Células estaminais do cordão umbilical melhoram lesões cerebrais
Um estudo realizado por investigadores australianos permitiu concluir que a recolha, o armazenamento e, depois, a infusão de células do cordão umbilical de um recém-nascido pode ter resultados eficazes e seguros num irmão com paralisia cerebral.
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CÉLULAS ESTAMINAIS, O INÍCIO DE UM NOVO PARADIGMA TERAPÊUTICO
As células estaminais, também conhecidas por células-mãe ou células-tronco, são células que possuem a capacidade de se dividir, dando origem a células semelhantes às suas precursoras. LER MAIS
Liderado pelo Murdoch Children’s Research Institute (MCRI), o ensaio clínico de fase I indicou que a infusão intravenosa de células sanguíneas do cordão umbilical de uma criança é segura num irmão com paralisia cerebral. Embora não haja uma cura para a paralisia cerebral, as células estaminais do cordão umbilical têm o potencial de melhorar a lesão cerebral e, consequentemente, a função motora bruta devido à sua capacidade de ativar processos de reparação e regeneração de tecidos.
No estudo, publicado na revista Cytotherapy, participaram 12 crianças australianas com idades compreendidas entre 1 e 16 anos. As crianças foram infundidas com células do sangue do cordão umbilical dos seus irmãos e, após o procedimento, todos os participantes foram seguidos durante 12 meses.
Três meses após o procedimento já se observaram melhorias na função motora bruta em três crianças. As melhorias mais significativas nas capacidades motoras brutas foram observadas em crianças mais novas que ainda não tinham atingido 90% do seu potencial de capacidades motoras brutas previsto.
De acordo com Andreia Gomes, investigadora e diretora técnica e de I&D do laboratório BebéVida, este ensaio clínico veio, uma vez mais, demonstrar que a infusão do sangue do cordão umbilical é completamente segura, sem qualquer reação adversa nas crianças que participaram.
Por não existirem ainda agentes terapêuticos capazes de restabelecer a função motora, estes resultados são importantes e muito promissores, sustenta a especialista em biologia celular e molecular. A deteção precoce da patologia associada à aplicação do sangue do cordão umbilical, numa fase inicial, pode melhorar significativamente a função motora bruta devido à sua capacidade de ativar processos de reparação e regeneração.
A intervenção terapêutica na paralisia cerebral incide maioritariamente na componente motora e, por isso, as crianças são sujeitas a longos períodos em instituições de reabilitação.
De forma a perceber a componente neurológica, e assim combater a patologia, têm sido conduzidos vários estudos. Atualmente mais de mil ensaios clínicos foram ou estão a ser realizados para tentar encontrar um alvo terapêutico para esta patologia, nomeadamente o cordão umbilical, através das células estaminais do mesmo.
Este é outro estudo que demonstra que o cordão umbilical é eficaz e seguro na melhoria da vida e quotidiano de crianças, representando uma potencial estratégia terapêutica para doentes com paralisia cerebral. Continuam, no entanto, a ser necessários mais estudos que permitam perceber em que mecanismos, quer o sangue quer o tecido do cordão umbilical, atuam para ajudar na recuperação da paralisia cerebral.
A paralisia cerebral é a deficiência motora mais frequente na infância, afetando nos países mais desenvolvidos entre 1,7 e 2,2 por mil crianças.
A doença diz respeito a um grupo de distúrbios neurológicos que aparecem na primeira infância e afetam permanentemente o movimento do corpo e a coordenação muscular. É causada por danos ou anormalidades dentro do cérebro em desenvolvimento que interrompem a capacidade deste de controlar o movimento, manter a postura e o equilíbrio.