Células estaminais podem restaurar fertilidade feminina
A perda de função ovárica em mulheres com menos de 40 anos poderá vir a ser tratada com recurso a células estaminais. De acordo com um novo estudo, realizado em modelo animal, as células estaminais do tecido do cordão umbilical têm capacidade de aliviar a disfunção hormonal e normalizar o tamanho dos ovários, promovendo melhorias na fertilidade.
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CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO
As células estaminais, também conhecidas por células-mãe ou células-tronco, são células que possuem a capacidade de se dividir, dando origem a células semelhantes às suas precursoras. LER MAIS
O estudo foi tornado público através de um comunicado de imprensa divulgado pela Crioestaminal, empresa pioneira em criopreservação de células estaminais em Portugal, sendo o maior banco da Península Ibérica e contando com mais de 530 mil amostras guardadas.
Segundo Bruna Moreira, investigadora do Departamento de I&D da Crioestaminal, “Na procura de uma solução capaz de recuperar a função ovárica e a fertilidade em mulheres com Insuficiência Ovárica Prematura (IOP), a terapia com células estaminais mesenquimais tem-se destacado pelos seus resultados promissores, tanto em modelo animal como em ensaios clínicos.”
Estima-se que a IOP afete cerca de um por cento das mulheres até aos 40 anos. Nestes casos, a disfunção hormonal provoca alterações no ciclo menstrual, que conduzem frequentemente à perda de fertilidade. Fatores genéticos, doenças autoimunes ou tratamentos para o cancro (quimio ou radioterapia) podem estar na origem desta doença.
”Ainda assim, aguardamos com grande expectativa a realização de mais ensaios clínicos que confirmem a eficácia desta terapia e permitam estabelecer a metodologia ideal, nomeadamente no que se refere à quantidade de células e à melhor via de administração, determinantes para o sucesso do tratamento”, conclui a investigadora.
O estudo, em modelo animal, recentemente publicado, veio reforçar o potencial da terapia com células estaminais do tecido do cordão umbilical para o tratamento de IOP e restauração da fertilidade. O tratamento com células estaminais foi capaz de diminuir a gravidade das alterações observadas no ciclo reprodutivo dos animais com IOP, aliviar a disfunção hormonal e normalizar o tamanho dos ovários.
Além disso, verificou-se que a terapia com células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical aumentou o número de folículos saudáveis nos ovários, incluindo dos que se encontravam em fase de pré-ovulação, e diminuiu o número de folículos em fase de morte celular.
Observaram-se também efeitos do tratamento com células estaminais na fertilidade, sendo que a taxa de sucesso de acasalamento foi de 83% nos animais tratados com células estaminais por via intravenosa e de 100% nos que receberam células estaminais diretamente nos ovários.
Além do efeito positivo na fertilidade, os investigadores verificaram que o número de fetos foi superior nos animais tratados com células estaminais, sobretudo nos que receberam células diretamente nos ovários, cujo número de fetos foi semelhante ao dos animais saudáveis.
O estudo evidencia ainda a importância da via de administração na eficácia do tratamento, tendo-se registado maior eficácia na aplicação direta das células estaminais diretamente nos ovários do que na administração por via intravenosa.
Estes resultados sugerem que a terapia com células estaminais do tecido do cordão umbilical é capaz de promover melhorias significativas na função ovárica em modelo animal de IOP.
Os estudos científicos mais recentes sobre os resultados promissores da aplicação de células estaminais, estão disponíveis no Blogue de Células Estaminais da Crioestaminal.