Dia Europeu da Enxaqueca: é urgente combater o desconhecimento
Assinala-se hoje, 12 de setembro, o Dia Europeu da Enxaqueca. Em Portugal, estima-se que duas em cada sete pessoas sofram desta doença, considerada a principal causa de incapacidade de origem neurológica em todo o mundo, superior a doenças como Alzheimer ou epilepsia.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
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Popularmente conhecida por dor de cabeça, a cefaleia é um problema muito frequente e uma das queixas mais comuns nas consultas de clínicos, pediatras ou neurologistas. LER MAIS
A enxaqueca é muito mais do que uma dor de cabeça forte. Na verdade, é uma doença neurológica que tem associada à dor de cabeça muitos outros sintomas, que incapacitam muito a pessoa. A dor afeta tipicamente um lado da cabeça, é pulsátil (como se fosse um “coração a bater”) e vem acompanhada de náuseas/vómitos. Normalmente as pessoas são intolerantes a estímulos luminosos, ao barulho, a determinados cheiros e a dor pode ainda agravar com certos movimentos e esforços físicos.
A enxaqueca pode ainda ser precedida de aura, um fenómeno caracterizado por: alterações visuais (perda de metade do campo visual ou flashes luminosos), dificuldade na produção do discurso, alterações da sensibilidade (formigueiros ou dormências) ou da força muscular nos membros. O problema é que estes sintomas nem sempre são associados à enxaqueca.
Quem sofre de enxaquecas tem de lidar com o desconhecimento geral do que é efetivamente a doença e os seus sintomas, o que faz com que a própria pessoa, por vezes, acabe por a desvalorizar, não passando toda a informação ao médico.
O diagnóstico é muito baseado na história clínica da pessoa, uma vez que não existem propriamente exames específicos para detetar que alguém tem enxaqueca. Assim, está-se muito dependente da forma como o doente explica os seus sintomas ao médico e da forma como eles são entendidos pelo profissional de saúde. E isto faz toda a diferença, na medida em que um diagnóstico precoce aumenta a eficácia do tratamento.
A terapêutica da enxaqueca assenta em duas abordagens: tratamento sintomático das crises e tratamento preventivo. O primeiro tem como objetivo eliminar a dor. O doente deverá procurar um local calmo e escuro e, se necessário, utilizar fármacos como analgésicos ou anti-inflamatórios. Se as crises se tornarem muito frequentes ou de grande intensidade poderá ser instituído um tratamento profilático, ou seja, um tratamento para prevenir a sua recorrência. Nesta fase deverá procurar ajuda junto do médico de família ou neurologista.
Importantes são, também, as medidas não farmacológicas, que permitem controlar os fatores desencadeantes das crises e melhorar a qualidade de vida do doente. A aquisição de estilos de vida saudável, como a prática de exercício físico regular e a adoção de uma boa higiene do sono são fundamentais. Fazer uma alimentação cuidada, evitando longos períodos de jejum e potenciais alimentos precipitantes (como chocolate, citrinos, condimentos ou bebidas alcoólicas, como o vinho tinto) é igualmente importante.
É urgente combater o desconhecimento associado à enxaqueca. Não só a nível individual, para que as pessoas consigam elas mesmas perceber quais os sintomas associados e, com isso, transmitir uma melhor imagem à classe médica e possibilitar um diagnóstico mais célere, mas também ao nível empresarial.
Isto porque a consequência da enxaqueca vai além das horas ou dias em que a pessoa fica incapacitada, ou o custo financeiro associado ao pagamento dos tratamentos. Há também que contar com o custo para as empresas que “perdem” – embora temporariamente – um funcionário.