DETOX

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DIETA E NUTRIÇÃO

  Tupam Editores

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Nas férias fazemos questão de nos libertarmos da rotina do dia-a-dia. O stress do trabalho desvanece-se e o biorritmo altera-se, muitas vezes devido à mudança dos horários de dormir e acordar que, consequentemente, implicam uma alteração na periodicidade das refeições.

Uma redução dos níveis de stress é sempre benéfica, tanto a nível psicológico como fisiológico, mas pode implicar uma tendência para excessos alimentares e, por vezes, um consumo atípico e exagerado de álcool.

Quando pensamos em alimentação nas férias, ocorre-nos tudo o que sabe bem e nos dá prazer e que não faz parte da rotina. Não há nada de errado nisto, e se as férias foram instituídas para desfrutar, porque não um pouco de gula na alimentação?

Desde que exista controlo nas porções de alimentos e se soubermos parar no momento certo, podemos aproveitar a vida e manter o peso controlado. De contrário, quando as férias terminam os excessos revelam-se, e esse é o primeiro stress com o qual nos deparamos ao voltar à rotina diária.

Para recomeçar com mais energia e eliminar mais rapidamente os "estragos" das férias as estratégias variam e vão desde a inscrição num ginásio às famosas dietas, que tudo prometem e vão mudando com os tempos. Atualmente uma das mais seguidas e populares é a de desintoxicação, ou Detox.

De onde surgiu essa ideia de desintoxicar o corpo ninguém sabe ao certo, já que foi uma coisa que se espalhou à velocidade da luz, mas existem indícios de pessoas com noções de consumo tóxico desde o Antigo Egipto. Na altura acreditava-se que o consumo de alguns alimentos específicos maculava o corpo e, por essa razão, precisava de passar por uma "purificação".

Ainda hoje se acredita muito na desintoxicação como purificação física, para que a purificação espiritual possa ocorrer. Algumas religiões ainda utilizam algumas técnicas detox. Essa "limpeza" sempre esteve associada à última limpeza geral de corpo e alma, que permitia aos religiosos estarem mais próximos dos seus espíritos e, consequentemente, mais próximos de Deus.

Mas foi nos Estados Unidos que surgiu a dieta detox tal como hoje a conhecemos.

Várias celebridades têm emprestado nome e fama à divulgação dessas dietas e dos produtos com elas relacionadas, fazendo propaganda, conscientemente ou não, desse método de "melhoria" do funcionamento do organismo. Além disso, profissionais de diversas áreas (nutricionistas, dietistas e outros médicos, educadores físicos, fisioterapeutas, enfermeiros) também as recomendam aos seus pacientes e alunos.

As receitas são aos milhares – e todos os dias são criadas novas. A variedade de menus é também grande: há cardápios à base de sumos/batidos, smoothies, sopas, chás e também alimentos sólidos.

A detox anda na boca do mundo! Por todo o lado se encontram novos produtos designados "Detox" e quase diariamente são escritas opiniões favoráveis e desfavoráveis sobre o assunto, que convém conhecer.

Moda, vigarice ou com futuro? A opinião da ciência

A dieta detox (abreviatura de desintoxication, em inglês), também conhecida por desintoxicante ou depurativa é, na sua essência, uma dieta focada em facilitar e potencializar a eliminação das toxinas e impurezas que se vão acumulando no organismo através da alimentação e da exposição ao meio ambiente e aos poluentes em geral.

A quantidade de tóxicos ambientais a que estamos expostos não tem parado de aumentar desde a segunda metade do século XX e o organismo não teve ainda tempo para se adaptar a estas mudanças; as toxinas vão-se acumulando no corpo, afetam o funcionamento dos órgãos internos e favorecem o desenvolvimento de doenças.

O estilo de vida moderno expõe-nos a um ambiente cada vez mais complexo (e corrosivo) de tal forma que os nossos sistemas de desintoxicação têm de trabalhar a dobrar para conseguirem processar as toxinas a que estamos expostos no dia-a-dia, e a verdade é que muitos já excederam a sua capacidade natural de desintoxicar.

Existe um consenso entre diversas medicinas complementares, que considera que o excesso de substâncias tóxicas no organismo humano é uma das principais causas de doença e perda de qualidade de vida. No que respeita aos programas detox, a grande maioria dos profissionais da saúde considera as terapias alimentares de desintoxicação uma "pseudociência" baseada numa interpretação errada dos princípios fisiológicos que está disseminada na internet e se baseia totalmente em relatos e testemunhos dos seus defensores, mas sem nenhuma base científica.

Também para o investigador Edzard Ernst, da Exeter University, a desintoxicação é um conceito pseudomédico, pois o corpo já tem as ferramentas necessárias para "limpar" o organismo. Se assim não fosse, se realmente não pudéssemos eliminar as toxinas que se acumulam no corpo, já estaríamos mortos ou sob sérios cuidados médicos.

