Nutracêuticos: comprimidos de arroz vermelho e colesterol
Uma alimentação demasiado rica em gorduras, o excesso de peso e um estilo de vida sedentário são alguns dos fatores que provocam o aumento do colesterol no sangue. A hipercolesterolemia é um fator de risco cardiovascular, ou seja, promove o desenvolvimento de doenças cardiovasculares como, por exemplo, o enfarte agudo do miocárdio, a insuficiência cardíaca ou o AVC.
DOENÇAS E TRATAMENTOS
COLESTEROL
A palavra colesterol já faz parte do vocabulário comum e quase sempre transmite uma má conotação. Contudo, existem vários tipos de colesterol, uns maus e outros essenciais às nossas funções vitais. LER MAIS
A primeira intervenção para reduzir e controlar os níveis de colesterol no sangue é simples e está ao alcance de todos: ter uma alimentação equilibrada e praticar exercício regularmente. No entanto, por vezes, mesmo com estas medidas não se conseguem atingir os resultados desejados, pelo que o médico pode recomendar a toma de medicação para controlar o colesterol.
Os medicamentos mais usados para controlar os níveis de colesterol são as estatinas. Mas serão os únicos com este efeito ou será possível substituir as estatinas por nutracêuticos, como o arroz fermentado vermelho?
Se nunca ouviu falar, o arroz fermentado vermelho é um nutracêutico que resulta da fermentação de arroz comum (Oriza sativa) pela levedura Monascus purpureus. Entre os compostos resultantes da fermentação do arroz encontram-se: pigmentos, que são responsáveis pela coloração vermelha intensa do arroz, e monocolinas, nomeadamente a monocolina K, cuja estrutura química é semelhante à da lovastatina – uma das estatinas menos potentes.
Comercializados por diversas marcas como suplementos alimentares, os comprimidos de arroz vermelho têm na sua composição a monocolina K. Muitas pessoas não elegíveis sob o ponto de vista clínico para fazerem medicação com estatinas recorrem à suplementação com arroz fermentado vermelho, como os comprimidos de arroz vermelho, para controlar os seus valores de colesterol.
Mas a toma de comprimidos de arroz vermelho coloca alguns desafios: a toma prolongada, a escolha do produto e o preço. Quanto à toma, é preciso aderir à suplementação com estes comprimidos de forma consistente e durante vários anos – não serve de nada fazê-lo apenas durante algumas semanas ou meses.
Além disso, as empresas que comercializam estes suplementos nem sempre adotam uma política de transparência em relação à dose de monocolina K presente nos comprimidos, que deve ser entre 3 e 10 mg. Acima desta dose poderá surgir toxicidade e abaixo desta os comprimidos não têm eficácia. De referir ainda que, entre os compostos presentes na fermentação do arroz existem alguns com ação tóxica.
Já o preço, feitas as contas, os comprimidos de arroz vermelho são várias vezes mais dispendiosos do que as estatinas habitualmente prescritas pelo médico e comparticipadas pelo sistema de saúde.
Ainda assim, se tiver valores elevados de colesterol, a suplementação com monocolina K, que existe nos suplementos preparados a partir da fermentação do arroz, pode ser uma alternativa para optimizar os níveis sanguíneos de colesterol.
No entanto, para a maioria das pessoas com colesterol elevado, as estatinas e outros medicamentos que têm uma eficácia comprovada na redução do colesterol, devem ser a primeira opção.
Caso considere ou pretenda iniciar a suplementação com comprimidos de arroz vermelho deve primeiro discutir a questão com o seu médico assistente para ter a certeza de que é a melhor opção para si. Não ponha a sua saúde em risco!