Estudo revela que lentes de contacto podem conter PFAS
Uma equipa da Environmental Health Services descobriu que as lentes de contacto podem ser uma fonte de substâncias perfluoroalquiladas – conhecidas como PFAS ou, mais informalmente, como produtos "químicos eternos”, uma vez que não se decompõem com facilidade.
A visão é um dos mais importantes sentidos. Sem ela sentimo-nos perdidos num mundo de escuridão. Por todo o mundo, cientistas lutam para encontrar novos tratamentos e erradicar as doenças oculares.
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As PFAS constituem uma vasta família de substâncias químicas sintéticas utilizadas, desde o final dos anos 40, em vários produtos (por exemplo, roupas, móveis, adesivos, embalagens e fios) e processos industriais. Estes compostos permanecem nos solos, nos reservatórios naturais de água e nos próprios organismos vivos. Isto porque apresentam ligações do tipo carbono-flúor, uma das mais fortes na química orgânica.
Importa referir que os PFAS estão associados a uma série de problemas como cancro, complicações fetais, doença hepática, doença renal e distúrbios autoimunes. O estudo, publicado no jornal Guardian, revelou que muitas lentes de contacto gelatinosas dos EUA são, em grande parte, compostas por estes produtos tóxicos e cancerígenos.
Foram testados 18 tipos populares de lentes de contacto e os investigadores descobriram níveis extremamente altos de flúor orgânico, um marcador de substância per e polifluoroalquila (PFA) em cada uma. O teste procurou vestígios de flúor orgânico em lentes das marcas Acuvue, Alcon e Coopervision, tendo o flúor sido detetado entre 105 partes por milhão (ppm) a 20.700 ppm.
Cerca de 22% tinham mais de 18.000 partes por milhão desse elemento, enquanto 44% das lentes tinham mais de 4.000 partes por milhão de flúor orgânico. Os resultados indicam que todas as lentes de contacto testadas excederam 100 ppm, o que equivale a 100.000.000 ppt, ou 50.000 vezes mais do que o nível mais alto considerado seguro na água potável pela EPA.
Segundo Scott Belcher, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, quase se podem considerar as lentes como puro PFAS. Até ao momento não está claro que tipo de efeitos a exposição às PFAS através das lentes de contacto têm na saúde, uma vez que não foram realizados estudos sobre como os olhos absorvem as PFAS das lentes.
Não existem evidências definitivas de que a exposição às PFAS esteja ligada a doenças oculares e se esses compostos persistentes podem decompor-se no olho, no entanto, como o olho é uma das áreas mais sensíveis do corpo humano, há motivos de preocupação com o facto de as lentes de contacto serem uma via de exposição.
