MEDICAMENTO

Retigabina promissora na redução de uso de cocaína em ratinhos

Os transtornos por uso de substâncias são difíceis de tratar, pois é desafiante intervir no efeito de uma droga na via de recompensa do cérebro sem interferir na função normal dessa via. Num estudo da Universidade das Ciências da saúde do Arizona, os investigadores identificaram uma substância que reduziu o desejo por cocaína num modelo murino, mantendo intactas as vias de recompensa do cérebro para o açúcar.

Retigabina promissora na redução de uso de cocaína em ratinhos

MEDICINA E MEDICAMENTOS

INVISTA NA SUA SAÚDE


Há mais de 20 anos que os especialistas em ciências da dependência tentam criar um tratamento para diminuir a propensão das pessoas para quererem usar drogas. O problema é que as mesmas áreas do cérebro que são ativadas por drogas viciantes também são ativadas por todas as coisas normais que deixam as pessoas felizes, como pizza, um biscoito de chocolate ou falar ao telefone com um amigo.

No novo estudo, publicado na Addiction Biology, a equipa conseguiu diminuir a motivação para a cocaína sem perturbar a motivação para outras coisas que dão prazer na vida.
Na investigação, os especialistas testaram a retigabina, um medicamento antiepilético, e o seu efeito no desejo por cocaína e por açúcar em ratos, tendo descoberto que a substância reduziu o comportamento de procura por drogas como a cocaína, mas não afetou o desejo por açúcar.

Inicialmente, os investigadores permitiram que os ratos se autoadministrassem cocaína e depois dividiu-os em dois grupos: animais que selecionaram doses mais altas de cocaína e que se tornaram utilizadores fortes; e ratos que tomaram doses menores de cocaína, que foram chamados de “utilizadores recreativos”. Depois, ambos os grupos receberam a retigabina.

Verificou-se que o comportamento de busca por drogas foi reduzido em todos os ratos, tendo-se observado uma redução drástica entre os animais que utilizaram níveis baixos a médios de cocaína – os utilizadores recreativos.
Segundo Arthur Riegel, líder da equipa, em vez de se esperar que os indivíduos atingissem o estágio final do vício, isto revelou que estes poderiam ser tratados logo no início e interromper esse hábito.

Seguidamente, os ratos foram autorizados a autoadministrar sacarose, ou açúcar, que ativa a via de recompensa do cérebro da mesma forma que a cocaína. Quando os investigadores deram retigabina a esses animais, esperavam ver um declínio no comportamento de busca por açúcar, como aconteceu com a cocaína, mas, surpreendentemente, eles continuaram a autoadministrar açúcar nos mesmos níveis.

Esse comportamento não foi alterado de forma nenhuma. A retigabina pareceu derrubar os aspetos reforçadores da substância viciante, a cocaína, mas manteve o desejo pela substância natural, o açúcar, intacto, saudável e normal. O medicamento parece reduzir a busca por drogas, a recaída e o uso de drogas, mas não é um comprimido mágico que faz desaparecer o vício.

A intervenção biopsicossocial é que faz o trabalho pesado no tratamento de transtornos por uso de substâncias. O objetivo final é criar um tratamento que possa ajudar a estabilizar o paciente e tornar um pouco mais fácil deixar de usar a droga a longo prazo.
Este estudo poderá eventualmente levar a novos tratamentos que funcionarão com as terapias comportamentais para apoiar as pessoas que lidam com o transtorno por uso de cocaína e melhorar as suas probabilidades de recuperação.

Fonte: Tupam Editores

OUTRAS NOTÍCIAS RELACIONADAS


ÚLTIMAS NOTÍCIAS