Fale com o seu Médico! Este foi o apelo que a Associação Portuguesa de Urologia (APU) dirigiu a todos os homens, ao assinalar a Semana Europeia de Prevenção das Doenças da Próstata 2011, na semana de 19 a 25 de Setembro.
Mais uma vez esta campanha contou com iniciativas de carácter informativo por todo o país, incluindo as regiões autónomas. O objectivo foi esclarecer e sensibilizar a população para a saúde daquele órgão genital masculino em particular, dado ainda existirem muitos mitos e falta de informação associados às patologias relacionadas.
Os resultados do estudo PROSPOR (PROStata em PORtugal), realizado em 2004 pelos urologistas José Santos Dias,Nuno Monteiro Pereira, João Paulo Rosa e Carlos Santos, da Androclinic, são bem a prova disso. Constatou-se que, dos mil participantes envolvidos, 54,1 por cento dos homens e 62,8 por cento das mulheres nunca tinham ouvido falar de Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP). Já no caso do cancro da próstata demonstraram maior sensibilidade e conhecimento pois 49 por cento dos homens responderam ser a doença mais frequente nesta população.
O estudo permitiu ainda concluir que os portugueses confundem a HBP com o cancro. Estas e outras informações levaram os autores a deduzir que existe um significativo défice do grau de alerta e conhecimentos da população portuguesa em relação às doenças da próstata.
No nosso país o cancro da próstata é a terceira doença oncológica mais frequente e a segunda mais mortal. De acordo com a APU, são diagnosticados por ano cerca de 3000 a 4000 novos casos, morrendo 1500 a 1800 pessoas devido àquela patologia.
Na maioria dos homens, o cancro desenvolve-se de forma lenta e silenciosa, podendo muitos não saber que são portadores da doença. Cerca de 50 a 70 por cento dos pacientes que chegam à consulta de urologia, quando os efeitos já se fazem sentir, apresentam a doença localmente avançada e/ou metastática no momento do diagnóstico.
Para contrariar e reduzir estes números é determinante desmistificar, aconselhando e promovendo a divulgação de informação sobre esta doença e as terapêuticas disponíveis, bem como a sensibilização para a prevenção e diagnóstico precoce.
O abc da próstata
A próstata é uma glândula que faz parte do aparelho reprodutor do homem, que contribui para a formação da testosterona e do esperma. Constituída por um corpo do tamanho de uma castanha e com o peso aproximado de 20 gramas na fase de jovem adulto, a próstata situa-se na parte inferior da bexiga e dispõe-se em anel, contornando o canal uretral, com comunicação com os testículos.
A partir dos 40 anos a glândula tende a crescer. Em cerca de 50 por cento dos casos, pela sua dimensão ou pela forma de crescimento, podem surgir situações de dificuldades para a micção e/ou a própria defecação.
De salientar que a próstata não dói e a possibilidade do seu crescimento causar sintomatologia depende da forma como este se processa. Como a doença começa antes de surgirem os sintomas, é muito importante consultar um especialista de imediato se sentir dificuldade em iniciar a micção, se o jacto for mais fino, fraco, curto e por vezes interrompido, se houver gotejo terminal ou esforço para urinar – os chamados sintomas urinários obstrutivos. Para além destes, o doente também experimenta com frequência sintomas urinários irritativos como sejam urinar mais frequentemente, levantar-se várias vezes durante a noite para o fazer, sentir urgência e sofrer perdas involuntárias de urina.
Perante estes sinais, numa primeira abordagem, o urologista realiza alguns exames com o intuito de avaliar o estado da próstata e diagnosticar o problema como sejam, o exame físico geral, toque rectal, níveis séricos de antigénio específico da próstata (PSA Total), fluxometria urinária, e outros exames como o raio-X (urografia), ressonância magnética, tomografia, PET Scan ou ecografia transrectal da próstata.
Dependendo da idade, os homens podem ser afectados por diferentes patologias da próstata. Abaixo dos 50 anos o problema mais comum é a inflamação da próstata, ou prostatite, mas acima desta idade é maior a probabilidade de desenvolver Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP), ou cancro.
