Doente com DT1 funcionalmente curada com células estaminais
Na última década, a investigação na área das células estaminais avançou dramaticamente. Os cientistas programaram-nas para se tornarem organoides, órgãos e tecidos biológicos, e ainda foram utilizadas para tratar outros problemas como danos musculares e anemia falciforme.
MEDICINA E MEDICAMENTOS
CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO
As células estaminais, também conhecidas por células-mãe ou células-tronco, são células que possuem a capacidade de se dividir, dando origem a células semelhantes às suas precursoras. LER MAIS
Uma equipa de investigadores médicos de várias instituições na China curou funcionalmente uma paciente com diabetes tipo 1 (DT1) injetando-a com células estaminais programadas.
No novo estudo, publicado no jornal Cell, os especialistas extraíram células da paciente, reverteram-nas para um estado pluripotente, programaram-nas para crescerem em ilhotas pancreáticas e depois voltaram a injetá-las no seu abdómen.
Por razões desconhecidas, algumas pessoas sofrem um ataque imunológico que resulta na destruição de ilhotas no pâncreas que são responsáveis por produzir insulina. Esses incidentes geralmente acontecem durante a adolescência, sendo por isso que a doença também é conhecida por diabetes juvenil.
Como as ilhotas são destruídas, qualquer cura para a doença deve envolver a substituição destas de alguma forma, seja através de transplante de um doador ou, como neste caso, utilizando as próprias células da pessoa como base para criar células estaminais pluripotentes, que podem ser programadas para crescer em ilhotas de substituição.
Nesta investigação, a equipa recolheu células de três pacientes com DT1 – todas as células foram revertidas para um estado pluripotente e depois programadas para crescer em ilhotas pancreáticas. Segundo os especialistas, a abordagem padrão foi modificada e expuseram-se a determinadas moléculas, em vez de se introduzirem proteínas.
O processo de tratamento dos pacientes foi dividido ao longo do tempo para que as descobertas do primeiro paciente pudessem ser aplicadas ao segundo e depois ao terceiro.
Num procedimento com uma duração aproximada de 30 minutos, os investigadores injetaram 1,5 milhão das ilhotas que haviam crescido no abdómen do primeiro paciente – uma mulher de 25 anos. A sua colocação no abdómen permitiu a monitorização fácil e remoção, se necessário. Dois meses e meio depois, os testes revelaram que a paciente conseguia produzir insulina suficiente para interromper as injeções.
Um ano depois, a paciente ainda produzia a sua própria insulina. A equipa realça, contudo, que esta já estava a fazer medicação imunossupressora devido a um transplante de fígado anterior e, por essa razão, ainda não se sabe se o seu sistema imunológico replicará o tipo de ataque que a levou a desenvolver DT1 inicialmente.