Estatinas podem reduzir taxas de mortalidade por cancro da mama
O cancro de mama é o cancro mais prevalente em mulheres em todo o mundo, com taxas de sobrevivência satisfatórias, mas baixa sobrevivência pós-metástase. Segundo estudos anteriores, o uso de estatinas pode aumentar as taxas de sobrevivência em pacientes com este tipo de cancro, no entanto, a maioria dos ensaios não tem em consideração os níveis subjacentes de colesterol no sangue.
Num estudo de coorte retrospetivo de base populacional, uma equipa de investigadores analisou o impacto do uso de estatinas e dos níveis de colesterol sérico na mortalidade por cancro da mama.
O estudo, publicado na revista JAMA Network Open, incluiu 13.378 mulheres finlandesas com idade média de 62 anos que tinham cancro da mama invasivo recentemente diagnosticado entre 1 de janeiro de 1995 e 31 de dezembro de 2013. Todas as participantes forneceram dados sobre recetores hormonais e uma ou mais medições de colesterol. Entre os dados estava incluída a idade do paciente, data do diagnóstico, extensão do tumor e características histológicas e tratamento primário do cancro da mama.
As pacientes foram acompanhadas durante cerca de cinco anos após o diagnóstico da doença, tendo-se verificado que no período de acompanhamento, 16% dos participantes morreram, dos quais 7% de cancro da mama.
Cerca de 31% dos indivíduos apresentavam níveis elevados de colesterol sérico total (valor médio acima do 193 mg/dL) antes do diagnóstico de cancro da mama, e metade dos pacientes apresentavam níveis elevados de colesterol sérico total após o diagnóstico da doença.
Entre os pacientes com a doença, 41% haviam tomado estatinas. A análise multivariada mostrou que a toma de estatinas antes do diagnóstico de cancro da mama estava associado a um risco elevado de mortalidade pela doença em comparação com quem não tomava.
Verificou-se que a toma de estatinas pré-diagnóstico aumentou o risco de mortalidade por cancro da mama mesmo após o ajuste para os níveis séricos de colesterol total. Por outro lado, a equipa reparou que havia um risco reduzido de mortalidade por cancro da mama associado ao uso de estatinas pós-diagnóstico.
O declínio do risco foi maior com o aumento da intensidade da toma de estatinas – por exemplo, para lipoproteínas de baixa densidade (LDL), as taxas de risco foram reduzidas de 0,73 para 0,66. Foi robusto para indivíduos cujos níveis séricos de colesterol foram reduzidos após a toma de estatinas, mas não foi estatisticamente significativo nos casos em que os níveis de colesterol não diminuíram. Entre os participantes, 980 tomaram estatinas após o diagnóstico de cancro da mama, e os níveis médios de colesterol sérico diminuiram em 781 indivíduos.
A mortalidade por cancro da mama em consumidoras de estatinas diminuiu entre pacientes com cancro do tipo positivo para receptor de estrogénio e indivíduos com tumores localizados. Entre os pacientes com tumores metastáticos, a toma de estatinas foi associada ao aumento da mortalidade em comparação com a não toma. No entanto, as taxas de mortalidade por todas as causas foram mais baixas entre quem tomava estatinas em comparação com quem não as tomava, ajustando os níveis sorológicos de colesterol.