E relembra um estudo realizado em 2009 pela organização britânica Sense about Science que contactou empresas de 15 produtos desintoxicantes vendidos em farmácias e supermercados, desde suplementos alimentares a champôs, para entender como funcionavam os seus produtos. Quando os cientistas pediram provas científicas que demonstrassem os efeitos da detox, nenhuma das empresas conseguiu definir com exatidão como a sua ação produzia efeitos sobre o organismo.

Para o investigador, a dieta detox é a exploração criminosa do homem comum sobre algo que todos gostávamos de ter – um remédio simples que nos libertasse dos nossos "pecados".

Ainda assim, apesar de os programas de desintoxicação desde sempre tenham sido vistos com ceticismo pela medicina moderna, como em tudo na vida, existe um ponto de equilíbrio. Nem as dietas detox são a solução para todos os males, nem algo que nos faz tanto mal, que não devamos de todo seguir.

Como funciona: os alimentos permitidos e os proibidos do cardápio

Atualmente a maioria das pessoas encontra-se com o organismo intoxicado e inflamado, o que origina aumento de peso com facilidade e dificuldade em responder às dietas de emagrecimento. Para limpar o organismo e eliminar esses problemas, a alimentação desintoxicante tem sido a alternativa. Mas, afinal, como funciona essa dieta, se assim se pode chamar?

Antes de mais, a detox consiste em limitar o contacto com toxinas. É importante referir que as toxinas não estão presentes apenas nos alimentos, mas também no ar poluído, medicamentos, álcool, corantes, aditivos químicos e até nos cosméticos, como cremes e perfumes. Acumulam-se nos tecidos do corpo, e nas células de gordura, bloqueando os sinais de saciedade.

Além do aumento de peso e da dificuldade para o perder, as toxinas geram problemas de pele, dor de cabeça, distensão abdominal, flatulência, obstipação, perda de memória, e aumentam a probabilidade de desenvolvimento de várias doenças.

É verdade que o próprio organismo executa diariamente um processo de desintoxicação, mas a quantidade de toxinas a que se está exposto hoje em dia é muito maior do que a capacidade física para as eliminar.

A desintoxicação ocorre principalmente no fígado (60 por cento) e no intestino (20 por cento), e a eliminação das toxinas dá-se através da urina, das fezes, do suor e da respiração, e é influenciada por alguns fatores como a genética, a idade, o uso de medicamentos, estilo de vida e alimentar, entre outros.

De realçar que um programa detox só deve ser iniciado após a avaliação de um nutricionista, que irá verificar se a pessoa tem necessidade de fazer o tratamento e se existe alguma contraindicação. Antes de mais o profissional deverá estabelecer quantos dias de desintoxicação são necessários para o seu corpo, recorrendo para o efeito a uma avaliação nutricional detalhada.

Existem programas de detox de dois, três, cinco, sete ou mais dias, mas a duração máxima pode ir até 21 ou 30 dias, não devendo, no entanto, ultrapassar este limite.

A detox nada mais é do que uma alimentação com princípios saudáveis e isenta de toxinas. Para ajudar o organismo na tarefa de eliminação das toxinas, é preciso ingerir os alimentos corretos e abrir mão dos que prejudicam ainda mais o processo.

Assim, no período de dieta detox estão proibidos os alimentos industrializados, farinha branca, açúcar (inclusive os adoçantes industrializados), doces, sal, café, carnes vermelhas, ovos, defumados, laticínios, enchidos, massas, bebidas alcoólicas e alimentos que contenham glúten (derivados do trigo).

Os alimentos permitidos e que devem estar presentes no período da dieta detox são: os integrais – ricos em fibras, vitaminas do complexo B e minerais (arroz integral, quinoa); as leguminosas – ricas em proteínas desempenhando um papel importante na construção e manutenção dos tecidos (feijão, grão de bico, lentilha, ervilha); os peixes – fornecem proteínas em quantidades equivalentes à carne vermelha além de oferecerem grandes quantidades de ómega-3, uma gordura benéfica para a saúde com ação anti-inflamatória; as frutas, legumes e verduras – fornecem ao organismo vitaminas e minerais, que desempenham funções importantes e também são fontes de fibras; as sementes, como a linhaça, a chia, e as castanhas; e os chás de ervas – contribuem para a diminuição da retenção líquida, devido seu efeito diurético.

Durante a desintoxicação a ingestão de líquidos, principalmente água, é de máxima importância, para que as impurezas sejam eliminadas do organismo além de ser essencial para a manutenção geral do corpo.

É igualmente recomendável descartar medicamentos que não sejam estritamente necessários, dormir bem, não stressar, não fumar, evitar o uso do microondas e de produtos de limpeza e cosméticos muito concentrados.

Apesar de uma das principais promessas da dieta detox ser o emagrecimento rápido, o seu principal objetivo não é a perda de peso e sim o equilíbrio do organismo. O processo de emagrecimento é apenas uma consequência. Mas será o (tão almejado) emagrecimento a única consequência desta dieta?

