SEBORREIA - Saiba como controlar o problema!

SEBORREIA - Saiba como controlar o problema!

DOENÇAS E TRATAMENTOS

  Tupam Editores

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Afeta grande parte da população nos seus variados graus, e incomoda miúdos e graúdos. Fique a saber o que causa a patologia, em alguns casos chamada de crosta láctea, que cuidados deve ter para tratar a sintomatologia e como evitar recidivas.

Altamente sensível, a pele é o nosso maior e mais visível órgão. Sendo a primeira linha de defesa do corpo contra bactérias e fungos, uma pele saudável mantém o equilíbrio dos fluídos e ajuda a regular a temperatura corporal. Vital para a nossa saúde e bem-estar, está continuamente exposta às mais variadas situações, razão pela qual as doenças que a afetam são tão comuns.

Ainda que aparentemente inofensivas, algumas causam grande desconforto e têm um significativo impacto na nossa autoestima – é o caso da dermatite seborreica (DS), ou simplesmente seborreia.

A DS, ou eczema seborreico, é uma alteração crónica, não contagiosa e recorrente, em que ocorre inflamação nas áreas da pele onde existe um maior número de glândulas sebáceas. Caracteriza-se por placas eritemato-descamativas arredondadas, ovaladas, localizadas em áreas mais oleosas como couro cabeludo, face, colo e dorso, porém, as virilhas, axilas, região mamária e as nádegas também podem ser afetadas.

Atualmente, a DS acomete cerca de 18 por cento da população mundial, atingindo principalmente adolescentes e adultos jovens (18-40 anos), observando-se contudo em três faixas etárias distintas (2-12 semanas de idade), indivíduos de meia idade (30 a 50 anos) e nos idosos.

O couro cabeludo é o local mais comprometido, sendo a caspa a manifestação mais frequente da doença em adultos. Estima-se que cerca de 40 por cento dos indivíduos maiores de 30 anos são afetados. Pode aparecer, em qualquer momento da vida, a partir da puberdade e seguir um curso crónico com exacerbações frequentes.

As suas causas são ainda pouco conhecidas. A DS ocorre quando o processo de renovação das células do couro cabeludo diminui, levando ao rápido desprendimento das células da pele, que ficam juntas para formar flocos visíveis.

Este processo tem sido associado a várias causas. Mais comum entre os homens, pensa-se que o distúrbio seja hereditário, observando-se que filhos de pessoas afetadas são mais suscetíveis de o serem também. No entanto, também se pensa que esteja ligado à irritação de um fungo denominado Malassezia, que prospera em zonas da pele que são muito oleosas, causando microinflamações que levam a pele e o couro cabeludo a ficarem com prurido.

Outra hipótese seria a explicação microbiológica que se baseia na relação com o fungo Pityrosporum ovale, presente na pele. Por apresentar características lipófilas, este microrganismo concentra-se particularmente em regiões ricas em glândulas sebáceas, ocasionando eritema e prurido.

Fatores como stress físico ou emocional, alterações hormonais, má alimentação ou ingestão de álcool, fadiga, climas extremos, o uso frequente de champôs, limpeza pobre da pele e obesidade, também podem aumentar o risco. Condições neurológicas, incluindo a doença de Parkinson, traumatismo craniano e AVC podem igualmente ser associados à DS. O vírus da imunodeficiência humana (HIV) também tem sido associado ao aumento dos casos.

Identificadas as possíveis causas, convém conhecer a sintomatologia nas suas várias formas, de maneira a atuar o mais precocemente possível.

As formas infantil e adulta: sintomatologia

A forma infantil observa-se mais precisamente entre a segunda semana e o sexto mês de vida, com um pico de incidência entre a terceira e oitava semanas, apresentando um curso autolimitado.

Nas crianças, a DS ocorre geralmente porque as hormonas andrógenas masculinas, que estão aumentadas na gravidez, são transferidas para o recém-nascido, deixando as suas glândulas sebáceas mais ativas.

A erupção começa normalmente com escamas amarelas grosseiras no couro cabeludo – a chamada crosta láctea. Esta espalha-se para a face, com crostas amareladas, especialmente ao redor das sobrancelhas e orelhas. Ocorre sob o pescoço, nas axilas e, em alguns casos, no corpo e na área da fralda devido às condições de oclusão e contacto mas, neste caso, dá-se uma regressão das lesões com melhora espontânea do quadro antes dos seis meses de vida.

A infeção por Candida Albicans, Staphilococcus aureus e outras bactérias pode modificar parcialmente o quadro clínico, o que dificulta a diferenciação entre dermatite irritativa das fraldas e a DS.

Na forma adulta as manifestações mais comuns incluem escamação, vermelhidão e aspereza no local. As escamas podem ser secas ou gordurosas, finas e espessas, geralmente acinzentadas ou amareladas, quase sempre aderentes, e ser ou não acompanhadas de prurido.

As lesões aparecem nas áreas com maior densidade de glândulas sebáceas, como a região do centro da face, sulcos próximos do nariz, regiões atrás das orelhas, sobrancelhas, cílios e barba, conduto auditivo externo, além da região centrotorácica.

Com o comprometimento do canal auditivo externo pode ocorrer otite com descamação, prurido e vermelhidão na região. O centro das costas, a região intermamária e a anogenital também podem ser afetadas.

O local mais comum de acometimento é o couro cabeludo, que pode ser afetado em diversos graus. Aqui a caspa, a forma mais leve de DS do adulto, apresenta geralmente uma ligeira descamação assintomática e sem eritema.

