FÁRMACO

Fármaco para epilepsia e enxaqueca causa defeitos congénitos

Um medicamento utilizado no tratamento da epilepsia, enxaqueca e transtorno bipolar, o ácido valproico, pode causar defeitos congénitos quando tomado durante a gravidez. Recentemente, um estudo realizado por investigadores do Instituto de Genética e Biologia Molecular e Celular da França revelou a razão por que isso acontece: o medicamento coloca algumas células do sistema nervoso em desenvolvimento em senescência, uma espécie de estado estagnado que as impede de crescer e de se dividir adequadamente.

Fármaco para epilepsia e enxaqueca causa defeitos congénitos

GRAVIDEZ E MATERNIDADE

GRAVIDEZ


O ácido valproico é amplamente utilizado no tratamento de uma série de doenças, no entanto, desde o início da sua utilização registaram-se milhares de casos de mulheres que o tomaram durante a gravidez e posteriormente deram à luz crianças com defeitos congénitos, que incluíam espinha bífida, alterações faciais e malformação cardíaca. Além disso, cerca de um terço dos bebés expostos desenvolvem comprometimento cognitivo e Perturbação do Espectro Autista (PEA).

No novo estudo, publicado recentemente na revista PLOS Biology por Bill Keyes, a equipa usou tanto organoides humanos – agrupamentos tridimensionais de células humanas cultivadas em laboratório – como ratinhos, para estudar a exposição embrionária ao ácido valproico. Descobriram, então, que o medicamento induz a senescência celular em células neuroepiteliais, as células-tronco que dão origem ao sistema nervoso central.

Foi identificada ainda uma molécula em particular, a p19Arf, como responsável por essa senescência induzida pelo ácido valproico. Quando a equipa utilizou animais sem p19Arf, a exposição ao medicamento durante a gravidez não causou microcefalia (tamanho pequeno da cabeça) ou alterações nos padrões de expressão genética associados ao PEA, embora tenha levado a outros defeitos, mesmo nesses ratinhos.

Esta investigação é uma das primeiras a associar a senescência celular aos defeitos de desenvolvimento. A descoberta de que a ativação atípica da senescência no embrião pode perturbar o desenvolvimento levanta a intrigante possibilidade de que também possa contribuir para defeitos em contextos de desenvolvimento além dos analisados.

Segundo Muriel Rhinn, primeira autora do estudo, embora a senescência celular tenha sido associada ao envelhecimento e a doenças relacionadas à idade, agora já se sabe que a indução aberrante da senescência também pode contribuir para defeitos de desenvolvimento. Uma vez que o ácido valproico está fortemente ligado a defeitos de desenvolvimento e PEA, este estudo revela uma ligação com a senescência, apoiando a necessidade de estudos adicionais.

Fonte: Tupam Editores

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