Existem poucas coisas tão irritantes quanto estar assistindo a um espetáculo musical, um filme na sala de cinema ou ter de conviver lado-a-lado com uma pessoa que não para de tossir. Esta é uma situação igualmente muito incómoda em outras situações em que a nossa atenção é exigida, como numa conferência, sala de aula, e principalmente numa biblioteca ou em locais de culto.
Considerando que a duração média de um estado de tosse é de cerca de 3 semanas, trata-se de uma má notícia, quer para a pesssoa que vai ter de lidar com a doença e suportá-la, tossindo sem parar durante todo esse tempo, quer para as pessoas próximas que sofrem as consequências disso.
Dependendo da intensidade e constância com que ocorre a tosse, é até possível que a garganta do paciente ou até mesmo o seu esófago fiquem danificados e mais sensíveis, fazendo com que se sinta cada vez mais vontade de tossir tornando-se um ciclo vicioso. É de facto algo bastante incómodo, sendo no entanto apenas um de vários exemplos de possíveis causas para a desagradável e persistente tosse, que pode ter sido causada por diversos motivos possíveis.
A tosse é uma reação natural do sistema respiratório a um processo irritativo. Não se trata especificamente de uma doença, mas antes de sintoma de outras doenças ou infeções. Normalmente costuma apareceer de forma imprevista ou voluntária e ser brusca e ruidosa.
Sempre que, por quaquer razão, haja um bloqueio das vias respiratórias, são automaticamente enviados estímulos ao cérebro, através da traqueia e dos brônquios, que promovem a contração muscular, principalmente do diafragma e fechamento da glote, sendo por isso da capital importância para a remoção de substâncias indesejadas e corpos estranhos, libertando a passagem de ar e facilitando a respiração. Como curiosidade poder-se-á referir que a expulsão dessas substâncias, através da tosse, pode atingir velocidades superiores a 900 km/hora.
Apesar de poder ter diversas causas, normalmente a tosse seca persistente agrava-se durante a noite, particularmente quando na sua origem está uma reação alérgica. Neste caso o melhor a fazer é combater a alergia com recurso aos medicamentos anti-histamínicos, também conhecidos por antialérgicos, até que se descubra a causa da alergia e se evite a exposição ao agente que a provoca.
No entanto, quando ao fim de algum tempo a tosse seca persistente se apresenta com expetoração, pode ser indício de tuberculose, epidemia infectocontagiosa ainda não completamente erradicada, mesmo entre os países mais desenvolvidos, embora seja tratável. Neste caso os portadores deste sintoma devem procurar imediatamente o seu médico de família ou um pneumologista que lhe indique o melhor tratamento possível e as precauções a tomar.
Causas possíveis e classificação
De um modo geral, a tosse é classificada essencialmente, em função da duração e da eventual produção de expectoração, e tanto pode resultar de apenas um importante mecanismo natural de defesa, decorrente da presença de substâncias irritativas nas vias respiratórias, como ser um sintoma associado a algo mais grave.
A tosse incomodativa que a maioria das pessoas desenvolve quando estão constipadas, além de irritante e cansativa, pode ser de natureza seca ou produtiva. A tosse seca é também conhecida como tosse persistente, irritativa ou aquela que irrompe sem aviso durante a noite, enquanto que a tosse com expetoração é descrita como tosse produtiva ou húmida. Portanto, quando se trata de escolher o tratamento mais adequado para determinados sintomas da tosse, é importante perceber de qual dos tipo se trata.
A maioria das pessoas já teve tosse seca ou persistente, durante um episódio de constipação vulgar. É uma ocorrência bastante comum no inverno e não só, que perturba a nossa vida quotidiana, nos impede de dormir tranquilamente e de cuidar dos nossos familiares. Daí que sejam necessários os melhores cuidados de saúde que conheçamos e nos quais confiemos, que nos permitam recuperar a saúde e o bem estar o mais rapidamente possível.
Na maior parte dos casos a tosse seca é causada por infeções respiratórias como laringites, faringites, sinusites, bronquites e pneumonias, mas também pode ter outras etiologias. A inalação de substâncias estranhas, alergia às poeiras, pólens ou pelos de animais, bem como a exposição aos fumos do tabaco ou a alguns produtos de limpeza podem provocar tosse seca.
A tosse seca pode ainda ter sido provocada pelo efeito adverso ou interação de alguns medicamentos ou produtos de saúde, estar associada à doença do refluxo gastroesofágico (azia), ou ser causada por neoplasias brônquicas e pulmonares bem como pela doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC). As descidas bruscas de temperatura ou aumento o da humidade atmosférica também poderão provocar tosse seca.
O panorama não ficaria completo se não fossem acrescentadas às diversas causas possíveis de provocar tosse seca, as razões de ordem psicológica, aqui com particular destaque para as crianças que querem chamar à atenção, mas que também pode afetar adultos. Nestes casos, a melhor forma de avaliar diagnóstico é estar atento ao que acontece durante o sono; se não houver tosse durante o sono, há fortes probabilidades de que seja esta a sua origem.
