Separações têm mais impacto nas mulheres
Tendo em conta os padrões de utilização de antidepressivos, as mulheres podem ter mais dificuldade em adaptar-se emocionalmente a um divórcio ou separação numa fase mais avançada da vida do que os homens, sugere um estudo recentemente disponibilizado online no Journal of Epidemiology & Community Health.
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A investigação baseou-se em dados de registo da população finlandesa de 1996 a 2018 e incluiu perto de 230.000 pessoas com idades compreendidas entre os 50 e os 70 anos em 2000-2014. O foco estava no uso de antidepressivos durante um período que se estendia de quatro anos antes a quatro anos após o fim de qualquer relacionamento, inclusive devido a morte e a subsequente formação de um novo relacionamento.
Os especialistas registaram um aumento na utilização de antidepressivos em ambos os sexos no período que antecedeu e imediatamente após um divórcio, uma rutura ou um luto, no entanto, a utilização destes medicamentos pelas mulheres foi superior.
Verificou-se ainda que apesar de o reagrupamento familiar estar associado a uma ligeira redução da utilização de antidepressivos em ambos os sexos, essa redução foi particularmente curta nas mulheres.
Os resultados permitiram concluir que tanto os homens como as mulheres cujos parceiros morreram aumentaram a utilização de antidepressivos entre quatro a um ano antes do acontecimento, com um aumento acentuado nos três meses anteriores e nos três meses posteriores: um pouco menos de 5,5% nos homens, e quase 7% nas mulheres. E embora esta utilização tenha diminuído posteriormente, manteve-se mais elevada do que antes.
Numa situação de divórcio, a utilização de antidepressivos aumentou nos seis meses anteriores em ambos os sexos: 5% nos homens e 7% nas mulheres. Já imediatamente após o divórcio, a utilização de antidepressivos diminuiu tanto para os homens como para as mulheres, estabilizando ao fim de um ano. Mesmo assim, a toma de antidepressivos manteve-se mais elevada do que antes do divórcio.
Quando se tratava de separações, constatou-se que as mulheres aumentaram significativamente a toma de antidepressivos nos quatros anos que precederam o acontecimento. O que também aconteceu com os homens, mas em quantidades menores: pouco mais de 3% contra 6% das mulheres.
Os especialistas verificaram que mais tarde, no espaço de um ano, a toma de antidepressivos voltou ao nível registado 12 meses antes da separação e, posteriormente, manteve-se nesse nível entre os homens. No que diz respeito às mulheres, a toma de antidepressivos diminuiu ligeiramente logo a seguir à separação mas foi de curta duração, aumentando novamente a partir do primeiro ano.