Por ser um tema controverso, o professor David Diamond, neurocientista e investigador de doenças cardiovasculares da Universidade do Sul da Flórida, nos EUA, decidiu rever toda a literatura de ensaios médicos envolvendo pacientes que tomaram estatinas, cientificamente denominadas inibidores da enzima HMG-CoA redutase, ou um placebo.

A equipa restringiu a revisão para analisar os participantes do estudo com níveis elevados de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade), o chamado mau colesterol, que pode ser reduzido com as estatinas.

Alguns indivíduos com LDL alto também tinham triglicéridos altos (gordura no sangue) e níveis do bom colesterol ou HDL (lipoproteína de alta densidade) baixos, o que os coloca em maior risco de ter um ataque cardíaco.
A situação diferia para outros participantes, que tinham triglicéridos baixos e HDL alto, o que significava que eram mais saudáveis. As pessoas com níveis ideais de triglicéridos e HDL têm maior tendência para praticar desporto, têm tensão arterial baixa e níveis de açúcar no sangue reduzidos, logo, baixo risco de ataque cardíaco.

Os investigadores procuraram responder a duas questões: Se as pessoas têm baixo risco de ataque cardíaco com base nos triglicéridos e no colesterol HDL ideais, mas têm colesterol LDL elevado, isso aumenta o risco? E essas pessoas obteriam a redução do LDL com uma estatina?

As descobertas, publicadas na revista Current Opinion in Endocrinology, Diabetes and Obesity, mostraram que o LDL sozinho tem uma associação muito fraca com as doenças cardíacas e derrames. E a revisão foi mais longe, ao mostrar que quando as pessoas com LDL elevado mas com triglicéridos e HDL ideais receberam uma estatina, não houve benefício.

Segundo os investigadores, estes resultados precisam de ser colocados num contexto de dieta e de estilo de vida. As pessoas que não estão acima do peso, têm baixos níveis de açúcar no sangue, se exercitam e fazem uma dieta baixa em carboidratos normalmente têm triglicéridos e HDL ideais e, às vezes, colesterol LDL elevado.

As descobertas revelam que as pessoas que têm esta combinação saudável de dieta e estilo de vida, assim como colesterol LDL elevado, não têm nenhum benefício ao tomar uma estatina.

O neurocientista reconhece que a sua investigação é controversa e resultou em forte apoio, juntamente com críticas de alguns membros da comunidade médica que desafiaram as suas opiniões sobre o LDL e as estatinas. Adverte, contudo, que se destina a aumentar a conscientização e não deve ser considerado aconselhamento médico.