Nos primeiros anos de vida sujar-se faz parte da aprendizagem. Todas as crianças precisam de interagir com ambientes externos, explorar parques, brinquedos e desfrutar do maior número de aventuras para melhor entender como funciona o mundo à sua volta. Por essa razão, nessa idade, é fundamental que os pais dêem atenção extra à sua higiene pessoal.
Não é novidade para nenhuma mãe olhar para a sua criança ao fim de um dia de muita brincadeira e vê-la suja da cabeça aos pés: mãozinhas e plantas dos pés negros de poeira, roupas com vestígios de todas as refeições do dia, cabelos suados e desgrenhados – o reflexo de um ótimo dia. O passo seguinte é livrar-se de toda a sujidade e manter o conhecimento adquirido nas brincadeiras.
A higiene infantil é um dos maiores fatores de prevenção de doenças nos primeiros anos de vida. Segundo a definição, higiene é um conjunto de conhecimentos e técnicas para evitar doenças infecciosas usando a desinfeção, a esterilização e outros métodos de limpeza, com o objetivo de manter e fortalecer a saúde.
A responsabilidade de ensinar as crianças a cuidar do próprio corpo é em primeiro lugar dos pais, mas a escola também deve ter um papel ativo nesta fase tão importante da sua formação.
Antes de mais, para entenderem a importância de cada hábito higiénico que vão adquirindo, as crianças devem conhecer o próprio corpo e compreender o motivo de todas as coisas. Aos pais cabe o papel de conversar com os filhos, usando uma linguagem que eles entendam, e explicar as razões dessas obrigações com a limpeza corporal.
A facilitar a aprendizagem o facto de todas as crianças gostarem de observar os pais enquanto estes cuidam da sua própria higiene e os quererem imitar. O plano para os ensinar a fazerem as coisas sozinhos pode começar exatamente por aí. O educador deve mostrar-lhe como se faz e dar-lhe espaço, controlando e valorizando os seus esforços.
Para que os pequenos se acostumem às atividades, e as passem a fazer sem pensar, os pais podem criar rotinas como: antes de se sentar à mesa, deve-se lavar as mãos; antes de se deitar, deve-se escovar os dentes e usar o fio dentário, entre outras.
Todas as atividades que fazem parte da rotina diária de higiene pessoal de todos nós podem parecer banais, mas para as crianças que estão a começar a cumpri-las sozinhas, são grandes vitórias. Ser responsável pela própria higiene é um passo fundamental, não apenas para o desenvolvimento da autoestima e da autoimagem, mas também para a conquista da independência, e é algo que não acontece da noite para o dia.
A higiene é o primeiro passo para uma saúde plena, por essa razão quanto mais cedo começar a introduzir esses hábitos na rotina diária das crianças, melhor, até porque “é de pequenino que se torce o pepino”.
Hábitos de higiene a incutir na pequenada
Lavar as mãos antes e depois das refeições, assim como após as idas à casa de banho é um hábito de higiene crucial para ensinar às crianças, pois todos sabemos como eles andam sempre com as mãos no chão, passando-as depois pela cara, nariz, boca... enfim, por todo o lado.
Vírus como os da constipação ou das gripes mais perigosas, para não falar de outras doenças, transmitem-se facilmente pelas mãos e as crianças estão particularmente sujeitas a este perigo ao partilhar brinquedos ou ao praticar desporto, por exemplo. Este é um dos hábitos que vai contribuir para reforçar a saúde dos petizes todos os dias.
Cortar e limpar as unhas são práticas que vão além do aspeto estético. As crianças brincam com terra, lama, e agarram alimentos com as mãos. O espaço entre as unhas e a pele é um lugar muito apetecível para todo o tipo de sujidades e de microrganismos, alguns deles perigosos para a saúde, sendo fundamental que a criança aprenda desde cedo a limpar as unhas, mantendo-as corretamente aparadas e evitar ainda o mau hábito de roer as unhas.
Deve dar-se especial atenção também às unhas dos pés – que deverão ser cortadas semanalmente – e aos pés, por serem uma parte propícia ao desenvolvimento de micoses, infeções produzidas por fungos, que podem dar lugar a maus cheiros.
Manter o nariz limpo, de forma a evitar o mau hábito de usar os dedos: são aconselháveis para o efeito limpezas regulares com soro ou água do mar. Em idade escolar, é importante que a criança saiba assoar-se corretamente, usando lenços descartáveis que deve ter sempre na mochila, evitando assim o mau hábito que a pequenada tem de andar sempre com os dedos no nariz. A limpeza correta do nariz é essencial ainda para prevenir doenças respiratórias, como as vulgares rinossinusites e rinites.
O banho diário e a higiene dos cabelos são costumes que não devem ser descurados. A fase da pirraça para não tomar banho é comum a quase todas as crianças, mas este é um hábito fundamental a seguir, pelo menos uma vez por dia.
Principalmente depois que começam a andar e a brincar mais ativamente, as crianças costumam ficar bastante suadas e com o suor, podem vir problemas como assaduras, brotoejas e alergias de pele. As poeiras e as gorduras são especialmente atraídas para o cabelo das crianças, gerando camadas de sujidade sobre o couro cabeludo, por vezes pouco visível, mas altamente prejudicial para a respiração da pele e muito atrativo para a fixação de parasitas como fungos e piolhos.
