Doses elevadas de alguns estimulantes aumentam risco de psicose
As taxas de prescrição de estimulantes para tratar o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) aumentaram significativamente na última década, tendo alguns dos maiores aumentos acontecido durante a pandemia de Covid-19.
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Um novo estudo realizado por investigadores do Hospital McLean, que analisou admissões de adultos nas emergências do Mass General Brigham, descobriu que indivíduos que tomam doses elevadas de anfetaminas têm um risco cinco vezes maior de desenvolver psicose ou mania.
No geral, os indivíduos que haviam tomado anfetaminas no mês anterior tinham maior probabilidade de psicose ou mania de início recente do que indivíduos que não haviam tomado estes medicamentos no mês anterior. De acordo com o estudo, cujos resultados foram publicados no American Journal of Psychiatry, o risco foi maior naqueles que tomaram 30 mg ou mais de dextroanfetamina.
Estudos realizados anteriormente já haviam relacionado os estimulantes ao risco de psicose e mania, no entanto, não se sabia se a dosagem tinha impacto no risco.
Lauren Moran, investigadora em farmacoepidemiologia no Hospital McLean, realça que nos rótulos dos medicamentos estimulantes não existe um limite máximo de dose, mas os resultados mostram que a dose é um fator no risco de psicose e deve ser tida em consideração aquando da prescrição.
Durante o estudo, os investigadores reviram os registos eletrónicos de saúde das consultas com pacientes do Mass General Brigham entre 2005 e 2019, com foco especial nos adultos dos 16 aos 35 anos, a idade típica de início da psicose e esquizofrenia. Todos os pacientes foram internados no Hospital McLean após encaminhamentos de outros hospitais do sistema de saúde do Mass General Brigham.
Foram identificados 1.374 casos de indivíduos com o primeiro episódio de psicose ou mania, em comparação com 2.748 pacientes de controle com hospitalização psiquiátrica devido a outras condições, como depressão ou ansiedade.
Descobriram ainda que a percentagem de risco atribuível entre os expostos a qualquer anfetamina foi de quase 63% e para anfetaminas em doses elevadas foi de 81%. Estes resultados sugerem que entre as pessoas que têm prescrição para anfetaminas, poderiam ter sido evitados 81% dos casos de psicose ou mania se a dose não fosse elevada.
Embora se tenha observado um aumento significativo do risco relacionado com a dose em pacientes que tomam doses altas de anfetamina, não se observou nenhum aumento significativo do risco com a toma de metilfenidato, o que é consistente com investigações anteriores.
Embora o estudo não prove causalidade, a equipa refere que existe um mecanismo biológico plausível em mudanças neurobiológicas que incluem uma libertação de níveis mais altos do neurotransmissor dopamina das anfetaminas, que são paralelos às mudanças dopaminérgicas observadas na psicose.
As descobertas não são para alarmar, no entanto, deve haver um cuidado extra quando se prescreverem estes medicamentos, especialmente no caso de indivíduos que tenham fatores de risco para psicose e mania.