Com origem nos étimos gregos árthron (articulação) e ite (inflamação), a palavra artrite é utilizada para designar uma inflamação nas articulações independentemente da sua etiologia. Confundida por vezes com artrose, distingue-se no entanto desta já que a artrose é uma doença crónica em que há perda de cartilagem articular e degeneração dos ossos que fazem parte da articulação.
Não obstante se tratar de doenças distintas, artrite e artrose estão intimamente relacionadas, uma vez que a inflamação provocada pela artrite provoca o desgaste ou mesmo a destruição da cartilagem articular e sem essa proteção, os ossos entram em fricção que se não for devida e atempadamente tratada pode evoluir para uma artrose.
As articulações são os locais do corpo onde convergem pelo menos dois ossos ou mais, tais como nos joelhos, cotovelos, punho, tornozelo e quadril entre outras. Nas extremidades dessas estruturas, existem cartilagens cuja função é evitar a fricção direta entre os ossos e amortecerem o contacto entre si, permitindo dessa forma que os movimentos normais se processem suavemente e sem dor.
As artrites podem ser causadas por infeções ou qualquer outro processo inflamatório que acometem as estruturas ósseo-articulares como a cartilagem, os músculos, ligamentos e menisco, podendo ocorrer em qualquer articulação do corpo e tendo por principais sintomas, dor, inchaço, vermelhidão, calor e rigidez na articulação afetada. Com exceção da rigidez articular, estes são os principais sinais típicos de um processo inflamatório em desenvolvimento ou seja uma artrite, que pode ou não causar dores constantes, em repouso ou durante o movimento.
Tipos de artrite
São conhecidos mais de 100 tipos de artrite, que podem manifestar-se de diferentes formas, sendo no entanto as mais comuns, a artrite degenerativa, artrite gotosa, artrite piogénica aguda, artrite psoríaca ou artrite reumatoide, doenças estas que não devem ser vistas como similares do reumatismo, dado este ser de origem imunológica, enquanto as artrites resultam de mecanismos meramente inflamatórios.
A sua caraterística degenerativa é essencialmente crónica, dado que o tecido se deteriora, instalando-se uma hipertrofia dos ossos e levando a que os pacientes sintam dores intensas sempre que se movem. Esta atinge com mais frequência os joelhos, fémur da coxa e a coluna vertebral.
No caso da artrite reumatoide, os sintomas surgem com mais frequência nos dedos das mãos, punhos, ombros, joelhos e cotovelos, raramente atingindo a coluna lombar e dorsal, embora a cervical também seja afetada com alguma frequência. Por outro lado, o típico sintoma de rigidez matinal, isto é, a dificuldade em abrir e fechar as mãos pela manhã, que surge à medida que a inflamação progride, ao mesmo tempo que a cartilagem das articulações é destruída, a pessoa pode começar a desenvolver deformidades, incapacitando-a para a realização das suas tarefas quotidianas.
A gota ou artrite gotosa, popularmente conhecida por reumatismo dos pés, é uma doença inflamatória causada pelo excesso de ácido úrico no sangue, que causa muita dor nas articulações e cujos sintomas incluem geralmente vermelhidão, inchaço, dor ao movimentar uma articulação e instalando-se com mais frequência no dedo grande do pé que fica muito dorido ao caminhar.
Através de medicamentos anti-inflamatórios como o naproxeno, o ibuprofeno ou a colchicina para controle da dor e inflamação, e uma dieta adequada com vista a reduzir os níveis de ácido úrico no sangue, é possível curar a gota. Contudo, é necessário manter os níveis de ácido úrico no sangue controlados a fim de evitar que surjam novas crises com complicações potencialmente irreversíveis que poderão conduzir a deformações nas articulações.
A artrite piogénica aguda, a infeção que é provocada por microrganismos como vírus, fungos bactérias ou parasitas, produzindo puz, atinge particularmente os joelhos, fémur das coxas e os ombros, e só muito raramente afeta outras articulações como os tornozelos, cotovelos e punhos. No entanto, o seu aparecimento e desenvolvimento têm vindo a ser travados pelo uso de antibióticos cada vez mais potentes logo aos primeiros sintomas de infeção, melhorando consideravelmente as perspetivas de cura.
