AHA emite orientações sobre miocardite em crianças
Miocardite em crianças é uma condição rara, mas difícil de tratar. Contudo, o diagnóstico e o tratamento incluem várias opções, e muitos casos de miocardite podem até mesmo ser resolvidos sem nenhuma intervenção, de acordo com um novo parecer científico com orientações emitido pela American Heart Association.
MEDICINA E MEDICAMENTOS
DOENÇAS RARAS E MEDICAMENTOS ORFÃOS
Uma doença rara é uma patologia que “afecta um número limitado de pessoas de entre a população total, definido como menos de uma em cada 2000”. LER MAIS
A miocardite é a inflamação da camada média da parede do músculo cardíaco, o miocárdio, e pode enfraquecer temporária ou permanentemente o músculo cardíaco e o sistema elétrico do coração, que mantém o coração a bater regularmente.
A média é de cerca de dez a vinte casos da doença por 100 000 indivíduos adultos e, em crianças, a incidência é de um a dois casos por 100 000.
Embora muitos casos de miocardite sejam resolvidos sem nenhuma intervenção, levando a uma recuperação completa, a miocardite grave pode causar insuficiência cardíaca, ritmos cardíacos anormais, choque e morte súbita.
Os sinais e sintomas de miocardite incluem fadiga, falta de ar, febre, dor no peito e palpitações.
A preocupação com a doença aumentou nas últimas semanas, devido ao facto de as autoridades de saúde internacionais terem adicionado a condição à listra de eventos colaterais possíveis de algumas das vacinas contra a COVID-19.
“A miocardite tem características distintas em crianças e um impacto potencial na sua saúde ao longo da vida. Esperamos que esta declaração sirva como uma atualização de conduta, bem como um apelo unificador para a realização de estudos que permitam melhor compreender e tratar esta importante condição pediátrica”, disseram os especialistas.
“E, tendo em vista a ocorrência recentemente reconhecida de miocardite após infeção por COVID-19, bem como o surgimento de casos de suspeita de miocardite após vacinação contra a COVID-19, esta declaração com orientações de conduta é um recurso para médicos e profissionais de saúde nos cuidados pretados a esses pacientes”, afirmou o professor Yuk Law, da Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
As orientações emitidas pela American Heart Association referem que: a incidência de miocardite em crianças varia com a idade, sendo maior em lactentes e aumentando novamente em adultos jovens; os pacientes com a condição não devem participar em desportos competitivos enquanto houver inflamação ativa. Além da normalização dos marcadores inflamatórios e de lesão miocárdica, bem como da função ventricular e da insuficiência cardíaca, a monitorização por Holter de 24 horas e o teste ergométrico devem ser realizados em atletas não antes de três a seis meses após o diagnóstico e antes do retorno à competição;
Em crianças, a miocardite é mais frequentemente o resultado de uma infeção viral e é mais frequentemente aguda ou de início súbito, ao invés de miocardite crónica, que ocorre com mais frequência em adultos; os sintomas em crianças podem variar de mínimos a sinais de insuficiência cardíaca, arritmias com risco de vida ou choque cardiogénico;
Os sintomas mais comuns de miocardite em crianças incluem fadiga, falta de ar, dor abdominal e febre. O principal sintoma relatado em pacientes com suspeita de miocardite associada à toma de vacinas contra a COVID-19 é a dor torácica. No entanto, é importante considerar as causas alternativas desses sintomas, uma vez que nenhum deles é específico para condições cardiovasculares, incluindo miocardite.
A miocardite aguda pode agravar-se rapidamente, portanto, a monitorização rigorosa em ambiente hospitalar deve ser considerada.