Nas formas mais intensas observa-se eritema de base com a presença de escamas aderentes de maior tamanho e aspeto gorduroso. Nestes casos, o acúmulo de escamas pode dar origem à formação de verdadeiras crostas que afetam praticamente todo o couro cabeludo.

A DS também pode causar a queda dos cabelos. Cerca de 72 por cento dos doentes possuem algum grau de perda, podendo levar à rarefação capilar, sendo que, em alguns casos, com o tratamento da DS a queda de cabelos regride.

O diagnóstico da doença é clínico, tendo por base as características morfológicas das lesões, a localização das áreas seborreicas, distribuição simétrica e padrão evolutivo. Não se pense, contudo, que é fácil este diagnóstico.

Diagnóstico e formas de tratamento

Por vezes, torna-se difícil distinguir, seja clínica ou histopatologicamente, a DS de psoríase do couro cabeludo, dermatite de contacto, impetigo, pitiríase rósea de Gilbert, entre outras, considerando-se no entanto possível essa associação.

Em alguns casos, o médico dermatologista necessita de exames clínicos para confirmar o diagnóstico, como por exemplo um exame micológico, uma biópsia, ou um teste de contacto.

O tratamento da DS é estabelecido de acordo com a idade do paciente e com a intensidade e extensão das manifestações clínicas, e apesar de não existir medicação que cure definitivamente a doença, a sintomatologia pode ser controlada.

Geralmente são utilizados medicamentos de uso tópico na forma de champôs, loções capilares ou cremes e, em alguns casos, medicamentos por via oral.

Nos adultos, o tratamento do couro cabeludo envolve:

Champôs antifúngicos com cetoconazol, pirotionato de zinco e ciclopirox olamina, que podem ser usados diariamente ou em lavagens alternadas conforme a atividade da doença. Podem também ser usados como manutenção (uma vez por semana), para evitar recidivas;

Champôs com derivados de alcatrão, que podem ser usados da mesma forma que os antifúngicos;

Champôs com propionato de clobetasol – reservados para os casos mais intensos. Deve ser usado por um período máximo de 4 semanas.

Corticosteroides tópicos: o propionato de clobetasol (potência muito alta), valerato de betametasona (potência alta), e a desonida e hidrocortisona (potência baixa) estão disponíveis em forma de loção (ou solução) capilar, para facilitar a aplicação.

Devem ser reservados para casos moderados a graves, evitando-se a aplicação por períodos prolongados (duas semanas).

Óleo mineral salicilado – utilizado quando há presença de escamas aderidas ao couro cabeludo do doente.

No tratamento da face e do corpo são utilizados:

Antifúngicos tópicos – o cetoconazol é a primeira escolha para o tratamento das lesões na face e no corpo.

Deve evitar-se o uso de corticoides tópicos de alta potência nestas lesões por haver frequentemente recidiva, logo após a suspensão do tratamento. Pode optar-se pelo uso de hidrocortisona 1% em creme ou desonida 0,05% em creme, por até 2 semanas.

Os inibidores da calcineurina como o pimecrolimus e o tacrolimus são os mais indicados para uso nas lesões da face, pois não possuem os efeitos adversos dos corticoides, podendo ser utilizados por um período mais prolongado de tempo (até 12 semanas).

Na criança, muitas vezes, a doença é autolimitada reaparecendo apenas na idade adulta. Pode ser tratada apenas com o uso de emolientes leves, devendo evitar-se o uso de ceratolíticos ou corticoides potentes.

No couro cabeludo:

O óleo mineral deve ser usado para a remoção das escamas aderidas no couro cabeludo e supercílios dos bebés. Para a lavagem deve optar-se por champôs neutros.

Tal como nos adultos, os champôs antifúngicos com cetoconazol devem ser usados para os casos mais extensos, em crianças na idade escolar. Já os corticoides tópicos como a hidrocortisona ou a desonida loção capilar, devem ser utilizadas pelo menor período de tempo possível, apenas para casos extensos.

Para o tratamento da face e do corpo:

O cetoconazol 2% creme é a primeira escolha para lesões persistentes na infância.

Os corticoides tópicoshidrocortisona 1% e desonida 0,05% – em creme devem ser reservados para casos com eritema e prurido intensos, sendo utilizados por um período máximo de 10 dias.

Os inibidores da calcineurinapimecrolimus 1% (crianças maiores de 6 anos) e tacrolimus 0,03% (maiores de 2 anos) e 0,1% (maiores de 12 anos) – são uma boa opção terapêutica pois não possuem risco de atrofia cutânea.

Não existe uma forma de prevenir o desenvolvimento ou o reaparecimento da DS.

As palavras de ordem aqui são equilíbrio e tratamento medicamentoso correto, que dependerá da localização das lesões e da intensidade dos sintomas, alterar hábitos e eliminar os fatores reguladores como má alimentação, tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.

Cuidados especiais de higiene, como o uso de champô adequado ao tipo de pele, tornam o tratamento mais fácil e de resolução mais rápida. Também para ajudar na melhoria dos sintomas não convém tomar banhos muito quentes; deve enxugar-se bem antes de se vestir; usar roupas que não retenham o suor (os tecidos sintéticos são contraindicados); controlar o stress físico e mental e a ansiedade.

Estes hábitos devem acompanhar o doente ao longo de toda a vida uma vez que a DS se caracteriza por períodos de recorrência. Por fim, mas não menos importante, é o acompanhamento de um médico dermatologista, que deve vigiar a evolução da doença. Com a atenção devida e os cuidados certos conseguirá controlar o problema!

Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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