Gravidez: complicações podem afetar saúde da criança mais tarde
Os distúrbios hipertensivos e a diabetes gestacional são duas das complicações mais comuns da gravidez e colocam as gestantes em maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares mais tarde na vida. Mas, de acordo com um novo estudo, publicado recentemente no American Journal of Obstetrics and Gynecology, estas complicações na gravidez também podem resultar numa pior saúde cardiovascular da criança.
Numa análise secundária de 3.317 pares mãe-filho do estudo prospetivo de acompanhamento de resultados de hiperglicemia e gravidez adversa (HAPO FUS), a equipa de investigação examinou se havia uma relação entre distúrbios hipertensivos da gravidez e diabetes gestacional e a saúde cardiovascular da criança.
Os especialistas descobriram que 8% das mães desenvolveram hipertensão durante a gravidez, 12% desenvolveram diabetes gestacional e 3% desenvolveram ambas as condições. Posteriormente, examinaram a saúde cardiovascular das crianças 10 a 14 anos após o parto, que foi avaliada com base em quatro medidas: Índice de Massa Corporal (IMC), pressão arterial, colesterol total e níveis de glicose.
As diretrizes pediátricas definiram cada medida como ideal, intermediária ou má. Os investigadores constataram que antes dos 12 anos (idade média: 11,6), mais de metade das crianças (55,5%) tinham pelo menos uma medida que não era ideal, o que as colocava em maior risco de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais.
Segundo Kartik K. Venkatesh, principal autor do estudo, estas descobertas são importantes porque, tradicionalmente, pensa-se que o risco de uma pessoa desenvolver doenças cardiovasculares tem início após o nascimento, ou seja, que todos começam no mesmo ponto. No entanto, os dados sugerem que não é assim, ou seja, o que acontece no útero pode afetar a criança durante toda a sua vida.