CÉLULAS ESTAMINAIS

Células estaminais do cordão umbilical são benéficas após AVC

Um novo estudo, publicado recentemente pela SAGE Journals, revelou que o uso de células estaminais do sangue do cordão umbilical está a revelar-se benéfico no processo de recuperação de doentes que sofreram um acidente vascular cerebral (AVC).

Células estaminais do cordão umbilical são benéficas após AVC

MEDICINA E MEDICAMENTOS

CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO


Publicada no final de 2021, a investigação foi realizada em doentes com idades compreendidas entre os 45 e os 80 anos que haviam sofrido AVC isquémico agudo e revelou que o tratamento com células estaminais (monócitos alogénicos) do sangue do cordão umbilical humano melhorou a recuperação dos doentes que sofreram AVC, chegando mesmo a permitir uma restauração completa da função motora.

Para além de ter demonstrado efeitos benéficos em seis doentes que tiveram AVC, este ensaio de fase I (que avaliou a eficácia do uso com células estaminais do sangue do cordão umbilical no AVC relativamente ao tipo de célula, origem celular, número de células e tempo de tratamento celular), revelou ainda que um doente de 40 anos, com historial de hipertensão e hemodiálise por doença renal terminal, após sofrer um AVC isquémico, recuperou significativamente num curto espaço de tempo depois de receber as células hematopoiéticas provenientes de sangue de cordão umbilical alogénico.

Andreia Gomes, diretora técnica no banco de tecidos e células estaminais português BebéVida, explica que o sangue do cordão umbilical contém células hematopoéticas primitivas, mais versáteis, que apresentam uma imensa capacidade de proliferação tanto em laboratório como quando são infundidas no corpo. Assim, após infusão, estas células proliferam e diferenciam-se, tornando-se eficazes no tratamento de doenças e episódios neurodegenerativos.

O sangue do cordão umbilical é uma fonte disponível para transplante de células hematopoiéticas que apresenta diversas características benéficas, tais como a baixa imunogenicidade. Além disso, acrescenta, por não exigir uma correspondência rigorosa do antigénio leucocitário humano, torna-se uma terapia segura para o doente.

A estratégia ideal do uso destas células tem sido largamente avaliada em vários estudos pré-clínicos e clínicos, reconhecendo-se que o transplante de sangue do cordão umbilical é seguro e eficaz.

Com a criopreservação, as células estaminais ficam facilmente disponíveis, uma grande vantagem face a outras fontes de células estaminais, como por exemplo a medula óssea, que requer um dador compatível e disponível para se submeter a um processo invasivo.

O AVC é uma das principais causas de morte em Portugal, sendo a principal causa de morbilidade de anos de vida perdidos. Segundo os dados mais recentes do INE, os acidentes vasculares cerebrais foram responsáveis por mais de 10 mil mortes só em 2019, representando 9,8% do total de mortes desse ano.

O AVC isquémico é o tipo de AVC mais comum e sucede quando um coágulo bloqueia uma artéria impedindo o fornecimento de sangue para o cérebro. Pode desencadear-se de duas formas quando o coágulo é formado num vaso sanguíneo numa determinada parte do corpo, sendo transportado na corrente sanguínea até ao cérebro (embolia cerebral), ou quando o coágulo é formado em vasos sanguíneos que, devido ao aumento das placas de gordura, estreitam e impedem a passagem (trombose cerebral).

Fonte: Tupam Editores

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