Duloxetina pode ajudar idosos com depressão e disfunção cognitiva
Uma investigação levada a cabo no Instituto Karolinska, na Suécia, permitiu apurar que um antidepressivo já registado, a duloxetina, também pode ter efeitos positivos na memória e nas funções cognitivas em idosos.
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As indicações atuais para o uso de duloxetina são o tratamento de transtornos depressivos maiores, transtornos de ansiedade generalizada, dor neuropática e dor associada à neuropatia periférica diabética, dor musculoesquelética e fibromialgia. Em alguns países, a substância também é utilizada no tratamento de incontinência de esforço e incontinência urinária em mulheres.
O estudo, publicado no jornal ACS Omega, mostra que a duloxetina inibe uma enzima envolvida na regulação do sistema nervoso que afeta a memória e a cognição. Isso poderia potencialmente prevenir o desenvolvimento de doenças demenciais, especialmente a doença de Alzheimer.
Taher Darreh-Shori, um dos investigadores envolvidos, realça que tanto a depressão quanto o comprometimento cognitivo ocorrem com frequência simultaneamente em idosos, particularmente aqueles nos estágios iniciais de uma doença demencial, pelo que a descoberta de que a duloxetina pode ter um efeito duplo é promissora.
A análise revelou que o medicamento antidepressivo inibiu a BChE (butirilcolinesterase) com alta seletividade em comparação à AChE (acetilcolinesterase). Em contraste, dois outros antidepressivos, o citalopram e o escitalopram, exibiram uma atividade fraca a moderada.
Segundo os especialistas, o estudo demonstrou que a duloxetina é um inibidor competitivo seletivo de BChE altamente potente, o que indica que a substância pode ser a escolha certa para o tratamento antidepressivo em adultos mais velhos com sintomas depressivos e demenciais, por poder oferecer efeitos clinicamente benéficos adicionais através desse modo secundário de ação de aumento colinérgico.
Os resultados são importantes pois atualmente não existem medicamentos que curem doenças demenciais. O fato deste medicamento poder ajudar tanto na depressão quanto no comprometimento cognitivo será benéfico para a comunidade médica e para as associações de idosos.