A conjuntura no início do século em nada se assemelha com a actual.
Percorremos um longo caminho desde os tempos de famílias abundantes, de partos em condições precárias de higiene, de uma elevada taxa de mortalidade infantil.
Ao longo destes cem anos, assistiu-se a uma mudança de mentalidades – alteração do papel da mulher, da criança e da família –, a uma melhoria das condições económico-sociais que permitiu uma melhor qualidade de vida e a avanços quase milagrosos da medicina que possibilitaram a redução da taxa de mortalidade infantil.
Porém, o preço a pagar pode ser muito caro, demasiado caro, nomeadamente para os países desenvolvidos que, paradoxalmente, se debatem com o problema de renovação de gerações.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, apenas se pode considerar um casal infértil quando este não consegue ter filhos após dois anos de tentativas sem métodos contraceptivos. Em Portugal recomenda-se que um casal procure um especialista caso não haja gravidez ao fim de dois anos ou de um ano se a mulher tiver mais de 30 anos.
Apesar de afectar gravemente os países desenvolvidos, estima-se que em todo o mundo cerca de 20% dos casais sejam inférteis.
Um terço deve-se a problemas femininos, outro terço deve-se a factores masculinos e nos restantes 40% dos casos ambos os factores estão presentes ou ficam a dever-se a causas idiopáticas. Em Portugal, cerca de 10% dos casais são inférteis e a tendência é para aumentar.
Inicialmente, as opções terapêuticas de um casal nem sempre são claras, pois existem muitos factores em jogo.
Para detectar problemas no homem recorre-se ao espermograma e à espermocultura.
Já os testes para diagnosticar problemas nas mulheres são um pouco mais complexos.
Para descobrir se as causas são ovulatórias faz-se uma análise das curvas de temperatura basal, análises hormonais e ecografias.
Realiza-se um teste pós-coital para detectar se a origem é cervical e realizam-se ecografias, histerossalpingografias, histeroscopias e laparoscopias para ver se as causas são uterinas ou tuboperitoneais.
Esta investigação "é feita de forma hierarquizada, tendo em conta as diferentes causas apontadas".
Poderá ser ainda realizado um teste de pesquisa de anticorpos e de infecções, como clamídia e a tuberculose genital, a ambos os elementos, para descobrir se as causas advêm de uma deficiência imunitária.
Infertilidade masculina
Um homem saudável produz mais de 100 milhões de espermatozóides em cada ejaculação. A maioria morre ou perde-se pelo caminho, uma vez que a viagem até ao óvulo é extremamente árdua.
Deste modo, as hipóteses de fecundação de um óvulo são menores para um homem cuja ejaculação contenha apenas 20 milhões de espermatozóides. Esta é uma das causas de infertilidade ou subfertilidade – a oligospermia.
A espermatogénese pode ser afectada por vários factores, desde hormonais – problemas na hipófise, na tiróide ou na supra-renal, glândulas responsáveis pela produção de espermatozóides –, bem como por problemas congénitos nos testículos ou provocados por medicamentos. A varicocele afecta, igualmente, a espermatogénese.
Problemas no sistema imunitário, cistos, alterações congénitas nas vesículas seminais, vasectomias, cicatrizações de infecções e uma ejaculação retrógrada devido a acidentes ou cirurgia da próstata podem causar uma configuração anormal dos espermatozóides, dificuldades na sua motilidade e, em casos mais graves, a azoospermia.
Para além dos factores genéticos e hormonais existem os ambientais. Deste modo, um homem fértil pode-se tornar infértil em poucos anos. O abuso de drogas, como o haxixe e a cocaína, podem levar à infertilidade em menos de 3 anos. Já o consumo crónico de álcool e de tabaco pode provocar "modificações dos padrões espermáticos" e pode inibir a espermatogénese, respectivamente.
Com os avanços da medicina, nomeadamente com utilização da Injecção Intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI) – uma técnica que veio revolucionar esta área da medicina –, muitos deste problemas conseguem ser solucionados.
As terapias iniciais podem incluir, em primeiro lugar, uma mudança de alguns hábitos, para tornar a vida do futuro pai mais saudável.
Para tratar infecções e perturbações hormonais pode-se recorrer a fármacos, como antibióticos, citrato de clomifeno e gonadotrofinas.
Situações como a varicocele ou vasectomia costumam requerer uma cirurgia.
Relativamente aos tratamentos de procriação medicamente assistida, existe a fertilização in vitro, a ICSI, a extracção testicular de espermatozóides, ou biópsia testicular, (TESE) e a inseminação artificial quer proveniente do cônjuge (IAC) quer de um doador (IAD).
No caso da azoospermia, algumas situações são passíveis de serem tratadas. Porém, se não houver produção de espermatozóides, o casal pode optar por inseminação artificial IAD ou pela adopção.
Infertilidade feminina
Até aos 35 anos, a mullher tem 20 a 25% de hipóteses de engravidar. Depois, as probabilidades diminuem, "de tal maneira que aos 38/39 anos a probabilidade baixa para os 10%". Isto deve-se ao número limitado de produção de óvulos. Nos primeiros anos de maturidade reprodutiva, a mulher produz até 400 mil óvulos. Aos 40 anos já só gera 50 mil. Se juntarmos a este factor-idade outras causas como falhas de ovulação, obstrução de trompas, doenças uterinas, a não favorabilidade do muco cervical, endometriose e aborto de repetição, alguns fármacos, problemas de peso e consumo de tabaco e álcool, a situação pode-se complicar ainda mais.
Porém, os especialistas dizem que "o tratamento da infertilidade é uma história de sucesso".
Para cada problema costuma existir uma solução. Deste modo, se a mulher sofrer de problemas ovulatórios, as terapias incluem a indução da ovulação e o uso de fármacos.
O tratamento para a alteração do muco cervical pode incluir o uso de medicamentos para tratar algum tipo de infecção e o uso de estrogénios. Posteriormente, pode utilizar-se a inseminação artificial, a fertilização in vitro e a microfertilização.
As anomalias uterinas podem envolver a realização de cirurgias quer por via laparoscópica quer por laparotomia.
Quando a mulher sofre de endometriose pode-se recorrer à cirurgia, a fármacos, para atenuar as consequências da endometriose e, posteriomente, pode-se recorrer à inseminação artificial ou à fertilização in vitro.
Ambos, homens e mulheres, podem congelar o seu esperma e os seus gâmetas, respectivamente. Um método eficaz de preservação de fertilidade para o futuro.
A infertilidade não é um problema só destes casais. A infertilidade é um problema de todos nós. Da tomada de consciência para este problema pode depender a sobrevivência humana.
É necessário criar asas para que a cegonha possa voar. Asas que podem ser de incentivo para que os casais tenham filhos mais cedo – como benefícios fiscais, mais facilidades na compra de habitação, entre outros – ou a nível da comparticipação dos medicamentos para os tratamentos de fertilidade.
Por isso, é fundamental que os governos incluam nos seus programas medidas corajosas, tendentes a incentivar a natalidade, a exemplo do que tem vindo a ser feito por outros países europeus.
Os métodos contraceptivos permanentes necessitam de uma cirurgia e têm como objetivo tornar o homem ou a mulher estéreis de forma permanente. Os procedimentos mais comuns são a vasectomia e a laqueaçã...
A disforia pós-sexo é um fenómeno que envolve sentimentos de desconforto, ansiedade ou insatisfação que por vezes se manifestam imediatamente após a atividade sexual consentida.
A vacinação continua a ser o melhor meio de proteção contra o vírus, com uma proteção mais eficaz contra doenças mais graves, embora o seu efeito protetor diminua com o passar do tempo.