Este estudo foi o primeiro a investigar a associação entre a exposição à luz azul e a puberdade precoce em ratos machos, e esclarece como os fatores ambientais, como o tempo de écran, tem impacto na puberdade precoce e no tecido testicular, o que poderia eventualmente levar a futuras estratégias de prevenção nas crianças.

A puberdade precoce na maioria das crianças não tem uma causa óbvia. Às vezes deve-se à genética, ou há um problema no cérebro, como uma lesão ou tumor, ou nas glândulas tiroide, adrenal ou sexual.
Nos últimos anos, vários estudos relataram aumentos no início precoce da puberdade tanto para as meninas como para os meninos, particularmente durante a pandemia de Covid-19. Uma razão pode ser o aumento da utilização de dispositivos emissores de luz azul, mas isto é muito difícil de avaliar em crianças.

Durante o estudo, investigadores do Hospital Municipal de Ankara Bilkent e da Universidade Gazi, na Turquia, examinaram 18 ratos Sprague Dawley machos com 21 dias de idade, que foram divididos em três grupos de seis: um grupo controle (GC); Luz Azul-6 horas (LA-6) e Luz Azul-12 horas (LA-12).

Os ratinhos do GC foram mantidos com ciclos claro-escuro de 12/12 horas. Os ratinhos LA-6 e LA-12 foram expostos à luz azul durante 6 horas e 12 horas, respetivamente. Os animais foram expostos à luz azul até aos primeiros sinais da puberdade.

Os investigadores constataram que os primeiros sinais de puberdade ocorreram significativamente mais cedo nos ratinhos machos expostos à luz azul. As medianas dos dias de entrada puberal do GC, LA-6 e LA-12 foram 38º, 30º e 28º dias, respetivamente.
Quanto mais tempo os animais foram expostos à luz azul, mais cedo começou a puberdade, além disso, a espermatogénese foi suprimida e a dilatação capilar e o edema no tecido testicular aumentaram.

Segundo o Dr. Aylin Kılınç Uğurlu, do Hospital Municipal de Ankara Bikent, descobriu-se pela primeira vez uma relação direta entre a exposição à luz azul e a puberdade precoce em ratos machos. Estas descobertas estão em consonância com um trabalho anterior realizado em ratos fêmeas, que já havia mostrado efeitos semelhantes, o que proporciona uma visão mais abrangente de como a luz azul pode influenciar a puberdade em ratos machos e fêmeas.

O investigador principal salienta que, embora as descobertas sugiram que a exposição à luz azul pode ser potencialmente um fator de risco para o início precoce da puberdade, são necessárias mais estudos. Até porque este estudo foi realizado em ratos, pelo que os resultados diretos não podem ser interpretados em humanos.
Ainda assim, criou-se uma base experimental para investigar melhor as consequências para a saúde do tempo cada vez maior de écran da sociedade moderna.