Riso pode ser tão eficaz quanto os colírios para o olho seco
A síndrome do olho seco é uma condição crónica que afeta cerca de 360 milhões de pessoas em todo o todo. Os sintomas mais comuns incluem ressecamento da superfície do olho, vermelhidão, ardor e comichão.
As evidências sugerem que a terapia do riso alivia a depressão, a ansiedade, o stress e a dor crónica, e ainda fortalece a função imunológica, sendo reconhecida como um tratamento complementar benéfico para várias condições crónicas, incluindo transtornos de saúde mental, cancro e diabetes.
A fim de descobrir se os benefícios da terapia do riso se estendem à síndrome do olho seco, uma equipa de investigadores da China e do Reino Unido decidiram avaliar a eficácia e a segurança da terapia em pacientes com sintomas da doença.
Participaram no estudo 283 indivíduos com idades compreendidas entre os 18 e 45 anos (idade média de 29; 74% mulheres) que foram avaliados para a síndrome do olho seco usando a pontuação do Índice de Doença da Superfície Ocular (OSDI) e selecionados aleatoriamente para receber terapia do riso ou um colírio de ácido hialurónico de sódio a 0,1% quatro vezes ao dia, durante oito semanas.
Da investigação foram excluídos indivíduos com condições oculares existentes, lesões, infeções ou alergias, e os que tinham usado lentes de contacto recentemente ou realizado algum tratamento para o olho seco.
O grupo da terapia do riso assistiu a um vídeo instrucional e foi pedido aos participantes que vocalizassem e repetissem determinadas frases 30 vezes por sessão de cinco minutos, utilizando uma aplicação móvel de reconhecimento facial para padronizar o exercício e melhorar os movimentos faciais.
O grupo do colírio (controle) aplicou as gotas de ácido hialurónico de sódio a 0,1% em ambos os olhos quatro vezes ao dia, durante oito semanas, e monitorizou a sua frequência de uso através da mesma aplicação.
Após as oito semanas ambos os tratamentos foram interrompidos e qualquer alteração nas pontuações de desconforto da superfície ocular foi medida nas semanas 10 e 12.
As descobertas, que foram publicadas no The BMJ, permitiram apurar que a pontuação média do OSDI às oito semanas foi 10,5 pontos menor (indicando menos desconforto) no grupo da terapia do riso e 8,83 menor no grupo de controle, com uma diferença média de -1,45 pontos, o que sugere que a terapia do riso não foi menos eficaz do que os colírios.
A terapia do riso também revelou melhorias significativas no tempo de ruptura lacrimal não invasivo (tempo necessário para o primeiro ponto seco aparecer na córnea após um piscar de olhos), função da glândula meibomiana (glândulas sebáceas que ajudam a evitar que as lágrimas evaporem muito rapidamente) e pontuações de saúde mental. Não se observaram eventos adversos em nenhum dos grupos de estudo.
Segundo os especialistas, os resultados sugerem que a terapia do riso não foi inferior ao ácido hialurónico de sódio a 0,1% na melhoria dos sintomas e sinais clínicos da doença do olho seco. Sendo uma intervenção segura, ecologicamente correta e de baixo custo, a terapia do riso pode servir como tratamento de primeira linha em casa para pessoas com doença do olho seco sintomática.