Jejum intermitente pode ser gatilho para a compulsão alimentar
Apesar de bastante popular nas redes sociais, o potencial do jejum intermitente para a perda de peso tem sido contestado por várias entidades científicas. Segundo um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), pessoas que fazem o jejum intermitente têm tendência para desenvolver compulsão alimentar e para desejar alimentos calóricos.

DIETA E NUTRIÇÃO
JEJUM - Uma estratégia saudável?
O jejum intermitente é um dos tipos mais praticados para melhoria do estado de saúde, pois pode ajudar para melhorar o sistema imunitário, potenciar a desintoxicação e ainda melhorar a disposição e agilidade mental. LER MAIS
O estudo, publicado na edição de outubro do Journal of the National Medical Association, acompanhou 458 estudantes da USP, que foram divididos em dois grupos: um grupo de 89 pessoas que faziam jejum e um segundo grupo de 369 pessoas que não seguiam esta estratégia. Através de um questionário online, os especialistas pretendiam investigar as práticas de jejum e com que frequência os participantes haviam feito a dieta durante três meses antes da recolha de dados.
Descobriram, então, que 89 deles costumavam seguir o método. Os fatores principais analisados foram os níveis de restrição cognitiva, compulsão alimentar, desejo por comida e consumo de alimentos não indicados para quem pretende emagrecer.
Dos 89 estudantes, 32 apresentavam compulsão alimentar e a maioria não teve comportamento compensatório – como o vómito, por exemplo, que estaria associado à bulimia. Isto pode significar que a compulsão está interligada à prática de jejum, e não a outro transtorno alimentar.
Em termos estatísticos, o estudo descobriu uma relação diretamente proporcional entre as horas de jejum enquanto desperto (quando há um esforço ativo e consciente para não comer) e os episódios de compulsão alimentar.
Os participantes que tiveram episódios considerados moderados de compulsão alimentar passaram, em média, 29% mais tempo sem comer entre uma refeição e outra do que o grupo que não estava a praticar o jejum. Para aqueles que tiveram episódios severos de compulsão alimentar, o tempo em jejum chegou a ser 140% maior em comparação com os não compulsivos.
De acordo com Jônatas de Oliveira, autor do estudo, os resultados realçam a importância de estratégias alimentares baseadas na regulação emocional e comportamental, especialmente no caso dos jovens universitários, que são particularmente vulneráveis a transtornos alimentares.