Os benefícios e os riscos da dieta detox

É um dado adquirido que o consumo de frutas e hortaliças por grande parte da população é ínfimo, e que apenas cerca de 22 por cento ingere a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Já o consumo de gordura saturada, a mais prejudicial para a saúde, atinge 31,5 por cento da população e os refrigerantes têm um público fiel, que consome as bebidas açucaradas pelo menos cinco vezes por semana. Não é por isso de admirar que com tão maus hábitos alimentares a saúde da população se deteriore cada vez mais.

Isto torna a dieta detox não só benéfica mas extremamente necessária, pois ela vai, a curto prazo, eliminar as toxinas e estimular os órgãos e sistemas, produzindo uma reprogramação do organismo.

Esta reprogramação melhora a saúde intestinal, essencial para a saúde de todo o organismo; melhora o funcionamento do fígado – por exemplo doentes com esteatose hepática, acúmulo de gordura no fígado, melhoram o seu quadro clínico –, e a manutenção de outros órgãos, como os rins; auxilia na prevenção da hipertensão, hipercolesterolemia e diabetes; reduz a acne e a celulite; melhora o cabelo e as unhas; reduz e até elimina dores de cabeça e enxaqueca; predispõe a um sono tranquilo e de qualidade; fornece mais energia e bem-estar ao acordar e no fim da tarde; melhora a alimentação através da experimentação de novos alimentos e preparações saborosas e saudáveis, e pode mesmo induzir a pessoa a seguir um estilo de vida mais saudável.

Mas atenção! Um programa detox não deve nunca ser iniciado sem o acompanhamento e orientação de um nutricionista. Somente este profissional pode indicar e programar esse tipo de dieta pois, feita de forma errada, ao invés de beneficiar, pode comprometer o estado geral da saúde.

Além disso, mulheres grávidas ou na menopausa, crianças, adolescentes na fase da puberdade, diabéticos, pessoas com propensão para hemorragias, que sofram de anemia e com doenças crónicas, entre outros problemas, devem evitar dietas radicais.

Um fator que deve ser levado em consideração é o facto de que quando se inicia uma dieta desintoxicante à base de líquidos, se passa a consumir uma quantidade de calorias diárias bastante inferior ao que era habitual, e essas calorias podem não ser suficientes para suprir as necessidades energéticas – originando um grande mal estar, fadiga, fraqueza, dores de cabeça, tonturas e pouca vontade para realizar as tarefas diárias.

Algumas pessoas chegam mesmo a desmaiar devido à exclusão do consumo de hidratos de carbono, pois eles representam uma importante fonte de energia corporal.

A restrição de gorduras pode comprometer a absorção de vitaminas lipossolúveis, e uma drástica e prolongada limitação de proteínas pode prejudicar a formação de hormonas e reparação de tecidos, assim como ter impacto sobre os níveis de ferro, favorecendo o desenvolvimento de anemia. O excesso de líquidos também não é benéfico, uma vez que o controlo de eletrólitos (sódio e potássio) no organismo, feito pelos rins, pode sofrer um desequilíbrio e aumentar a eliminação de água.

A nível calórico, uma restrição severa altera o metabolismo de forma inesperada e, a partir de um programa de 5 dias, corre-se o risco de entrar em estado de hipoglicemia.

Os riscos da dieta podem ser maiores ou menores dependendo da sua duração. Um ou dois dias em dieta, ainda que radical, pode não ser prejudicial para a maioria dos adultos. Porém, a ingestão de alimentos altamente laxativos pode conduzir a desidratação e destruir os microrganismos que desempenham as funções digestivas essenciais.

Caso o tempo em dieta seja muito longo, podem surgir problemas maiores juntamente com a perda de peso, como o desenvolvimento de acidose metabólica. A acidose metabólica é um desequilíbrio entre os elementos básicos e ácidos do organismo, que pode resultar na acidificação do sangue, levando a um estado de coma ou até à morte.

Tal como tudo na vida, a dieta desintoxicante tem benefícios e riscos que é preciso repensar. São muitos os métodos que prometem resultados rápidos e milagrosos, mas deve ter-se atenção às "dietas de emergência" (depois das férias, Natal ou aniversário).

Não adianta fazer dieta detox (da lua, do sol, ou das estrelas...) por uma, ou duas semanas, se não se mudarem e mantiverem os hábitos alimentares durante o resto do ano. Não será fantasiar excessivamente se acharmos que a desintoxicação – por mais bem sucedida e benéfica que seja – vai resolver todos os nossos problemas, depois de anos de uma alimentação errada?

A alimentação é a base da vida. Como tal, fazer uma alimentação saudável deve ser uma preocupação permanente e não de dias, ou semanas. Há que substituir os maus hábitos e manter os bons. Deveremos pensar nisso seriamente, investindo na saúde física para ter uma mais saudável saúde mental.

Ver mais:
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Autor:
Tupam Editores

Última revisão:
09 de Abril de 2024

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