Por último surge a artrite psoríaca, classificada como um distúrbio da epiderme, de causas ainda desconhecidas e que surgem na pele sob a forma de eritemas escamosos, semelhantes à sarna, e que pode atingir seriamente praticamente todas as articulações do corpo.
A artrite não tem cura. No entanto pode ser amenizada através de movimentação das articulações pela prática regular de exercícios, flexibilização das zonas mais atingidas, exercitar as mãos em água quente, praticar natação e sobretudo utilizar as práticas desportivas com moderação, sem esforçar demasiado a estrutura osteoarticular. Ainda a nível preventivo, não usar cremes sem prescrição médica, envolver a articulação dorida levemente com luvas elétricas ou confecionadas em tecido flexível para aliviar a dor nas mãos, ou um cachecol, para que se mantenha mais aquecida e evitar um peso corporal acrescido, entre outras medidas julgadas mais adequadas e confortáveis.
Terapias naturais
Normalmente o tratamento fármaco-terapêutico da artrite vai depender das causas da inflamação, mas é geralmente comum passar pela utilização de medicamentos analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides, antibióticos, imunossupressores e biológicos; concomitantemente, através de fisioterapia, terapia ocupacional, perda de peso e eventualmente por cirurgia.
Muito provavelmente já alguém lhe terá dito que a acupunctura pode aliviar a dor provocada pela artrite, que o óleo de peixe pode reduzir a inflamação ou pode até ter lido algures que o uso de uma simples bracelete de cobre pode controlar a dor nas articulações. Há um crescente número de pessoas que acredita que estas e outras terapias naturais fazem maravilhas para os pacientes com artrite, levando-o a questionar-se se realmente essas mezinhas funcionam. A verdade é que muitos indivíduos procuram alternativas à medicina ocidental tradicional para tratar a artrite e muitas outras patologias, estimando-se que só nos Estados Unidos, cerca de 38 por cento dos adultos usam alguma forma de medicina alternativa ou complementar para o tratamento da artrite.
Estas terapias alternativas podem variar de suplementos e vitaminas a massagens e sessões de meditação para eliminar a dor, a inflamação, a rigidez e fadiga causadas pela artrite e outras doenças que por vezes lhe estão associadas. Há estudos que comprovam que várias dessas terapias isoladamente ou associadas, ajudam a aliviar os sintomas da artrite e a promover uma vida mais saudável. No entanto, no dia-a-dia do mundo do trabalho, nem sempre é fácil ou sequer possível segui-las com regularidade, tornando-as por isso muitas vezes ineficazes.
Em resumo, as terapias naturais não se destinam a substituir a medicação convencional ou os tratamentos prescritos pelo médico, embora em alguns casos possam substituir com vantagem certos fármacos anti-inflamatórios e assim permitir uma redução no seu uso. No entanto, sempre que isso aconteça deverá informar o seu médico sobre as terapias que está a usar ou que prevê vir a usar.
Fatores de risco e prevenção
Está estabelecido que um dos principais fatores de risco para as artrites é de origem genética, sabendo-se que há famílias com um histórico familiar da doença que tendem a transmiti-la às gerações seguintes; o fator idade contribui igualmente para o aparecimento da patologia, já que aumenta o risco de seu desenvolvimento; o género feminino é também mais suscetível de desenvolver artrite que os homens, em particular a partir da menopausa; pessoas que sofreram lesões articulares anteriormente têm igualmente mais hipóteses de desenvolverem artrites no futuro; por último, a obesidade e o excesso de gordura no corpo faz com que aumente a pressão sobre as articulações, principalmente nos joelhos e quadril, podendo originar artrites.
Para prevenir o aparecimento da doença, em particular nos casos em que haja um histórico familiar conhecido, é necessário manter o médico assistente informado, ainda que não haja evidência de sintomas ou sinta dores nas articulações, sendo que o diagnóstico precoce e um tratamento atempado podem ajudar a evitar futuros danos às articulações.
Sabe-se também que em indivíduos com suscetibilidade genética, o tabagismo, a par de outros fatores, aumenta o seu risco e gravidade. Neste contexto, a abstenção de hábitos tabágicos poderá ser uma forma de reduzir o risco da doença, não prevenindo todavia o seu aparecimento. Embora não se previna a artrite, a par do diagnóstico e tratamento precoces, adesão aos tratamentos, adoção de certas medidas não farmacológicas e uma dieta adequada, são da maior importância para prevenção das suas consequências.