CONTRACEPTIVO

Pílula de emergência mais eficaz se tomada com anti-inflamatório

As mulheres que tomam um analgésico juntamente com a pílula do dia seguinte mais utilizada no mundo têm um risco muito menor de engravidar do que aquelas que dependem apenas da contraceção de emergência.

Pílula de emergência mais eficaz se tomada com anti-inflamatório

SEXUALIDADE E FERTILIDADE

CONTRACEÇÃO


Para os especialistas em saúde sexual a descoberta, publicada recentemente na revista Lancet, representa um avanço potencial na prevenção da gravidez após relações sexuais desprotegidas. Assim, consideram que as práticas clínicas deveriam ser alteradas para que as mulheres que desejam evitar engravidar passassem a receber rotineiramente ambos os medicamentos.

O ensaio clínico randomizado realizado por académicos médicos em Hong Kong e na Suécia permitiu apurar que tomar piroxicam, um medicamento anti-inflamatório normalmente utilizado para tratar a artrite, ao mesmo tempo que a pílula do dia seguinte, levonorgestrel, evita 95% das gravidezes nessas circunstâncias. Já o levonorgestrel isolado, em conjunto com um placebo, apenas conseguiu prevenir 63% das gravidezes.

O levonorgestrel é uma das duas pílulas mais utilizadas como contraceção de emergência em todo o mundo. A outra substância é o acetato de ulipristal, usado em menos países. Ambas funcionam prevenindo ou atrasando a ovulação, no entanto, nenhuma é eficaz após a ovulação ter ocorrido.

As mulheres podem tomar qualquer uma das pílulas do dia seguinte para evitar a gravidez quando fizeram sexo sem contraceção ou quando a contraceção falhar, como quando um preservativo se rompe.

O ensaio contou com a participação de 860 mulheres que tiveram acesso à contraceção de emergência com levonorgestrel num serviço de saúde sexual e reprodutiva em Hong Kong entre 2018 e 2022.
No total, 418 mulheres receberam uma dose única de 1,5 mg desta substância mais 40 mg de piroxicam, enquanto outras 418 receberam a pílula do dia seguinte e um placebo.

Os resultados permitiram concluir que a combinação de medicamentos evitou 95% das gestações, enquanto o levonorgestrel por si só apenas evitou a gravidez em 63% das mulheres que o tomaram.
Não se registaram diferenças entre os dois grupos no que diz respeito aos efeitos colaterais experimentados, como menstruação tardia, que causa ansiedade.

Outro ensaio realizado em 1998 havia descoberto que o levonorgestrel por si só era 95% eficaz na prevenção da gravidez se tomado dentro de 24 horas após o sexo desprotegido, 85% eficaz 25 a 48 horas depois e 58% eficaz se tomado 49 a 72 horas depois, contudo, investigações mais recentes lançaram dúvidas sobre esses níveis de sucesso.

O estudo revelou uma grande diferença na eficácia entre os dois regimes de medicamentos e a combinação é fácil e barata traduzível na prática clínica normal, embora apenas com esse medicamento específico. Existe, portanto, potencial para melhorar a eficácia da contraceção de emergência.

Os investigadores realçam, no entanto, que as conclusões do estudo podem não se aplicar às mulheres de todo o mundo, uma vez que as participantes eram todas asiáticas, ou a pessoas com um índice de massa corporal elevado, pois as mulheres envolvidas pesavam geralmente menos de 70 kg.

Fonte: Tupam Editores

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