Vaporizar durante a gravidez prejudica as mães e os bebés
Vaporizar, ou usar cigarros eletrónicos (e-cigarros), surgiu como uma alternativa “segura” ao tabaco tradicional nas duas últimas décadas, tendo-se chegado a pensar que podia ser uma ferramenta para deixar de fumar, sabe-se agora que não é o caso.
Uma equipa de investigadores da Universidade de Alberta, no Canadá, lançou um aviso de que os cigarros eletrónicos não são uma alternativa segura ao tabaco durante a gravidez. Publicado recentemente no Journal of Hazardous Materials, o estudo permitiu concluir que o uso de e-cigarros durante a gravidez está associado a resultados prejudiciais tanto para as mães como para os seus bebés.
A equipa reviu evidências de estudos de todo o mundo, sendo que 23 desses estudos incluíram 924.376 participantes, dos quais 7.552 relataram o uso exclusivo de vaporizador durante a gravidez.
As evidências mostraram que os e-cigarros no pré-natal estavam associados a 53% mais probabilidade de um resultado adverso para as mães – particularmente diminuição do período de amamentação e redução do cuidado pré-natal –, em comparação com mulheres que não fumavam ou vaporizavam durante a gravidez.
Os e-cigarros durante a gravidez também foram associados a 53% mais probabilidade de resultados adversos para os recém-nascidos – que incluía baixo peso ao nascer, parto prematuro e tamanho reduzido para a idade gestacional –, e todos aumentam a probabilidade de problemas como tensão alta, obesidade, diabetes e problemas respiratórios mais tarde na vida.
A verdade é que o feto é extremamente sensível a produtos químicos ambientais presentes no sangue da mãe. Isso pode interferir na divisão celular, um processo incrivelmente delicado. Trata-se de produtos químicos teratogénicos, o que significa que podem ser tolerados pelos adultos, mas não pelo feto.
Os mecanismos subjacentes por trás dos danos não estão claros na investigação, mas os cigarros eletrónicos contêm metais pesados perigosos, como chumbo, cádmio e níquel, assim como outros aditivos como polietilenoglicol e diacetil, um agente aromatizante artificial. Além disso, alguns produtos químicos que são seguros para ingestão podem não ser seguros quando vaporizados e inalados nos pulmões.
O vaporizador foi criado como uma ferramenta para ajudar a deixar de fumar e algumas mulheres acreditam que é uma alternativa segura ao tabaco durante a gravidez, o que não é verdade. Segundo os investigadores, os resultados do estudo deveriam contribuir para desenvolver campanhas de saúde pública, regulamentar a publicidade e venda de cigarros eletrónicos e executar programas educacionais para os profissionais de assistência médica.