Um estudo transversal, publicado online no JAMA Psychiatry, avaliou as diferenças na frequência do uso de cannabis e na prevalência de TUC em casos de uso exclusivamente medicinal (ou seja, todo o uso de cannabis recomendado por profissionais de saúde) e uso medicinal-não medicinal vs. uso exclusivamente não medicinal.

A análise incluiu dados de 72.668 participantes nas Pesquisas Nacionais sobre Uso de Drogas e Saúde de 2021 a 2022, todos adultos, com idades compreendidas entre os 18 e os 49 anos, a faixa etária com a maior prevalência de uso de cannabis.

A equipa – composta por Beth Han, do National Institutes of Health em Bethesda, Maryland, e colegas –, descobriu que os adultos que relataram uso exclusivamente medicinal ou uso medicinal-não medicinal de cannabis podem ter maior prevalência de TUC do que aqueles que relataram uso exclusivamente não medicinal.

Os resultados revelaram que 29,5% dos entrevistados relataram uso de cannabis no ano anterior: 83,7% para uso somente não medicinal, 9,2% para uso somente medicinal e 5,7% para uso medicinal-não medicinal. Mais de um terço (34,8%) tinha TUC.

Observou-se uma prevalência ajustada maior de TUC grave, moderada e leve entre homens e mulheres de 18 a 34 anos e homens de 35 a 49 anos que relataram uso apenas medicinal ou medicinal-não medicinal versus aqueles que relataram apenas uso não medicinal. Os adultos que relatavam uso apenas medicinal ou medicinal-não medicinal tiveram mais dias de uso de cannabis do que aqueles que relatavam apenas uso não medicinal.

Segundo os especialistas, os médicos devem considerar o risco de dependência antes de recomendar cannabis medicinal e, se o fizerem, devem monitorizar o surgimento de TUC – uma condição psiquiátrica caracterizada pelo uso problemático e persistente de cannabis, que leva a prejuízos funcionais e sofrimento significativo.