Cientistas descobrem novos detalhes sobre doença imune rara
Um estudo de 11 anos realizado por cientistas do National Institutes of Health permitiu avançar na caracterização da linfocitopenia CD4 idiopática (ICL), uma rara deficiência imunológica que deixa as pessoas vulneráveis a doenças infecciosas, doenças autoimunes e cancros.
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DOENÇAS RARAS E MEDICAMENTOS ORFÃOS
Uma doença rara é uma patologia que “afecta um número limitado de pessoas de entre a população total, definido como menos de uma em cada 2000”. LER MAIS
No estudo, publicado no New England Journal of Medicine, os especialistas verificaram que as pessoas com os casos mais graves de ICL tinham o maior risco de adquirir ou desenvolver várias das doenças associadas a essa deficiência imunológica.
A ICL é uma condição marcada por muito poucas células T CD4+, que são um tipo de glóbulo branco. A definição clínica de ICL é uma contagem de células T CD4+ inferior a 300 células por milímetro cúbico (mm³) de sangue durante pelo menos seis semanas, na ausência de qualquer doença ou terapia associada à redução de glóbulos brancos.
Ao contrário do HIV, um vírus que suprime o sistema imunológico se não for tratado, não há evidências de que a ICL seja transmitida de pessoa para pessoa e não tem causa conhecida. As opções terapêuticas para a ICL são limitadas.
Neste estudo observacional, os cientistas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID) quantificaram células imunológicas e observaram a presença de infeções oportunistas – infeções que normalmente afetam apenas pessoas com sistema imunológico suprimido – e outras condições clínicas entre 91 voluntários participantes com ICL.
Foi possível concluir que as infeções oportunistas mais prevalentes foram doenças relacionadas ao papilomavírus humano (em 29% dos participantes), criptococose (24%), molusco contagioso (9%) e doenças micobacterianas diferentes da tuberculose (5%).
Os participantes com contagens de células T CD4+ abaixo de 100 células por mm³ tiveram um risco cinco vezes maior de infeções oportunistas do que aqueles com contagens de células T CD4+ acima das 100 células. O risco de cancro também foi maior em indivíduos com contagens de células T CD4+ mais baixas, mas o risco de doença autoimune foi menor.
De acordo com Irini Sereti e Andrea Lisco, líderes do estudo, os resultados vieram apoiar ainda mais a correlação inversa entre a contagem de células T CD4+ e a suscetibilidade a infeções virais, fúngicas e micobacterianas, assim como certos tipos de cancro. O NIAID vai continuar a investigar a história natural de condições raras, como a ICL, para entender a progressão da doença, tal como as possíveis intervenções terapêuticas.