A Prostatite pode ser de três tipos diferentes: prostatite aguda infecciosa, prostatite crónica infecciosa e prostatite não infecciosa.
Embora não esteja clara a forma como a próstata pode ser infectada, sabe-se que os agentes microbianos que causam a inflamação provêm geralmente da uretra, por refluxo de urina infectada para o interior dos ductos prostáticos. A prostatite aguda é causada por bactérias necessitando, por isso, de tratamento urgente com um antibiótico. Apesar de habitualmente provocada por bactérias, este tipo de prostatite também pode ser provocada por fungos e parasitas. A prostatite não infecciosa é a mais frequente e não é provocada por bactérias ou outros agentes microbianos, desconhecendo-se ainda a sua causa.
A HBP é uma patologia frequente na população masculina e está associada ao aumento do volume da próstata à medida que o homem amadurece. Estima-se que 50 por cento dos homens aos 60 anos, e 90 por cento aos 80 anos, sejam atingidos pela doença. Só em Portugal realizam-se anualmente cerca de 10 mil operações por HBP.
A próstata é envolvida por um revestimento externo, designado por cápsula prostática que, por ser pouco extensível, contraria o normal crescimento da glândula. Assim, esta começa a comprimir a uretra dificultando a saída da urina. Consequentemente a parede da bexiga aumenta de espessura por ser necessário um esforço maior para expulsar a urina, o que provoca a sua irritabilidade e sensibilidade.
À medida que a força muscular da bexiga diminui esta perde também a capacidade de esvaziar-se por si própria e a urina começa a ficar parcialmente retida – a chamada retenção urinária parcial. Em casos extremos a retenção pode mesmo ser total e o homem deixa de conseguir urinar.
O cancro da próstata, tumor maligno que se desenvolve no interior da glândula prostática é dos cancros mais comuns e frequentes no homem, aumentando a sua incidência com a idade. Tal como em outros tipos de cancro a causa é desconhecida.
Quando detectado precocemente, o cancro pode ser eficazmente tratado e curado. Para isso há que determinar o grau e o estádio da doença. O grau indica a velocidade de crescimento – quanto mais elevado, maior a probabilidade do cancro se desenvolver e disseminar-se rapidamente. O estádio é determinado pelo tamanho e extensão do tumor.
Após o diagnóstico, o tratamento
O tratamento da prostatite depende do tipo de infecção. Na prostatite aguda infecciosa, uma terapêutica antibiótica durante 7 a 14 dias é suficiente. Para aliviar a dor e o desconforto podem igualmente ser administrados medicamentos analgésicos.
Na prostatite crónica infecciosa o período de tratamento antibiótico aumenta normalmente para 4 a 12 semanas. Mesmo assim, apenas cerca de 60 por cento dos doentes ficam curados. Em alguns casos pode mesmo ser necessário a remoção cirúrgica, geralmente executada com recurso a técnicas endoscópicas, que utilizam a própria uretra como via de acesso.
Na prostatite não infecciosa, os antibióticos são substituídos por outra classe de medicamentos como os alfabloqueantes, substâncias que relaxam o tecido muscular prostático e reduzem a dificuldade miccional. Banhos de semicúpio ou uma dieta sem picantes, álcool ou café também podem aliviar a sintomatologia.
O objectivo do tratamento da Hipertrofia Benigna da Próstata é o alívio da obstrução urinária e a melhoria dos sintomas irritativos. Isso pode ser conseguido através de medicamentos ou cirurgia.
Desde há alguns anos que as formas orais dos medicamentos se têm tornado cada vez mais eficazes no tratamento da HBP. As substâncias hoje mais utilizadas são a Finasterida e a Dutasterida, que inibem a produção da hormona que interfere com o crescimento prostático, e a Alfuzosina e Tansulosina, no relaxamento da musculatura lisa da próstata e colo da bexiga, diminuindo a obstrução urinária e melhorando o jacto miccional.
