, 3000 a.C.. No início da era cristã vários escritos gregos e romanos mencionam os poderes curativos e cicatrizantes do própolis. Os vários tratados médicos, do século XII ao século XV, referem igualmente o uso medicinal do própolis, da cera e do mel – o alimento natural de maior fonte de energia.
Inicialmente extraído de forma danosa às colmeias, o mel sempre foi utilizado como alimento pelo homem. Com o passar dos séculos, este aprendeu a capturar enxames e instalá-los em “colmeias artificiais”.
O desenvolvimento e o aprimoramento das técnicas de maneio deram origem a um aumento da produção de mel e tornaram possível a sua extração sem danificar a colmeia. A “domesticação” das abelhas para a produção de mel dá início à apicultura.
Características gerais do mel
O mel é uma substância adocicada e viscosa produzida pelas abelhas melíferas a partir do néctar de flores ou soluções açucaradas, que é recolhido com a glossa (língua), armazenado na vesícula melífera (papo), digerido pelas enzimas da saliva (invertase, diástase, catálase, alfa-glicosidase, glicose-oxidase, peroxidase, lípase, amílase, fosfatase ácida e inulase), que principalmente transformam a sacarose em monossacarídeos (glicose e frutose) e o amido em maltose.
Após a recolha do néctar as abelhas regressam à colmeia, e transferem-no para o papo de outra abelha, que o transfere para outra, que o transfere para outra... A cada passagem o néctar vai sofrendo mais ações enzimáticas e vai perdendo maior quantidade de água. Desta forma, torna-se mel, que é depositado em células de cera (alvéolos) no interior da colmeia.
A composição química do mel depende de fatores como a espécie das abelhas, o tipo de solo e de flora e o estado fisiológico da colónia.
De um modo geral pode dizer-se dizer que o mel é constituído por três componentes essenciais: água (17 por cento), glúcidos (80 por cento) e substâncias diversas (3 por cento), como aminoácidos, proteínas, enzimas, ácidos orgânicos, minerais – como cálcio, cobre, ferro, magnésio, fósforo e potássio –, e vitaminas B,C, D e E.
Com conhecidas propriedades medicinais, o mel pode ser consumido diariamente por qualquer pessoa independentemente da idade pois equilibra o processo biológico do corpo, por ser o único alimento que contém proporções equilibradas de fermentos, vitaminas, minerais, ácidos e aminoácidos, semelhantes substâncias bactericidas e aromáticas.
Convém referir, no entanto, que a presença de quantidades de água acima dos 18 por cento torna o mel sujeito à ação de leveduras fermentadoras e outros microorganismos, como bactérias patogénicas, por ex. Clostridium botulinum, causador do botulismo. Por esse motivo, não se recomenda o seu consumo em crianças em idade muito tenra.
De característica aromática acentuada, o mel possui cor e sabor diretamente relacionados com a predominância da florada utilizada para a sua produção.
Os méis de coloração clara apresentam sabor e aroma mais suaves, e os de coloração escura são mais nutritivos, e ricos em proteínas e sais minerais.
Outra característica marcante em alguns méis é a consistência líquida ou endurecida que poderá apresentar quando armazenado em recipiente, sendo de igual qualidade indeopendentemente do aspeto.
O que acontece é que, por se tratar de uma solução saturada de açúcares, o mel tende a cristalizar-se de forma expontânea, adquirindo uma consistência sólida. Esse efeito nada mais é do que a condensação, a aglutinação, das partículas de glucose.
No que diz respeito à matéria-prima para a fabricação do mel, o néctar, pode provir de uma única flor (mel monofloral) ou de várias flores (multifloral), dando origem a vários tipos de mel.
As flores preferidas das abelhas e os vários tipos de mel
As abelhas são atraídas por plantas aromáticas, especialmente as que dão flores miúdas, brancas, amarelas, lilases. A flores amarelas são especialmente atrativas para todo o tipo de insetos polinizadores.
A macieira, cerejeira, pereira, ameixoeira e outras plantas e flores como a lavanda, a sálvia, a borragem, os ranúnculos, malvas, campânulas, manjericão, manjerona, alecrim, alfazema, madressilva, calêndula, margaridas, papoilas, gerânios e os girassóis são o deleite das abelhas. O que mais apreciam é a floração em massa, que acontece quando as flores desabrocham em simultâneo.
Cada espécie de planta enriquece o néctar com as suas qualidades e especificidade.
O tipo de mel varia em função das características e localização geográfica das plantas de onde é extraído o néctar e dos tipos de abelhas produtoras, mas também do modo como é recolhido e posteriormente processado.
Em Portugal dispomos de vários tipos de mel, com diferentes propriedades.
Obtido nas planícies do Alentejo, o Mel de Trevo, é doce e delicado possuindo um leve sabor a erva fresca. Ao cristalizar facilmente, torna-se cremoso, claro e esbranquiçado. É rico em vitaminas e ajuda na prevenção de disturbios do sistema cardiovascular.
O Mel de Alecrim é um dos mais apreciados no mundo. Possui um odor muito intenso e aromático, o que lhe confere um sabor único. De cor muito clara, pode cristalizar rapidamente. É o mel que tem as propriedades mais estimulantes para todo o corpo, sendo muito benéfico para distúrbios digestivos, e também para úlceras no estômago.
Colhido no Minho e em Tras-os-Montes, o Mel de Castanheiro tem um aroma a madeira seca, característica das árvores de onde vem. É doce e tem notas salgadas com várias cores castanhas. Muito rico em minerais, ferro e taninos, promove uma melhor circulação sanguínea, melhora problemas relacionados com varizes e fragilidade capilar.
