Grávidas não precisam de interromper medicação para TDAH
O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é cada vez mais diagnosticado em mulheres e, consequentemente, mais mulheres em idade reprodutiva estão a tomar medicamentos, como a dexanfetamina, para o transtorno. No entanto, a segurança associada à continuação ou interrupção da dexanfetamina durante a gravidez não é clara.
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Para colmatar esta lacuna do conhecimento, uma equipa de investigadores da Universidade da Austrália Ocidental realizou um estudo para analisar se haveria razões para interromper a toma do medicamento nesta fase.
O estudo, publicado na revista Archives of Women's Health, incluiu uma coorte retrospetiva de base populacional de mulheres da Austrália Ocidental que receberam dexanfetamina durante a gravidez e deram à luz entre 2003 e 2018.
Um grupo de mulheres (n = 547) continuou a tomar dexanfetamina durante a gravidez e outro grupo (n = 297) interrompeu a sua toma antes do final do segundo trimestre. Foi ainda incluído no estudo um grupo de comparação correspondente (1:1) de mulheres (n=844) que receberam medicação para TDAH antes da gravidez, mas não durante a gravidez (não expostas).
Os investigadores constataram que as mulheres que pararam de tomar a medicação durante a gravidez tiveram maior probabilidade de ameaça de aborto em comparação com aquelas que mantiveram a dexanfetamina. Os resultados indicaram que continuar a tomar o medicamento não colocou as mulheres ou os seus bebés em maior risco de problemas de saúde.
Verificou-se ainda que também parecia haver benefícios associados à interrupção do uso de medicamentos antes da conceção, incluindo diminuição do risco de pré-eclâmpsia, hipertensão, hemorragia pós-parto, admissão na unidade de cuidados especiais neonatais e sofrimento fetal.
As não expostas mostraram alguns benefícios em comparação com o grupo das que continuaram a tomar o medicamento, o que sugere que, sempre que possível, é aconselhável interromper a dexanfetamina antes da gravidez.
De acordo com Dani Russell, principal autora do artigo, os resultados do estudo permitiram concluir que nem sempre é necessário interromper a medicação durante a gravidez, o que é bom, uma vez que a gravidez pode ser um período muito stressante para as mulheres com TDAH.