Antidepressivos: desmame incorreto leva a síndrome de abstinência
É grande o número de pessoas que faz uso de medicamentos antidepressivos. Nos últimos anos, os chamados inibidores da recaptação da serotonina têm sido o grupo de drogas mais empregadas no tratamento de distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade, bulimia, stress pós-traumático, obsessão-compulsão e outros.
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Quem já tomou este tipo de medicamentos sabe que a sua retirada, também chamada de “desmame”, pode ser um período complicado, especialmente se for feita de forma abrupta. Um dos problemas mais frequentes é o aparecimento da síndrome de abstinência. A abstinência à descontinuação abrupta dos inibidores da recaptação de serotonina surge 24 a 72 horas depois da interrupção do tratamento e provoca sintomas:
Psiquiátricos: ansiedade, insónia, irritabilidade, explosões de choro, distúrbios de humor e sonhos vívidos;
Neurológicos e motores: tonturas, vertigens, sensação de cabeça vazia, cefaleia, falta de coordenação motora, alterações de sensibilidade da pele e tremores;
Gastrintestinais: náuseas, vómitos e alterações do hábito intestinal;
Somáticos: calafrios, fadiga, letargia, dores musculares e congestão nasal.
A probabilidade de desenvolver este tipo de sintomatologia é tanto maior quanto mais longa tiver sido a duração do tratamento. As reações geralmente estão associadas com durações de pelo menos quatro a seis semanas, mas podem acontecer depois de períodos de uso mais curtos.
Assim, para evitar este tipo de problema não interrompa o tratamento de forma abrupta. Se for preciso trocar a medicação ou parar por qualquer outro motivo, há que descontinuar o seu uso e reduzir a dose até conseguir parar de a tomar sem sentir tantos efeitos desagradáveis.
A descontinuação deve ser feita lentamente, devido à farmacologia deste tipo de medicamentos, uma vez que têm uma meia-vida muito curta, ou seja, permanecem no organismo por um tempo inferior a 24 horas. Assim, se o medicamento for interrompido de repente, os níveis da droga no organismo caem depressa, causando efeitos indesejáveis.
As diretrizes psiquiátricas recomendam que a descontinuação seja feita de forma gradual, num período de 2 a 4 semanas, nas quais se reduz devagar a dose terapêutica mínima. Por exemplo: se a dose recomendada era de 20 mg, o paciente pode tomar 15 mg durante duas semanas, depois 10 mg e assim por diante. Até parar.
Nunca deve ser o doente a interromper a medicação. A descontinuação destes fármacos deve ser realizada com supervisão clínica e costuma integrar-se num projeto global onde são incluídas medidas de suporte.