A infância é um período de descobertas e de aprendizagem. É uma época em que o corpo ainda está em formação, e o sistema imunológico é vulnerável e desprotegido contra a maioria dos perigos. Uma das maiores preocupações dos pais é ver os seus filhos doentes.
Mas não há fuga possível. Seja no infantário ou na escola, as crianças estão expostas às doenças mais comuns e contagiosas. O contacto é muito comum e as defesas fracas. Depois de um silencioso período de incubação, surgem os assustadores sintomas.
Pais fiquem tranquilos, pois trata-se de um processo completamente normal! Não é um indício de negligência, sendo até muito importante para o crescimento e fortalecimento das crianças, devendo no entanto manter-se atentas.
Ainda que incómodas, algumas doenças são leves, outras porém podem tornar-se muito graves ou potencialmente fatais. Conhecer as mais comuns neste período é uma forma de evitar que as crianças corram riscos desnecessários.
Para sossegar o coração dos pais, e para os elucidar nas muitas dúvidas, aqui deixamos uma breve resenha de algumas das ameaças mais frequentes à saúde e bem-estar dos seus “bebés”.
As mais frequentes na infância
Não é novidade para ninguém que as crianças, quando no infantário ou na escola, ficam doentes com maior frequência. Para além das tão habituais constipações, gripes e viroses, nesta fase, são afetadas por outras patologias com sintomatologia diversa que os pais devem conhecer para um diagnóstico e atendimento mais precoce possível. O pediatra é o profissional a consultar nestas ocasiões.
Uma das doenças mais comuns é a amigdalite – a famosa dor de garganta. Provocada pela bactéria streptococcus, a amigdalite transmite-se normalmente a partir das gotículas de saliva, espirros ou infeções da pele. Após a primeira infeção, a criança pode contrair mais 2 a 3 episódios de amigdalite por ano.
A sintomatologia implica febre, mal-estar generalizado, dor ao engolir devido ao aumento das amígdalas, tosse, rouquidão, dificuldade em falar, vómitos, diminuição do apetite, dores de cabeça e dores abdominais.
A bronquiolite consiste numa infeção respiratória que ataca os bronquíolos (uma das estruturas da nossa árvore respiratória) gerando dificuldade para respirar. Também comum nas crianças, é geralmente provocada por vírus e acontece com maior prevalência nas que são submetidas a ambientes com fumo de tabaco ou mal arejados.
Os sintomas iniciais da doença são secreções e obstrução nasal, por vezes acompanhadas de tosse e febre, respiração sibilante (pieira) e baixos valores de saturação periférica de oxigénio (SpO2), o que implica a administração de oxigénio suplementar para diminuir o esforço respiratório da criança.
As “dores de ouvidos”, ou a Otite Média Aguda (OMA) também é muito comum entre os mais pequenos. Esta patologia consiste numa inflamação da área do ouvido situada no interior do tímpano (ouvido médio). A maioria é causada por secreções que sobem o canal de arejamento do ouvido, a trompa de Eustáquio, entre o ouvido médio e a parte anterior do nariz, sobretudo quando as crianças não se assoam e fungam.
Começa geralmente com uma constipação e pode originar febre alta, dor intensa no ouvido, mal-estar, fadiga, perda de apetite e diarreia. Quando a infeção progride e a pressão aumenta, o tímpano rebenta e a dor e a febre desaparecem, podendo ver-se um líquido viscoso a sair pelo canal auditivo.
Geralmente benignas, as conjuntivites são inflamações ou infeções da mucosa dos olhos. São comuns nos primeiros meses de vida, pois o canal que drena as secreções e as lágrimas é pequeno e entope com facilidade, sobretudo se o nariz estiver inflamado e obstruído, tornando-se mais vulnerável a vírus. Os sintomas manifestam-se por secreções purulentas nos olhos (ramelas), olhos pegados (especialmente de manhã), vermelhidão, intolerância à luz e inchaço.
Altamente contagiosa, a gastroenterite é mais uma doença infantil comum. Trata-se de uma inflamação aguda que compromete os órgãos do sistema gastrointestinal e que pode ter causa vírica, bacteriana ou parasitária. É causada por um micróbio que entra pela boca da criança, percorre o caminho até ao estômago, começando a causar efeitos indesejáveis. Como resposta, o organismo tenta eliminá-lo através de vómitos intensos e difíceis de controlar e através de dejeções líquidas (diarreia), mas a sintomatologia também pode incluir febre, cólicas abdominais e diminuição do apetite.
A maioria dos casos de gastroenterite com origem vírica melhoram após 3 ou 4 dias, sem necessidade de um tratamento específico, tendo apenas o cuidado de fazer uma dieta leve, ingerir líquidos em abundância e repousar.
Para além destas, há uma série de doenças infeciosas com exantema (manifestações cutâneas) que convém referir. As doenças exantemáticas são infeções cujas manchas são essenciais para o diagnóstico. As crianças adoecem antes de surgirem as características típicas na pele.
A varicela é a mais contagiosa – e talvez a mais frequente –, e tem a particularidade de dar imunidade duradoura. Após um período de incubação de 1-3 semanas, a criança manifesta febre e perda de apetite, seguidas de erupção de pequenas manchas vermelhas que provocam comichão e que, ao fim de algumas horas, se convertem em vesículas repletas de um líquido amarelado.
Uma das principais características da varicela é as borbulhas atingirem o couro cabeludo e os genitais. Em cerca de 5-7 dias, as vesículas rebentam e o líquido seca, formando crostas. Quando as lesões estão todas em fase de crosta, a criança já não está em fase contagiosa, podendo regressar à sua atividade normal. Por razões estéticas, para evitar cicatrizes da pela atingida, a criança não deve apanhar sol logo após a varicela.