Os banhos diários e a correta higiene do couro cabeludo – lavando, secando e penteando bem os cabelos –, são fundamentais para a saúde.
A hora de escovar os dentes pode ser stressante para os pais uma vez que muitas crianças têm preguiça de fazer a higiene oral. A escovagem, porém, é fundamental para garantir inclusive a sua saúde futura. Não são novidade para ninguém os problemas desencadeados pela pouca atenção dada à higiene dentária e as cáries são um desses grandes problemas, podendo provocar dores fortes, infeção da zona peridental e, pior, a destruição dos dentes.
As crianças devem ser acompanhadas no ato de lavar os dentes até que dominem esse hábito, que deve acontecer três vezes por dia, e fazer uma visita ao dentista, no mínimo, uma vez por ano.
As roupas e o calçado das crianças devem ser objeto de especial atenção.
Antes de mais, deve evitar-se um erro muito comum entre os pais que é o agasalhar demasiado as crianças – o excesso de roupa só irá aumentar a retenção de suor e provocar uma temperatura corporal superior ao necessário.
As crianças deverão vestir roupas cómodas, não muito justas, de fácil lavagem e adequadas a cada momento e situação do dia. A roupa interior deve ser de algodão, sendo a sua mudança diária essencial para evitar a acumulação de microrganismos. Os sapatos ou ténis não devem ser calçados sem meias, e para manter a sua higiene e durabilidade devem ser limpos, escovados e arejados com regularidade. Estes cuidados ajudam a evitar o mau cheiro nos pés.
A limpeza dos brinquedos e jogos também faz parte da higiene pessoal infantil.
Os brinquedos das crianças também devem ser cuidadosamente limpos, com uma regularidade maior quanto menor for a idade da criança, uma vez que as suas defesas são mais frágeis. Os brinquedos, principalmente quando partilhados e porque andam no chão e em todo o lado, são perigosos agentes de propagação de doenças, para além de acumularem poeiras, sujidade e outros resíduos pouco saudáveis.
Para que a higiene infantil se torne mais facilmente um hábito e dê prazer à criança, são desenvolvidos produtos especialmente a pensar nelas. Normalmente estão associados a algum personagem de desenho animado, são coloridos, atraentes e bem-cheirosos.
Os produtos de higiene infantil
Nas farmácias e lojas as prateleiras estão cheias com produtos de higiene destinados ao público infantil, e ainda bem, porque o corpo das crianças é bem diferente do corpo dos adultos, e não apenas em tamanho.
A pele dos pequenos, por exemplo, é mais fina e delicada que a dos adultos. Assim, geralmente, os produtos para higiene infantil não contêm corantes e fragrâncias, além de terem um número reduzido de conservantes químicos.
O mesmo se aplica aos champôs, devido à fragilidade do couro cabeludo de bebés e crianças, estes produtos têm como função proteger e manter a saúde desta área, sendo as suas principais características a ausência de sal e sulfatos, além de um pH neutro (em torno de 7,0), para se parecer com a água. Desta forma, se o champô atingir os olhos, não provocará ardência ou dor.
Tal como os champôs, os sabonetes e loções são produzidos com substâncias mais suaves para evitar a irritação. Podem conter ingredientes naturais de efeito calmante, como é o caso da aveia, que ajuda a manter a barreira protetora da pele e estão ausentes de corantes. Quanto às fragrâncias, geralmente são usados compostos naturais ou mais suaves, a fim de evitar alergias na pele e problemas respiratórios como a rinite.
No que diz respeito às pastas dentífricas, além dos sabores doces que agradam ao paladar infantil, e a presença de personagens divertidas nas embalagens, a principal diferença entre as pastas de dentes adultas e infantis é a quantidade de flúor.
Enquanto as crianças são muito pequenas ainda não sabem cuspir, o que faz com que acabem por engolir muita pasta de dentes.
As grandes quantidades de flúor ingeridas nessa época acabam por causar uma condição chamada “fluorose”, uma espécie de depósito de flúor nos dentes permanentes que nascem posteriormente. Nas pastas de dentes exclusivas para as crianças, a quantidade de flúor é reduzida justamente para evitar que esse problema ocorra.
Educar as crianças com bons hábitos de higiene é importante para a saúde, mas deve ter-se cuidado para que os hábitos não se transformem numa obsessão. Preocupar-se em cuidar da roupa e não sujar o corpo e as mãos no momento da brincadeira pode deixar a criança inibida e causar problemas de ordem emocional.
Os pais com a “mania” da limpeza e da organização excessiva podem transferir essa mania aos seus filhos fazendo com que eles se comportem da mesma maneira perante alguma coisa que, aparentemente, não esteja tão limpa ou arrumada, portanto, equilíbrio é a palavra-chave.
Ensinar e ajudar as crianças a adquirir os hábitos básicos de higiene desde cedo não é apenas importante para prevenir doenças, mas também para que elas vivam em sociedade de forma feliz e saudável.