De sabor forte, o Mel de Urze é um mel muito aromático sobressaindo madeiras, especiarias e caramelo. Apresenta uma cor avermelhada escura, tornando-se acastanhado quando cristaliza. Terapeuticamente, é aconselhado para tratar infeções do sistema urinário e da próstata.
O Mel de Tomilho colhe-se em várias zonas da nossa costa litoral. O tomilho é uma planta com uma grande percentagem de timol, o que confere ao mel um aroma muito intenso e aromático e um sabor a mentol e hortelã.
Pode ter vários tons de castanho consoante a zona de colheita. É um mel bastante terapêutico, com reconhecidas propriedades antisséticas.
O mel mais característico de Portugal é o Mel de Rosmaninho. As suas plantas crescem espontaneamente por todo o interior do país. A cor deste mel lembra o ouro e possui um aroma muito floral, característico das plantas da família das Alfazemas. Na medicina tradicional emprega-se como anticonvulsivo e antiespasmódico.
O Mel de Medronheiro é o único mel amargo, cujo sabor lembra o café. Ao primeiro toque pode parecer doce mas rapidamente revela a sua amargura e complexidade deixando um travo único. De cor castanho-escura, cristaliza rapidamente. Na terapêutica é usado para a desinfeção das vias urinárias e é reconhecido como antiasmático.
O remédio mais natural para a sua respiração é o Mel de Eucalipto. Esta árvore dá origem a méis de variados tons acastanhados. De aroma ativo e sabor agradável a mentol, pode apresentar ligeiras variações consoante a região do país. Terapeuticamente é bastante reconhecida a sua ajuda para combater problemas respiratórios, tomado naturalmente ou adicionado nos chás.
O mel mais comum do mundo e do nosso país é o Mel de Flores Silvestres. Provém das flores que florescem naturalmente em todo o país, logo apresenta múltiplas cores e diferentes sabores. Naturalmente doce, utiliza-se no seu estado puro e na confeção de bolos e doces.
Bastante rico em vitaminas e minerais, o Mel de Girassol tem uma cor amarela, normalmente comparada à cor da gema de ovo. Possui um sabor doce muito cremoso e cristaliza rapidamente, sendo muito utilizado para barrar o pão.
Obtido a partir dos néctares das flores de laranjeiras do Algarve, o Mel de Laranjeira apresenta uma cor clara e ao abrir o frasco sente-se o aroma dos campos de laranjeiras desta região. Possui um inconfundível sabor a citrinos, é mais espesso e bastante doce. Terapeuticamente ajuda à normalização de problemas intestinais e do sistema nervoso. Recomenda-se para tratamentos de insónias, usado em infusões e estudos recentes comprovam a sua eficácia na redução dos efeitos do álcool.
Estes são apenas alguns tipos de mel mais conhecidos, com origem em plantas e flores do nosso país. Mas a lista é bem mais longa, assim como os benefícios do seu consumo.
Motivos para incluir o mel na alimentação diária
Conhecido como o néctar dos deuses, o mel é um dos poucos alimentos que não se consegue conceber artificialmente. Este produto natural único é produzido apenas pelas abelhas.
Desde o início da humanidade que é utilizado no tratamento de várias doenças e como alimento fonte de energia. O avanço da tecnologia permitiu efetuar vários estudos que provaram e confirmaram que se trata de um alimento extraordinário e saudável.
Para começar, o mel é rico em antioxidantes que têm como função a redução de radicais livres em excesso que podem ser prejudiciais à saúde. Este alimento tem na sua composição polifenóis que minimizam os efeitos dos radicais livres.
A sua riqueza em antioxidantes e flavonóides, torna-o um alimento bom para a saúde do coração. Um dos benefícios é o facto de ajudar a reduzir a taxa de colesterol LDL (mau colesterol).
Iniciar o dia com um copo de água misturado com limão e mel ajuda a equilibrar o pH do organismo e a limpar o sistema digestivo.
A sua consistência viscosa contribui para aliviar a sensação de azia e refluxo gástrico, reduz a sensação de inchaço, e ainda diminui a probabilidade de desenvolver úlceras.
Aqueles que precisam de um boost de energia pela manhã devem consumir mel ao pequeno-almoço.
É energia pura!
E quem nunca bebeu um copo de leite ou uma chávena de chá com mel para aliviar as dores de garganta? O seu forte efeito expetorante ajuda neste processo.
Melhora a fixação do cálcio nos ossos e a anemia nas crianças. Substitui o açúcar no tratamento da diabetes e trata as úlceras provocadas por esta doença (o elevado teor de frutose diferencia o mel do açúcar devido a um menor índice glicémico e, consequentemente, subidas menos acentuadas dos níveis de glicémia).
Limpa, desinfeta e cura as feridas com mais eficácia que o álcool ou a água oxigenada, e acelera a cura de queimaduras de 1º e 2º grau.
Também é um aliado para conseguir uma pele mais bonita. Na área da estética é muito utilizado em máscaras de tratamento, e a sua ingestão ainda ajuda a combater os radicais livres que provocam o envelhecimento.
É rico em triptófano, importante para reduzir o nível de stress do organismo, logo, ajuda-o a descansar melhor e ainda estimula a produção de serotonina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar.
Com tantos benefícios, não hesite, acrescente o mel às suas refeições: no leite, nos iogurtes, nas papas de aveia... até para temperar saladas é uma excelente opção. Não deixe de absorver todas as propriedades deste alimento único!
Não se esqueça, contudo, que o mel é rico em hidratos de carbono simples, devendo ser consumido com moderação.
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