O sarampo é uma doença viral – também muito contagiosa –, cuja incidência diminuiu drasticamente nos países desenvolvidos desde que se efetua a vacinação, apesar de atualmente se verificar um aumento do número de casos por toda a Europa e EUA. A transmissão dá-se por via aérea através de gotículas ou aerossóis e a criança com o vírus torna-se contagiosa entre 2 e 4 dias antes que a erupção apareça e continua a sê-lo até ao seu desaparecimento.
O sarampo que provoca febre alta, rinorreia, conjuntivite e manchas avermelhadas, é um excelente exemplo dos benefícios que a vacinação universal pode trazer para a saúde.
A rubéola é outra das doenças exantemáticas que está praticamente erradicada dos países com programas de vacinação. Nas crianças, sempre foi uma doença benigna, com febre baixa, manchas de predomínio no tronco pouco exuberantes e cuja característica particular é a presença de gânglios palpáveis na região posterior da cabeça.
As mulheres em idade fértil, que não tiveram rubéola e que não foram vacinadas, devem ser vacinadas, pois o aparecimento da doença na mulher grávida, sobretudo no primeiro trimestre de gravidez, pode causar malformações graves ou mesmo a morte do feto.
A parotidite, mais conhecida por papeira, é uma doença aguda (súbita) causada pelo vírus paramixovírus que origina o inchaço das glândulas parótidas. Responsáveis pela produção de saliva, estas glândulas estão situadas à frente e debaixo de cada ouvido, junto à linha do maxilar inferior. A doença transmite-se através do ar e de indivíduo para indivíduo, através da tosse, espirro ou somente pela fala. Também se pode transmitir por via táctil. A criança poderá apanhar o vírus ao tocar em alguma área infetada com gotículas e, depois, tocar nos próprios olhos, boca ou face.
É também uma doença muito contagiosa, começando um a dois dias antes das glândulas começarem a inchar até cinco dias depois. A criança precisa de se manter isolada. Não deve ter contacto com outras pessoas, sobretudo com bebés e crianças jovens, até o contágio se ter dissipado.
Ainda que seja o desejo de todos os pais, é praticamente impossível prevenir as doenças no período infantil, no entanto, alguns cuidados simples podem ajudar a diminuir a frequência com que ocorrem.
Como fortalecer a imunidade das crianças
Os médicos são categóricos ao afirmarem que é preciso proteger as crianças, mas não a ponto de as colocar numa redoma pois, ao tentar protegê-las em excesso, o seu organismo não conseguirá construir as suas próprias defesas naturais.
Para fortalecer a imunidade das crianças é importante manter hábitos saudáveis, que deixarão as suas defesas mais fortes. Aqui ficam algumas recomendações:
A OMS recomenda o aleitamento materno como fonte de alimentação exclusiva a bebés até aos seis meses de vida, pois o leite materno possui os nutrientes essenciais que são a matéria-prima para a construção da imunidade dos bebés, funcionando como uma primeira vacina.
As vacinas são fundamentais para o fortalecimento do sistema imunológico dos bebés e das crianças, principalmente no primeiro ano de vida. Porém, os reforços das primeiras vacinas não podem ser deixados ao acaso, pois as doses extra são as responsáveis por deixar as crianças imunes às doenças.
Na alimentação devem ser evitados os produtos industrializados. Frutas, verduras e legumes devem estar presentes na dieta das crianças – são esses alimentos que irão contribuir para cobrir a necessidade diária de vitaminas, sais minerais e nutrientes, fortalecendo o organismo.
A higiene é importante, mas nada de excessos! Para que as crianças ganhem mais imunidade, deixe-as livre para explorar o mundo à sua volta. O ideal é manter os cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos após ida à casa de banho, antes das refeições, escovar os dentes, manter a casa sempre limpa, além de higienizar os seus utensílios e roupas – mas sem paranoia!
Os pais não devem fumar em casa. Os malefícios do fumo passivo são hoje mais do que reconhecidos e os estudos mostram que as crianças que convivem com adultos que fumam sofrem muito mais de asma, bronquite, pneumonia, infeções dos ouvidos e risco de doença cardiovascular do que as que estão em famílias sem fumadores.
Mesmo as que não estão no ambiente na altura em que o adulto fuma correm riscos: o chamado “third hand smoke”. Isto porque as superfícies desse ambiente podem estar contaminadas com toxinas do tabaco, e as crianças pequenas são mais suscetíveis porque gatinham e brincam tocando em tudo com as mãos e com a boca.
Os especialistas são unânimes em afirmar que uma boa noite de sono ajuda a criança no seu desenvolvimento, descansa, revigora e também ajuda a fortalecer a imunidade. Convém não esquecer que a privação do sono liberta cortisol – a hormona do stress —, que diminui a imunidade. Assim, é importante que durmam o número de horas adequado à sua idade.
A verdade é que, por muitas precauções e cuidados que se tenha, nenhuma criança atravessa a infância sem ter alergias, dor de garganta, de ouvidos ou outras doenças típicas dessa fase, por isso, conforme-se!
Ter filhos é uma aventura constante. Cada dia é único, e repleto de surpresas. Umas boas, outras... “uma valente dor de cabeça”, mas que vale a pena experimentar!
Com o advento público da internet na década de 1990 e a sua rápida expansão a nível global, um marco indelével na história da humanidade ficou para sempre registado.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.