ONCOLOGIA

Nova substância inibe dor oncológica

Em recente artigo publicado na revista científica Neurotherapeutics, um grupo de investigadores brasileiros e um israelita vem a público divulgar os resultados de um estudo realizado com o medicamento quimioterápico paclitaxel, que é amplamente utilizado em todo o mundo para o tratamento de diferentes tipos de cancro, em ambiente hospitalar.

Nova substância inibe dor oncológica

DOENÇAS E TRATAMENTOS

CANCRO, INVESTIGAÇÃO E NOVAS TERAPIAS


Os estudos, levados a cabo em ratos de laboratório, revelaram que a administração de uma substância sintética análoga ao canabidiol, composto natural presente na cannabis, combinada com o quimioterápico paclitaxel, previne a dor causada pelos tratamentos contra o cancro e proporciona melhores resultados.

A substância não só impediu o surgimento de dor neuropática, que geralmente é induzida pelos quimioterápicos, levando muitas vezes à interrupção do tratamento clínico, como também se mostrou benéfica para combater o cancro.

O canabidiol é uma das muitas substâncias psicoativas extraídas da planta Cannabis sativa que apresenta potencial terapêutico para o tratamento de doenças como neuropatias periféricas, doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esclerose múltipla, epilepsia, esquizofrenia e doença de Parkinson, por exemplo.

O fármaco paclitaxel causa uma lesão neuronal, que normalmente é associada à dor neuropática, estimando-se que cerca de 80% dos pacientes tratados com o medicamento venham a desenvolver dor crónica em menor ou maior grau.
Trata-se de um problema clínico importante, pois não há alternativas que funcionem para melhorar o estado da neuropatia nesses doentes, sendo por isso inevitável a interrupção do tratamento, segundo Thiago Mattar um dos autores do estudo.

A substância objeto da investigação, é um análogo do canabidiol denominada por PECS-101, tem uma estrutura semelhante àquele composto, à qual é adicionada uma molécula de flúor, alteração que dá à nova substância uma potência entre três a dez vezes maior que a do canabidiol.

A equipa de investigação demonstrou que a adição da substância similar ao canabidiol não afetava os efeitos do medicamento contra o cancro, tendo realizado para o efeito experiências em ratos de laboratório fêmeas com cancro da mama induzido, e chegado à conclusão de que a PECS-101 não só não interferia no efeito do paclitaxel, como também parecia melhorar o tratamento contra o cancro da mama, experiência que foi posteriormente confirmada em culturas de células humanas, obtendo-se o mesmo resultado positivo, segundo Nicole Rodrigues, um outro membro da equipa.

Esta nova molécula foi patenteada pela equipa de investigadores, que por sua vez a licenciou a uma empresa norte-americana, ao mesmo tempo que continua a investigação com o objetivo de encontrar outros usos para a substância e aprofundar a investigação de outros potenciais efeitos.

Fonte: Tupam Editores

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