Endometriose: estudo genético revela pistas para um tratamento
Investigadores da Universidade de Queensland (UQ), na Austrália, contribuíram para o maior estudo genético da endometriose, encontrando novos dados sobre as variantes que aumentam o risco desta doença.
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A endometriose é uma doença caracterizada pela presença de tecido endometrial – que é o tecido que forra o útero por dentro da cavidade – fora da cavidade uterina. Afeta 1 em cada 9 mulheres em idade reprodutiva, ou 190 milhões de mulheres em todo o mundo, e pode causar dor pélvica constante e intensa, fadiga, depressão, ansiedade e infertilidade.
A investigação, publicada na revista científica Nature Genetics, incluiu dados do UK Biobank e do 23andMe e permitiu descobrir que os fatores de risco genético para a endometriose também estão associados a outros tipos de dor crónica, como enxaqueca, dor nas costas e dor em vários locais.
A Dra. Sally Mortlock e o professor Grant Montgomery, do Instituto de Biociência Molecular da UQ, em colaboração com investigadores da Universidade de Oxford e 24 equipas em todo o mundo, compararam o código de ADN de mais de 60.000 mulheres com endometriose e 700.000 mulheres sem a doença.
Embora se saiba muito pouco sobre as causas da endometriose, o estudo da genética pode dar pistas sobre os processos biológicos que são a base para o início e a progressão da doença.
Antes deste estudo, havia 17 regiões genéticas associadas à endometriose e agora existem 42 regiões com dados muito mais ricos, o que significa que é possível descobrir o que os genes nessas regiões fazem e identificar novos alvos para medicamentos, o que pode levar a novos tratamentos.
Normalmente, o diagnóstico de endometriose demora de 8 a 10 anos, portanto, ter dados genéticos mais detalhados coloca os investigadores numa posição melhor para acelerar esse processo. Segundo a Dra. Mortlock, a base genética partilhada para a endometriose e outros tipos de dor aparentemente não relacionada pode indicar “sensibilização” do sistema nervoso central. Isto torna as pessoas que sofrem de dor crónica mais propensas a outros tipos de dor.
Estas descobertas abrem novos caminhos para o tratamento da endometriose. Talvez, em alguns casos, se devam desenvolver tratamentos para a dor em vez de tratamentos hormonais, refere a especialista.