O tempo que a tosse seca leva a desaparecer é muito variável, porém, na maioria dos casos em que a sua origem esteja em infeções respiratórias, raramente ultrapasa as três semanas. Em algumas situações, à medida que a infeção é debelada pelo organismo, a tosse seca pode evoluir ocasionalmente para tosse produtiva, sem outras consequências. Todavia, quando o período de afetação ultrapassar a três semanas, é aconselhável consultar-se o médico de família ou um pneumologista, particularmente se o paciente não notar uma diminuição da sua intensidade.
Segundo a sua duração, a tosse pode ainda caracterizar-se de aguda ou crónica. No primeiro caso a tosse tem curta duração, é normalmente associada aos sintomas de constipação e é passível de tratamento através de mezinhas caseiras ou com a ajuda do farmacêutico. Já nos casos crónicos, de longa duração é necessária uma avalição médica devido à variedade de possíveis causas.
Desencadeantes e tempos de recuperação
A constipação comum ou gripe é um dos fatores desencadeantes da tosse, apresentando-se normalmente com sintomas como gotejamento nasal, dores de cabeça e garganta, espirros ou febre e em média pode durar entre uma a duas semanas;
Outro dos fatores, a bronquite, é uma inflamação dos tubos brônquicos que normalmente começa a partir de uma gripe ligeira mal curada e se transforma naquela tosse desagradável, por vezes dolorosa e muitas vezes acompanhada de fluídos em tons avermelhados, verdes e amarelos, normalmente causadas por uma infeção bacteriana. Com tratamento pode durar de alguns dias a algumas semanas.
A pneumonia, é uma infeção dos pulmões provocada por vírus, bactérias ou fungos, que pode demorar de algumas semanas a um mês até ser debelada, provocando no doente sintomas de tosse seca, suores, febre alta, falta de ar e fraqueza geral. Nos casos mais graves, em pacientes mais fragilizados, é necessário internamento hospitalar.
Geralmente, os pacientes com secreção nasal crónica (gotejamento), podem sentir o muco a deslizar pela parte anterior da garganta o que desencadeia um episódio de tosse húmida, principalmente durante a noite enquando deitados. Particularmente no tempo frio o problema pode ser exacerbado, sendo por isso conveniente usar um humidificador e eventualmente recorrer a um anti-histamínico ou corticosteroide nasal ambos disponíveis sem receita, em farmácia ou parafarmácia.
A asma é igualmente uma doença crónica, que se traduz em tosse seca aguda, sensação de aperto no peito, ruídos agudos ao respirar, conhecidos por pieira ou "chiadeira" e crises por vezes muito intensas de dificuldade respiratória, geralmente à noite ou ao acordar. Pode ser controlada através de corticosteroides inalados ou broncodilatadores para a prevenção e tratamento.
Outro fator desencadeante da tosse seca é a Doença de Refluxo Gastroesofágico, doença igualmente crónica que resulta de um desequilíbrio entre os fatores que agridem e os que protegem a mucosa gástrica e que se manifesta por sintomas de azia, regurgitação, dificuldade em deglutir os alimentos, dores torácicas, tosse, rouquidão e por vezes falta de ar e gengivite.
Tratamento da tosse seca
O tratamanto da tosse seca persistente deve ser direcionado no sentido de solucionar as suas causas. Nos casos de tosse seca de causa alérgica, além da medicação prescrita pelo médico, é importante ingerir bastante água para manter as vias aéreas hidratadas e ajudar na remoção das secreções, diminuindo a irritação da garganta, tomar uma colher de sopa de xarope caseiro de cenoura 3 a 4 vezes ao dia, uma xícara de chá de hortelã com a mesma frequência e um medicamento de prescrição médica para a tosse seca pesistente. Também a ação térmica das bebidas quentes pode contribuir para acalmar a irritação da mucosa faríngea. Deve por outro lado evitar-se as poeiras no interior de casa, o contacto com animais e o fumo de tabaco pois podem ser os agentes causadoras da tosse seca.
Casos de tosse seca persistente por mais de uma semana, devem merecer especiais cuidados, especialmente por parte dos pacientes com outras patologias do foro respiratório já conhecidas, recorrendo a aconselhamento médico.
Os medicamentos antitússicos, na sua generalidade de venda livre, são os mais indicados para tratamento da tosse seca, preferencialmente os de ação periférica, isto é, que não atuam no sistema nervoso central. Estes, além de possuírem ação anti-inflamatória e analgésica local, tornando a mucosa respiratória menos suscetível à irritação local, desenvolvem uma ação antiespasmódica, que contribui para o relaxamento dos músculos brônquicos.
Podem também utilizar-se agentes demulcentes, as chamadas "pastilhas para a tosse", que atuam formando uma fina camada protetora na mucosa orofaríngea, protegendo-a da ação irritativa dos agentes já referenciados.
Não nos esqueçamos de que o diagnóstico correto da causa é, por si só, a base para o tratamento e que a tosse seca persistente merece especiais cuidados e atenção redobrada.