Estatinas: exercício moderado seguro em pessoas com dor muscular
As estatinas têm sido o padrão-ouro na redução do colesterol LDL, ou mau colesterol, e na prevenção de eventos de doenças cardiovasculares mas, embora geralmente bem toleradas, podem causar dor muscular e fraqueza em algumas pessoas.
A atividade física é outro pilar da prevenção das doenças cardiovasculares, especialmente quando combinada com as estatinas, no entanto, vários estudos mostraram que os exercícios vigorosos podem aumentar o dano muscular em alguns utilizadores de estatinas, o que pode levar à diminuição da atividade física ou fazer com que as pessoas deixem de tomar estes medicamentos. Pouco se sabe sobre o impacto do exercício moderado.
Recentemente, uma investigação publicada no Journal of the American College of Cardiology apurou que a terapia com estatinas não agrava a lesão muscular, dor ou fadiga em pessoas que praticam exercícios de intensidade moderada, como caminhar. As descobertas são tranquilizadoras para as pessoas que sentem dores musculares ou fadiga devido às estatinas, mas que precisam de praticar atividades físicas para manter os níveis de colesterol baixos e o coração saudável.
O estudo pretendia comparar o impacto do exercício de intensidade moderada na lesão muscular em utilizadores de estatinas sintomáticos e em assintomáticos, além de controlos que não tomavam estatinas. O sintomático ou assintomático foi determinado pela presença, localização e início de cãibras musculares, dor e/ou fraqueza utilizando a pontuação do índice clínico de mialgia por estatinas.
Os especialistas examinaram ainda a associação entre os níveis de CoQ10 de leucócitos em lesões musculares e queixas musculares, uma vez que as estatinas podem diminuir os níveis de CoQ10 e os níveis reduzidos podem predispor as pessoas para lesões musculares.
Durante a investigação os utilizadores sintomáticos (n = 35; idade 62 ± 7 anos), os assintomáticos (n = 34; idade 66 ± 7 anos) e os controlos (n = 31; idade 66 ± 5 anos) caminharam 30, 40 ou 50 km (18,6, 24,8 ou 31 milhas, respetivamente) por dia, durante quatro dias consecutivos.
Todos os utilizadores de estatinas tomavam a medicação há, pelo menos, três meses. Os investigadores excluíram aqueles com diabetes, hipo ou hipertiroidismo, defeitos hereditários conhecidos do músculo-esquelético, outras doenças conhecidas por causar sintomas musculares ou aqueles que faziam suplementação de CoQ10.
Não se registaram diferenças no índice de massa corporal, circunferência da cintura, níveis de atividade física ou níveis de vitamina D3 (baixos níveis desta vitamina foram associados à miopatia induzida por estatinas e, logo, podem ser um fator de risco para sintomas musculares associados às estatinas) entre os três grupos na linha de base.
Neeltje Allard, primeira autora do estudo, refere que embora os valores de dor muscular e de fadiga tenham sido maiores em utilizadores de estatinas sintomáticos no início do estudo, o aumento dos sintomas musculares após o exercício foi semelhante entre os grupos.
Os resultados demonstram que o exercício prolongado de intensidade moderada é seguro para utilizadores de estatinas e pode ser realizado por estes para manter um estilo de vida fisicamente ativo e obter benefícios para a saúde cardiovascular.