Estudo revela que dieta cetogénica pode aumentar colesterol LDL
A dieta cetogénica pode ter efeitos duradouros no microbioma intestinal e na saúde cardiovascular, de acordo com um estudo publicado na Cell Reports Medicine.
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COLESTEROL
A palavra colesterol já faz parte do vocabulário comum e quase sempre transmite uma má conotação. Contudo, existem vários tipos de colesterol, uns maus e outros essenciais às nossas funções vitais. LER MAIS
As dietas cetogénicas são caracterizadas pela redução significativa da ingestão de hidratos de carbono e pela ênfase no consumo de gordura, o que força o corpo à cetose. Uma dieta cetogénica típica tem uma necessidade elevada de gordura, que pode incluir 165 gramas de gordura numa dieta diária de 2.000 calorias e fornece até 90% das calorias diárias. A proteína é outra parte deste tipo de dietas, mas há pouca discriminação entre fontes de proteína magra e aquelas ricas em gorduras saturadas.
Não são, portanto, adequadas a todos os indivíduos e estão associadas a vários riscos potenciais à saúde, incluindo deficiência de nutrientes – devido à diminuição da ingestão de frutas e vegetais, que são fontes necessárias de vitaminas, minerais, antioxidantes e fibras –, problemas de fígado e rins, obstipação e alterações de humor.
No estudo, os especialistas avaliaram 60 adultos saudáveis com idades compreendidas entre os 18 e os 65 anos que completaram ≥4 semanas de dieta. Destes participantes, 53 completaram a intervenção dietética de 12 semanas.
Os participantes foram divididos em três grupos com base na ingestão de hidratos de carbono autorrelatada: um grupo cetogénico, que relatou menos de 8% das calorias diárias de hidratos; um grupo com baixo teor de açúcar, que relatou menos de 5%; e um grupo de controle, que relatou aproximadamente 18%.
A equipa de investigação verificou que na semana 4 os participantes do grupo cetogénico reduziram a glicemia de jejum e aumentaram as concentrações de apolipoproteína B, proteína C-reativa e glicerol pós-prandial.
Às 12 semanas não houve um impacto significativo na saúde cardiovascular, mas registou-se uma diminuição sustentada na diversidade do microbioma intestinal. Por outro lado, os participantes da dieta com baixo teor de açúcar obtiveram reduções na gordura corporal e no colesterol total, especialmente no colesterol LDL (também conhecido por mau colesterol), sem impacto negativo no microbioma intestinal.
Os dados permitiram concluir que uma dieta com baixo teor de açúcar estava associada a efeitos mínimos no metabolismo ou no microbioma intestinal e a uma diminuição significativa no colesterol LDL.
Já a dieta cetogénica foi associada à diminuição da tolerância à glicose, à redução de bactérias intestinais “boas”, ao aumento dos níveis de colesterol LDL e outros marcadores associados ao risco de doenças cardiovasculares.
As descobertas reforçam as recomendações existentes que aconselham uma dieta com baixo teor de açúcar para reduzir o risco de doenças cardiovasculares e outras condições crónicas de saúde. Devido aos riscos potenciais associados à dieta cetogénica, esta poderá não ser um plano nutricional adequado a todos os pacientes.