Muitos urologistas recomendam a remoção da próstata como a melhor solução para os doentes com HBP. Esta vai aliviar a obstrução e o esvaziamento incompleto da bexiga. Na cirurgia apenas o tecido que cresceu e que comprime a uretra é removido; a cápsula prostática e a parte mais periférica do tecido são deixadas intactas.
O cancro ou neoplasia da próstata é um tumor que surge no encapsulamento da próstata. O tratamento pode envolver a cirurgia, radioterapia, terapêutica hormonal (hormonoterapia), quimioterapia ou apenas observação. O mais vulgarmente utilizado é a Prostatectomia Radical, que consiste na ablação total da próstata.
Determinada a existência do cancro, seu desenvolvimento e definição exacta da sua localização e implantação, pode recorrer-se à radioterapia, quer por feixe exterior, quer pela introdução de partículas radioactivas (implante de sementes Iodo-125 com OncoSeed) no interior da próstata, para que localmente eliminem as células afectadas. Este último método de tratamento é designado por Braquiterapia. Pode ainda recorrer-se a tratamentos mais inovadores como a Criocirurgia, processo que tem vindo a ganhar cada vez mais espaço entre as opções possíveis.
Apenas como processo paliativo surge o tratamento hormonal, que consiste na aplicação de hormonas femininas via intramuscular, que irão impedir a produção de testosterona, reduzindo assim a actividade da próstata e o consequente desenvolvimento do tumor.
Todos estes tratamentos têm efeitos colaterais, prejudicando, com maior ou menor intensidade, a qualidade de vida do doente, por poderem afectar outros órgãos adjacentes provocando impotência, em maior ou menor grau, e incontinência urinária permanente.
Prevenir ainda é o melhor remédio
A realização de exames de rotina ou simples check up para evitar surpresas desagradáveis são medidas simples para a prevenção das doenças. As mulheres, mais que os homens, sabem bem disso efectuando periodicamente exames ginecológicos e laboratoriais como forma de se precaverem.
Também para o homem é fundamental que a partir dos 40 anos, caso não tenha percepcionado alterações anteriormente, efectue os exames de prevenção recomendados para prevenção das doenças da próstata. O homem deve abandonar definitivamente os preconceitos e medos ainda existentes e submeter-se periodicamente ao exame clínico (toque rectal), para diagnóstico do cancro e determinar, através de análises, se o seu PSA é suspeito.
Além destes exames de rotina existem outras medidas que têm um efeito benéfico sobre as doenças da próstata, nomeadamente seguir uma dieta equilibrada e variada, e evitar a ingestão de alimentos ricos em gordura saturada, chocolate, carnes vermelhas e especiarias, que aumentam a congestão prostática e acentuam a sintomatologia.
Deve dar-se preferência aos alimentos que contenham flavonóides, como a soja, tofu e os legumes, e incluir na dieta oligoelementos (selénio e zinco) e polifenóis (cereais e chá verde).
A ingestão de líquidos, principalmente à noite, deve ser reduzida de modo a diminuir a noctúria. Evitar as bebidas alcoólicas, principalmente destiladas e cerveja, assim como o café, pois aumentam a congestão prostática e acentuam a sintomatologia irritativa.
O homem deve manter a actividade física. É fundamental caminhar para ajudar a reduzir os problemas urinários (retenção) e urinar em intervalos regulares. É importante evitar alterações do trânsito intestinal, como a obstipação.
Existem ainda muitas dúvidas, mitos e medos acerca das doenças da próstata. Os homens continuam a ter dificuldade em discutir com o seu médico questões relacionadas com estas doenças e sintomas urinários. Também o receio de ser submetido ao toque rectal ou biópsia da próstata é uma realidade, bem como o medo de prognóstico de cancro ou da cirurgia.
É precisamente com o objectivo de evitar o pior dos cenários que a APU aconselha os homens a perder a vergonha e consultarem o seu médico, até porque as doenças da próstata podem ser silenciosas.
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